terça-feira, 10 de abril de 2012

Voz...




Cala-te ...

Cala-te, voz que duvida

e me adormece

a dizer-me que a vida

nunca vale o sonho que se esquece.

Cala-te, voz que assevera

e insinua

que a primavera

a pintar-se de lua

nos telhados,

só é bela

quando se inventa

de olhos fechados

nas noites de chuva e de tormenta.

Cala-te, sedução

desta voz que me diz

que as flores são imaginação

sem raiz.

Cala-te, voz maldita

que me grita

que o sol, a luz e o vento

são apenas o meu pensamento

enlouquecido….

(E sem a minha sombra

o chão tem lá sentido!)

Mas canta tu, voz desesperada

que me excede.

E ilumina o Nada

Com a minha sede.


(José Gomes Ferreira)