quinta-feira, 10 de julho de 2014

Dói-me tudo

Na Palestina.
Dois irmãos.
Terão tido medo? Ou já não tinham medo?

Ou disse o mais velho ao mais novo:
-Estou aqui. Não tenhas medo.

É impossível acreditar-se na Humanidade em certas noites.


Não sei se vou conseguir dormir.
Outra vez.

segunda-feira, 7 de julho de 2014

Os papéis na parede

Fui-me desligando das coisas.
Disse-lhes adeus,
lancei-lhes um último olhar,
fiz um meio-sorriso
sem ironia.
As coisas não disseram nada,
ali ficaram, imóveis, coladas à parede
como se estivessem à espera do fim,
num dia qualquer.
Estas coisas já são passado,
já não são úteis,
já não servem.
Mas ali estão.
Ali permanecem fiéis a um passado recente,
fiéis à organização dos dias.
Não se espantam,
nem temem.
Aguardam pelo fim.
Que fim terão estas coisas?
Serão arrancadas de súbito, amachucadas,
quando já não esperavam?
Serão substituídas por outras?
Serão acariciadas, guardadas em gavetas,
visitadas de ano a ano?
Ou ficarão ali para sempre,
até ao fim dos dias,
até
todos os dias serem já parte do
Passado.