terça-feira, 28 de julho de 2009

Brecht, esse profundo conhecedor da realidade portuguesa

Dificuldade de governar

1

Todos os dias os ministros dizem ao povo
Como é difícil governar. Sem os ministros
O trigo cresceria para baixo em vez de crescer para cima.
Nem um pedaço de carvão sairia das minas
Se o chanceler não fosse tão inteligente. Sem o ministro da Propaganda
Mais nenhuma mulher poderia ficar grávida. Sem o ministro da Guerra
Nunca mais haveria guerra. E atrever-se ia a nascer o sol
Sem a autorização do Führer?
Não é nada provável e se o fosse
Ele nasceria por certo fora do lugar.

2

E também difícil, ao que nos é dito,
Dirigir uma fábrica. Sem o patrão
As paredes cairiam e as máquinas encher-se-iam de ferrugem.
Se algures fizessem um arado
Ele nunca chegaria ao campo sem
As palavras avisadas do industrial aos camponeses: quem,
De outro modo, poderia falar-lhes na existência de arados? E que
Seria da propriedade rural sem o proprietário rural?
Não há dúvida nenhuma que se semearia centeio onde já havia batatas.

3

Se governar fosse fácil
Não havia necessidade de espíritos tão esclarecidos como o do Führer.
Se o operário soubesse usar a sua máquina
E se o camponês soubesse distinguir um campo de uma forma para tortas
Não haveria necessidade de patrões nem de proprietários.
E só porque toda a gente é tão estúpida
Que há necessidade de alguns tão inteligentes.

4

Ou será que
Governar só é assim tão difícil porque a exploração e a mentira
São coisas que custam a aprender?

sexta-feira, 24 de julho de 2009

Foi longo o caminho


Hoje tive duas surpresas. Vá. Uma surpresa boa e uma má.
Qual querem que conte primeiro? A boa? Então lá vai.
Estava eu a lêr um jornal que sai às quintas-feiras que dá pelo nome de Avante!, e que é o único que em Portugal dá notícias verdadeiras sobre a luta dos trabalhadores, e sobre a acção do único partido político que os defende, o PCP, quando reparei num suplemento sobre os artistas que irão tocar à Festa do Avante!, no primeiro fim de semana de Setembro (dias 4, 5 e 6).
Sei de antemão ser este um dos melhores eventos culturais organizados neste país, único na forma e no conteúdo, que faz as delícias de militantes comunistas, simpatizantes, independentes, apartidários, jovens e velhos, homens, mulheres e crianças, e que durante três dias se vive algo único, que só quem lá vai é que entende que tem de lá voltar sem falta no ano seguinte.
Verifiquei, com agrado, que este ano irá actuar na Festa um cantor de intervenção português, daqueles que, à semelhança de um Zeca Afonso ou de um Adriano Correia de Oliveira, marcaram com a sua voz a luta contra o fascismo, e a certeza de uma liberdade que estava para vir. Verifiquei que o Samuel cantará na Festa, na nossa Festa... O nosso Samuel cantará para nós na nossa Festa. E isso foi um virar de página!
Foi longo o caminho que demoraram a percorrer os camaradas responsáveis pela selecção de artistas para a Festa. Congratulo-me pela descoberta que fizeram: o Samuel não estava morto, antes continuou a bater-se por ideais difíceis de conjugar com interesses de editoras discográficas!
E não só é importante ouvi-lo, como repudiarmos a pressão das editoras por promover este ou aquele artista, todos menos os comunistas - porque também nessa linha se faz a dominação ideológica.
E esta foi a surpresa boa.

A má... Bem, a má... A Teresa Salgueiro também vai cantar à Festa...
Alguns dirão "pois, pois, gostos não se discutem..."
Eu direi, antes: Não! Discutem-se como qualquer outro tema, pois a formatação do gosto está nas mãos de quem tem o poder. E quem tem o poder - as classes dominantes - também formatam de forma a tornar as pessoas acríticas, confundindo, apresentando-lhes "produtos" culturais desprovidos daquela pequena partícula que os faz pensar por si próprios.
Em suma, a meu ver, a cultura musical ainda é uma das áreas mais delicadas na formação de um homem emancipado e progressista.
Por isso é possível que pessoas com grandes qualidades ao nível do pensamento façam escolhas tão impróprias, como gostar da Teresa Salgueiro.
A Teresa Salgueiro não canta, mia. E mia como um gato sem graça, daqueles que ouvimos ao longe e que nos incomodam, que nos perturbam o café, a paisagem, os ouvidos...
É, para mim, mais um "produto" discográfico que faz ruído.

Fico-me pela felicidade de pensar que a Festa é bem mais que a Teresa, (desculpem, agora é com "z": Tereza) e que posso simplesmente não a ir vêr nem ouvir, e que as más opções - poucas - dos programadores podem sempre transformar-se. Disso é exemplo o convite, este ano, ao Samuel, e longo foi o caminho, repito-o, até perceberem a importância dele na Festa. Pelo seu exemplo de resistência.
Na nossa Festa do Avante!.

quarta-feira, 22 de julho de 2009

22 de Julho

... Esta data diz-me qualquer coisa...
Mas não conto....
Se quiserem saber... adivinhem!

ih ih ih

quinta-feira, 16 de julho de 2009

Música para meio da semana...

Adoro a Cathy Berberian. Esta mezzosoprano é capaz de cantar tudo. Muda o carácter das canções com uma técnica vocal impressionante.
As "Folk Songs", do fantástico compositor italiano Luciano Berio são um dos exemplos melhores para levar os mais desconfiados da música contemporânea a aprender a gostar da mesma. Bério tem obras muito mais atonais, muito mais impressionantes, até, e de referência para a história da música. Mas estas "Folk Songs" superam tudo. Por trás das melodias tradicionais encontram-se verdadeiras obras de arte orquestral, tão sofisticadas são as partes da orquestra.
Sou fã das "Folk Songs"... E ainda não ouvi ninguém que as cantasse como a Cathy.


segunda-feira, 13 de julho de 2009

Rumo ao Sul

Vou visitar Palmela, terra de boa gente.
Tenho concerto marcado aqui, como convidada de um dos melhores saxofonistas portugueses.
Cantarei, pois, com mais emoção que nos concertos habituais.
É sempre bom cantar com excelentes músicos!
O concerto é hoje, às 19h na Sociedade Filarmónica Humanitária de Palmela.
Ao jantar não se pode dispensar um peixinho fresco num dos muitos restaurantes de Setúbal... Esses mesmo, que tem umas esplanadas fantásticas, sempre cheias de gente, nesta altura do ano....
Apareçam, amigos e camaradas do sul...

domingo, 12 de julho de 2009

Viseu na AR



Foi um óptimo almoço para a apresentação dos cinco primeiros candidatos pela CDU às eleições legislativas, pelo círculo eleitoral de Viseu.
O Cabeça de Lista é um grande amigo, o Manuel Rodrigues, e não poderia deixar de dizer que já vão sendo poucas as pessoas como o Manuel, que tem a sua capacidade de trabalho, entrega e preparação.
Estamos contigo camarada Manuel.



sábado, 11 de julho de 2009

terça-feira, 7 de julho de 2009

Precisão


O que me tranquiliza
é que tudo o que existe,
existe com uma precisão absoluta.
O que for do tamanho de uma cabeça de alfinete
não transborda nem uma fração de milímetro
além do tamanho de uma cabeça de alfinete.
Tudo o que existe é de uma grande exatidão.
Pena é que a maior parte do que existe
com essa exatidão
nos é tecnicamente invisível.
O bom é que a verdade chega a nós
como um sentido secreto das coisas.
Nós terminamos adivinhando, confusos,
a perfeição.

sexta-feira, 3 de julho de 2009

Estalou o verniz ao PInho




O PINHO PASSOU-SE!!!
Mas... vistas bem as coisas... até sai bem visto: conseguiu produzir um momento de humor no cinzentismo do governo.

E porque é que o Pinho se passou?
Eu explico: foi por causa de um cheque!!! E de um pedido de esclarecimento de Bernardino Soares, do PCP, que aqui transcrevo:


Destinatário: Ministro da Economia e Inovação
Exmo. Sr. Presidente da Assembleia da República

No passado dia 14 de Fevereiro noticiou a Agência Lusa que “Manuel Pinho vai assistir domingo ao jogo da 2ª Divisão B entre o Sporting Clube Mineiro de Aljustrel e o Torreense, onde será homenageado “pelo seu papel no encontro de uma solução para as minas”. Afirmava a Lusa que “Segundo fonte do Ministério da Economia, o ministro Manuel Pinho foi convidado para assistir ao jogo do Clube Local “como forma de agradecimento pelo seu papel no encontro de uma solução para as minas” de Aljustrel” e que “O ministro irá por sua vez, oferecer equipamentos desportivos à equipa de Aljustrel, acrescentou a mesma fonte, sublinhando que a iniciativa está a ser coordenada pelo governador civil de Beja”.

Na mesma notícia, informava a Agência Lusa que o dirigente do Sindicato Mineiro Jacinto Anacleto, declarava desconhecer tal homenagem e que a Câmara Municipal também nada sabia sobre a mesma.

No dia 16 de Fevereiro, no decorrer do jogo de futebol entre o Sport Clube Mineiro Aljustrelense e o Sport Clube UniãoTorreense, foi anunciado que se encontravam no estádio não o Senhor Ministro da Economia e Inovação para ser homenageado e o Senhor Governador Civil como coordenador da iniciativa mas os senhores Dr. Manuel Pinho e General Manuel Monge na qualidade de simples cidadãos.

No decurso do jogo foi entregue ao cidadão Manuel Pinho, pela Direcção do Sport Mineiro, uma camisola do Clube que havia sido prometida ao Ministro da Economia e Inovação o qual, por sua vez, não se sabe se na qualidade de Ministro da Economia e Inovação, se na qualidade de representante da EDP, anunciou a oferta da EDP de cinco mil euros destinados à aquisição de novos equipamentos para o Sport Clube Mineiro Aljustrelense.

No dia 17 de Fevereiro a Rádio Pax dava conta da declaração do Senhor Governador Civil de Beja em que este afirmava “…que o Mineiro Aljustrelense pode convidar para ir ao seu campo as pessoas que entender”.
No dia 18 de Fevereiro a Direcção do Sport Clube Mineiro Aljustrelense, em nota de imprensa, informava que “ a direcção do Mineiro não homenageou o Dr. Manuel Pinho pelo trabalho que fez ou deixou de fazer pela reabertura das Pirites Alentejanas, mas sim por ter sido combinado que lhe teríamos todo o gosto em oferecer uma camisola deste clube e que lhe a entregaríamos junto do seu gabinete, facto que se alterou dado que nos manifestou vontade de a receber durante um jogo em Aljustrel”.
As contradições entre as informações dadas à Lusa pela fonte do Ministério da Economia em que se afirma que “ministro Manuel Pinho foi convidado” a deslocar-se a Aljustrel para ser homenageado e que a iniciativa estava “a ser coordenada pelo governador civil de Beja”, as declarações do Governador Civil de Beja à Rádio Pax que confirmam a ideia do convite e a nota de imprensa da Direcção do Sport Mineiro que desmente esta versão e afirma que foi o Senhor Ministro da Economia quem se propôs ir a Aljustrel assistir a um jogo para receber uma camisola que propunham entregar junto do seu Gabinete são manifestas e exigem cabal esclarecimento.

A informação, no decorrer do jogo, de que estavam presentes no estádio não o Senhor Ministro e o Senhor Governador Civil de Beja mas os cidadãos Dr. Manuel Pinho e General Manuel Monge são outro facto político a exigir clarificação pois contraria a afirmação de que estaria lá como convidado para ser homenageado.
O anúncio pelo Senhor Ministro da Economia e Inovação, mesmo que na qualidade de cidadão Manuel Pinho, da entrega de cinco mil euros, não do seu Ministério mas da EDP, ao Sport Clube Mineiro Aljustrelense, constituindo um facto político inaceitável, revelador de uma inadmissível promiscuidade entre o cidadão/Ministro da Economia Manuel Pinho e a empresa EDP sobre a qual exerce a tutela, é outro aspecto que não pode deixar de ser devidamente esclarecido.
Na verdade tudo indicia uma inadmissível instrumentalização de um clube de futebol, necessariamente apartidário, e dinheiros da EDP para mais uma operação de propaganda do Governo situação que não se pode tolerar e que não se pode ficar pelo mutismo do Senhor Ministro da Economia como sucedeu no passado dia 17 de Fevereiro quando confrontado por três vezes, na Comissão de Economia, com esta escandalosa situação.

Assim, e ao abrigo das disposições legais e regimentais aplicáveis, venho requerer através de V. Exa., ao Senhor Ministro da Economia e Inovação, resposta às seguintes perguntas:
1.Como explica o Senhor Ministro da Economia e Inovação a informação do seu ministério à Agência Lusa de que iria no dia 16 de Fevereiro a Aljustrel como convidado do Clube local para ser homenageado pelo seu papel na resolução do problema das minas de Aljustrel?
2.A iniciativa da sua deslocação a Aljustrel foi ou não coordenada pelo Senhor Governador Civil de Beja?
3.Como explica o Senhor Ministro que a sua presença e a presença do Senhor Governador Civil de Beja tenham sido anunciadas na qualidade de cidadãos e não com o seu verdadeiro estatuto de governantes?
4.Quem tomou a iniciativa de que fossem anunciados como cidadãos e porquê?
5.A proposta de se deslocar a Aljustrel para assistir ao jogo de futebol e aí receber a camisola que lhe havia sido prometida pela Direcção do Sport Clube Mineiro Aljustrelense na qualidade de Ministro de Economia e Inovação foi da iniciativa do Senhor Ministro como afirma a Direcção do Sport Mineiro no seu comunicado? Se sim não acha o Senhor Ministro inadmissível a instrumentalização de um clube de futebol, necessariamente apartidário, para fins de propaganda política?
6.Considera o Senhor Ministro normal ser o Ministro da Economia e Inovação a representar a EDP, empresa que tutela, no anúncio da entrega dos cinco mil euros doados por esta empresa ao Sport Clube Mineiro Aljustrelense?
7.Como surgiu a iniciativa da EDP oferecer cinco mil euros ao Sport Clube Mineiro para novos equipamentos e a que título foi o Senhor Ministro a oferece-los como anunciou o seu ministério?
8. Quem tomou a inciativa de fazer do Senhor Ministro da Economia e Inovação porta-voz da EDP mesmo que na condição de simples cidadão?



E depois disto o Pinho fez uns "corninhos"...E o resto já vocês sabem!

quinta-feira, 2 de julho de 2009

A lição de Piano

Para descomprimir aqui fica um excelente exemplo daquilo que não deve ser uma aula de piano!!!
Os músicos são fabulosos. Trata-se da dupla Igudesman & Joo, um pianista e um violinista topo de gama.

Divirtam-se.