quinta-feira, 31 de julho de 2008

Forte da Barra


Esta foto foi tirada num sítio que já não existe, no ano remoto de 1960.
Trata-se do Forte da Barra, perto da Gafanha da Nazaré, distrito de Aveiro.
Ali aprendi a nadar, já nos anos 80.
Era um local muito tranquilo, onde havia um jardim que confinava com este braço de ria, e onde a família se deslocava de tempos a tempos para fazer uns picnics... Era eu pequenina...
Encontrei a foto no meu computador e resolvi partilhá-la... Até porque evoca o ambiente de férias (bom para quem vai agora disfrutá-las)...

Bom fim de semana e boas férias, se fôr o caso.

quarta-feira, 30 de julho de 2008

Música para o Fim-de-Semana



Sim, eu sei que ainda estamos a meio da semana.
Mas estas coisas tem de ser previstas com alguns dias de antecedência, por isso aqui vai o meu conselho para o próximo fim de semana.
É já na sexta-feira que começa o Festival Intercéltico de Sendim, Miranda do Douro. Quem gostar, e estiver na disponibilidade de fazer uns quantos quilómetros até ao Nordeste Transmontano, penso que não ficará desapontado. O cartaz é aliciante. Principalmente na sexta-feira dia 1. Estou com curiosidade de assistir ao concerto dos Luar na Lubre!
Confesso que ainda não sei se posso ir. Mas estou a tentar.

Encontramo-nos por lá?

segunda-feira, 28 de julho de 2008

"Quadrilha" à portuguesa (recomendo a leitura do post anterior)

Sócrates amava Maria de Lurdes Rodrigues, que amava Mário Lino,
que amava Ana Jorge, que amava Teixeira dos Santos, que amava Alberto Costa
que não amava senão o capitalismo.
Sócrates foi para os Estados Unidos, Maria de Lurdes Rodrigues para o convento,
Mário Lino morreu de desastre, Ana Jorge ficou para tia, Teixeira dos Santos suicidou-se, e Alberto Costa casou com Cavaco Silva que não tinha entrado na história.

domingo, 27 de julho de 2008

E se tu pensas que não entras na história... não te preocupes...


Quadrilha

João amava Teresa que amava Raimundo
que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili
que não amava ninguém.
João foi para os Estados Unidos, Teresa para o convento,
Raimundo morreu de desastre, Maria ficou pra tia,
Joaquim suicidou-se e Lili casou com J. Pinto Fernandes
que não tinha entrado na história.


(Uma delícia, este poema de Carlos Drummond de Andrade!)

Música para o Fim-de-Semana



Luigi Nono, compositor italiano, progressista, e porque não dizê-lo, comunista. Tem uma escrita musical única, sublime, como poderão apreciar nesta obra "Incontri" ("Encontros"), para 24 instrumentos, aqui dirigida pelo não menos fabuloso maestro e compositor Pierre Boulez, que muito aprecio.
É uma obra com 53 anos, mas que certamente ainda poderá ser pouco aliciante para alguns dos meus visitantes. A minha sugestão é que a ouçam mais do que uma vez. Ouçam-na também em horas diferentes do dia (ou da noite)... Vão começar a descobrir a sua forma, os pontos de referência (os fios condutores melódicos trazidos pelos instrumentos), vão ouvir outras coisas que não ouviram na primeira audição, e , certamente, depois de fechar os olhos, vão percebê-la muito bem. E até gostar.
Bom Fim de Semana.

sábado, 26 de julho de 2008

Desafio aos visitantes


Quem é que descobre onde foi tirada esta foto?
Quem descobrir o que é isto, e em que terra se encontra, vai saber onde fui (a passeio) esta semana.
Pela minha parte posso dizer que adorei lá ter ído, e faço votos de que todos os que por aqui passam não deixem de o visitar.

sexta-feira, 25 de julho de 2008

"Viva la muerte"

No blogue "Cravo de Abril" descobri este texto.

Considero-o fundamental para conhecer em profundidade a realidade deste nosso mundo, mais concretamente o que se passa actualmente na Colômbia, sob o governo de Uribe.

Estou farta de mentiras, de notícias sobre uma senhora que mais parece santa, sobre um país que parece perfeito e afinal... tanta podridão, tanta mentira proferida pelos média, tentando abafar a verdade. Leiam. Leiam bem cada palavra escrita pelo meu amigo Fernando Samuel, do Cravo de Abril. E a ele o meu muito obrigado pela clareza do discurso, e pelo seu excelente post que a seguir transcrevo na íntegra.


«Viva la Muerte!», era uma das frases utilizadas pelo general fascista Millán Astray para exibir a sua dimensão... humana.
Em 12 de Outubro de 1936, no decorrer de uma sessão na Universidade de Salamanca, Millán Astray enriqueceu a ideia, acrescentando à frase um novo condimento: «Muera la Inteligencia! Viva la Muerte!».
Aí está o que bem poderia ser a palavra-de-ordem do poder capitalista dominante, hoje.

Vem isto a propósito da forma como os jornais portugueses têm tratado os acontecimentos na Colômbia.
Com efeito, lendo-os parece estarmos perante uma tradução adaptada ao tempo actual da frase do fascista espanhol, em que os elogios a Uribe e aos seus homens de mão soam como autênticos gritos de Viva la Muerte! gritados à maneira actual, ou seja, decorados com os habituais enfeites pseudo democráticos - e complementados com a desinformação dos leitores, quer divulgando notícias falsas sobre a realidade colombiana, quer silenciando cuidadosamente os brutais crimes do regime de Uribe.

Por isso aqui ficam mais alguns dados sobre a realidade colombiana nessa matéria, desta vez tirados de um relatório da Amnistia Internacional (AI).
Informa esse relatório que, «em 2007, aconteceram na Colômbia 280 execuções extra judiciais». As vítimas, na maioria camponeses, foram apresentadas pelos militares como sendo «guerrilheiros mortos em combate».
Por seu lado, os grupos paramilitares cometeram 230 assassinatos no mesmo ano de 2007.
Ainda em 2007, estes grupos paramilitares - ligados, como se sabe, ao narcotráfico - «roubaram 4 milhões de hectares de terra a camponeses pobres».

Sempre segundo o relatório da AI, os que se queixam destes crimes à justiça correm sérios riscos, tal como os seus advogados de defesa. Exemplos: Yolanda Isquierdo, advogada de várias famílias vítimas dos paramilitares, foi assassinada no dia 31/1/2007; a advogada Carmen Romaña, que representava vítimas de roubos de terras, foi assassinada a tiro no dia 7/2/2007.

Quanto aos sindicalistas - que Uribe considera serem «elementos subversivos» - são alvos preferenciais da repressão.
Assim, informa a AI, durante as duas últimas décadas, foram assassinados 2. 245 sindicalistas e desapareceram 138 (estes desaparecimentos correspondem, regra geral, a assassinatos) - e 3. 400 sindicalistas estão ameaçados de morte.
Mais de 90% destes casos não foram sequer investigados - aliás, segundo a AI, «mais de 40 legisladores são suspeitos de ligação aos paramilitares»...

Eis, em resumo muito resumido e parcial, um retrato do governo de Uribe - que os média portugueses não se cansam de elogiar e apresentar como um exemplo de governo democrático...

quinta-feira, 24 de julho de 2008

Música para meio da semana...

Ei-los.
Os fabulosos Taraf De Haidouks.
Um desafio à nossa capacidade de ficar quietos, sem dançar.
Ouçam e depois comentem...
E se os quiserem conhecer melhor, em qualquer busca pela internet (ou pela música romena) descobrem quem eles são. Deixo isso ao vosso critério.
A música fala por si!
(E, acreditem ou não, ao vivo são ainda mais "eléctricos"!)

terça-feira, 22 de julho de 2008

Ensino Artístico na AR (2)

Há quem não durma em serviço. Congratulo-me pelo deputado comunista Miguel Tiago ter intervindo na AR revelando como nenhum outro deputado de outro partido político conseguiu fazer, revelando, dizia eu, toda a verdade que está por trás das intenções do Governo de Sócrates relativamente ao meu sector de ensino: o ensino especializado de música, ou ensino artístico (EA), como lhe queiram chamar.
Convido-vos a conhecer na íntegra a intervenção certeira e eficaz de Miguel Tiago sobre a escola pública (basta clicar), no entanto, não posso deixar de destacar duas ou três ideias mais concretas que dizem respeito ao EA:

"Nos princípios de Julho, o Governo aponta duas novas machadadas contra o Ensino Artístico Especializado, particularmente contra o Ensino da Música, com a publicação de Despachos do Ministério da Educação que alteram as condições para a matrícula em Escolas de Ensino Artístico e os critérios e formas de contrato de patrocínio com essas instituições. A dois meses do início do novo ano lectivo e após momentos de acesa discussão entre os agentes educativos, o Ministério da Educação e mesmo esta Assembleia, após a intensa mobilização de professores, famílias e estudantes de praticamente todas as escolas públicas do ensino especializado da música do país, o Ministério determina regras que fazem tábua rasa de todos os contributos que foram entregues pelas escolas, pelos alunos, pelos pais, pelos partidos políticos. O Governo quer agora que nenhum estudante com mais de 18 anos possa ingressar no regime supletivo do Ensino Especializado da Música, ao mesmo tempo que obriga os alunos a frequentarem todas as disciplinas dos planos de estudos regular e especializado, aumentando as suas cargas horárias para 44 horas semanais em alguns casos; da mesma forma o Governo impõe regras tão restritivas que se tornarão impeditivas da frequência para muitos, mostrando também assim desconhecimento da diversidade de características de cada situação no que toca ao Ensino Especializado da Música.

Ao mesmo tempo, o Governo anuncia os novos critérios de financiamento do Ensino Especializado da música onde torna clara a sua estratégia de obter pelo financiamento aquilo que não obteve pela discussão democrática. Através de uma comissão o Governo beneficia financeiramente o modelo de escola tipo integrado - que tenha todas as disciplinas no mesmo espaço - ou seja, os colégios privados - e pune as pequenas escolas particulares e a maioria das escolas públicas."

Boa, Miguel Tiago!
Depois disto, espero sinceramente que, finalmente, alguns colegas meus comecem a ter noção de que há apenas um único partido que na hora da verdade está do seu lado, denunciando a verdade que se esconde por trás das acções deste Ministério da Educação.
Só o PCP fez, neste debate na AR, a leitura correcta das consequências destas medidas, que são tão gravosas para os alunos como para os professores do EA.

segunda-feira, 21 de julho de 2008

A Reportagem que a Justine Pediu...

Pois a Justine pediu, e pediu muito bem.
Vamos lá ver se não me esqueço de nada..
Pois.. Entrei na Festa da Alegria por volta da hora de almoço. Estava um sol abrasador que fazia transpirar até as pedras. No pavilhão de Viana do Castelo, no entanto, estava fresquinho. E comeu-se lá muito bem, uns mexilhões e uns rojões, e bebeu-se um vinho verde fresquinho, daqueles de chorar por mais... A tarde foi avançando, entre um abraço aqui, uma cara conhecida ali, um camarada que nos salta ao caminho, e sorrisos, alegria, convívio, conversa sobre tudo um pouco, e eis que ouço o cantar das vozes dos mineiros de Aljustrel, a passar ali na estrada, tão pertinho... Foi um momento mágico. Toda a gente pára tudo o que está a fazer para os ouvir, para os vêr, tão unidos, de braços dados, a cantar com vozes duras, graves, algumas mais agudas, a solo, e depois o grupo todo a responder... E a carga emocional contida naquelas vozes, os rostos de uma definição tal que se podia dizer detalhadamente de que cor eram os olhos de todos eles... E como brilhavam.. E subiram ao palco despertando lágrimas em alguns corações mais sensíveis, segundo ouvi dizer. Não me admira nada. Eu também fiquei num periclitante estado emocional (se me falassem naquele momento, desabava...).
Mas o convívio continuou, com o queijinho e o presunto do pavilhão das Beiras, e mais camaradas conhecidos, mais risos e sorrisos..
Vi por lá uma Quadrilha a tocar cheia de garra no palco, e não faltou a dança de novos e velhos, tudo junto, tudo em festa, como deveria ser, e foi.
E depois ouvi o comício que esteve cheio de gente, cheio de energia.
Ouviram-se palavras certeiras, reveladoras de que há ainda quem se preocupe com este país, e no final dançou-se a Carvalhesa...
Fiz-me outra vez à estrada, ainda com aquelas palavras no pensamento, e com aquele sabor de "soube-me a pouco"...
Em Setembro, na Festa do Avante, espero repetir a injecção de alegria, camaradagem, confiança e vontade de lutar com que saí desta Festa da Alegria.

(E então, Justine? Deu para ter uma ideia??)

Boa semana a todos!

sábado, 19 de julho de 2008

Porque hoje é Sábado...


E porque hoje é sábado... Que tal uma Festa?
E uma festa cheia de Alegria, quem quer?
E uma Festa da Alegria que fica lá bem no norte, em Braga?
Já que hoje não posso ir, vão vocês e digam-me como foi...
E amanhã talvez vá, quem sabe...
Afinal, esta Festa da Alegria é uma festa. E tem alegria.
E eu aprecio quer uma coisa, quer outra!!!

Encontramo-nos por lá?

quinta-feira, 17 de julho de 2008

Robin dos Bosques (ou "Roubam nos postos")???


Para quem acha que os partidos políticos são todos iguais, vão lêr esta notícia da RTP ao seu sítio da internet.
Vão encontrar uma notícia sobre a taxa Robin dos Bosques, o seu impacto na economia, e a força de quem sabe fazer oposição!
E, já agora, quem acha que anda a ser roubado nos postos de gasolina também pode lêr.
É fácil e é barato (só não dá milhões).

terça-feira, 15 de julho de 2008

Ministra da Educa...quê?

Eis um artigo muuuuito pertinente recebido por email, que vale a pena partilhar.
Se estiverem com azia não leiam: é um texto um bocado ácido... É sobre a Ministra da Educação...

O asnear de Sua Excelência

Santana Castilho

Professor do Ensino Superior

Um ministro não pode ignorar que a sua exposição pública é diferente da do cidadão comum. Esse elevado grau de sujeição ao escrutínio dos cidadãos cresce com a vulnerabilidade de determinadas pastas e volta a crescer se o titular entra em confronto permanente com os que funcionalmente tutela. Por outro lado, quando a sede das declarações públicas é uma entrevista de fundo, obviamente preparada e meditada, concedida a um "jornal de referência", a dias do debate sobre o Estado da Nação e a encerrar este polémico ano lectivo, as asneiras ganham uma dimensão insuportável. O que a ministra da Educação disse ao Expresso de 5 transacto foi grave. Sem esgotar os factos, que o espaço não o permite, vejamos como Sua Excelência asneou:

1. Finalmente, disse que tinha dado instruções ao GAVE quanto aos exames, depois de ter repetido, vezes sem conta, a sua não intervenção e a independência daquele órgão. Qualquer cidadão sabe que o GAVE depende hierárquica e institucionalmente da ministra. Está no diploma orgânico!

2. "O objectivo dos exames não é comparar", disse. Um aluno meu de avaliação educacional que escrevesse tal disparate chumbava liminarmente. Podemos concordar ou discordar dos exames como instrumento de avaliação ou classificação. Mas avaliar, e por arrastamento classificar, já que se pode avaliar sem classificar mas não se pode classificar sem avaliar, é, fundamentalmente, comparar. Aliás, ela própria, logo que saíram os primeiros resultados, desdobrou-se em comparações infindáveis. Ilegítimas, mas foi o que mais fez. Não se enxergou quando falou ao Expresso!

3. "Disse que em Portugal se chumba muito, que sai caro ao país", afirmaram-lhe os entrevistadores. "Nunca disse isso", respondeu. Estamos loucos, ou foi o que mais lhe ouvimos? Mas nem necessitamos procurar as referências. Sete linhas à frente declarou: "Claro que a repetência nos sai cara. Permanentemente no sistema educativo temos 40% de repetentes. O sistema investe com eles o dobro ou o triplo do que com os outros alunos". Que trapalhada, para além de nem sequer saber fazer contas elementares!

4. Perguntada sobre o papel dos sindicatos respondeu: "... Diria que algumas políticas sindicais prejudicaram a escola pública, como por exemplo o modelo centralizado de concurso". Só nos faltava, depois de nos ter revelado que os Açores não são Portugal, dizer-nos agora que os sindicatos é que definiram as politicas e decretaram o regime dos concursos.

5. "Como é que gostava de ser recordada?", é a vigésima segunda pergunta. A mesma pessoa que acabava de inaugurar uma patética galeria de retratos de todos os ministros que a antecederam, lançar um livro comemorativo de memórias e obviamente tomar a iniciativa de promover a sua própria presença para a posteridade no hall do ministério (esperamos todos que dentro do mais curto espaço de tempo possível), respondeu com este lapidar cinismo: "Não penso nisso. Não trabalho para a memória. Não me faça perguntas dessas que me deixa atrapalhada."

O que fica, supra, são aspectos caricatos, colhidos a título de exemplo. A irrelevância das respostas e das não respostas (que são em maior número) fazem o resto.

Televisão, esse invento maravilhoso...


Não tenho visto televisão! E... sim, estou viva. Consegui sobreviver.
Da última vez que a liguei foi tal a onda de impropérios e palavras em vernáculo que me ocorreram ao pensamento (em voz alta não pode ser, tenho de pensar nos vizinhos...), que agora pú-la de castigo e ela ficou assim...
Não é fuga à realidade, até porque eu sei que ela existe... É pura falta de vontade de ouvir mentiras e mais mentiras, umas atrás das outras.

domingo, 13 de julho de 2008

Boca


"A boca,

onde o fogo
de um verão
muito antigo
cintila,

a boca espera
(que pode uma boca
esperar

senão outra boca?)

espera o ardor

do vento
para ser ave,
e cantar."

Mas porque razão volto sempre a Eugénio de Andrade? Porquê?
Talvez porque está sol, está calor lá fora...
Ou porque tudo o que é mau me faz ficar inquieta, e a poesia dele me faz acalmar...
Porque em contraponto à mediocridade urge procurar o belo,
para que o nosso coração não endureça...


sábado, 12 de julho de 2008

Feira Medieval


Não, o título do post não é uma ironia à volta daquilo em que Portugal se transformou depois de Sócrates ter sido eleito Primeiro Ministro...
Trata-se mesmo de uma feira medieval que vai ter lugar em Mões, uma aldeia do concelho de Castro Daire, distrito de Viseu. (Cliquem na frase anterior para ver onde fica... )
Vou passar por lá porque acho piada a estas coisas...
As barraquinhas, a música, as artes de circo, as exposições... e o convívio, as bifanas, o vinho... eh, eh...
Querem vir???

sexta-feira, 11 de julho de 2008

Música para o Fim-de-Semana

Às vezes precisamos do silêncio para compreender melhor o nosso mundo.
4'33'', leia-se 4 minutos e 33 segundos. Assim se chama esta obra de John Cage.
Este compositor americano do Séc. XX. revolucionou o mundo da música ao compor esta obra que é feita apenas de silêncio, um dos parâmetros essenciais em qualquer composição musical.
O resultado, quando executada, é uma criação de grande tensão, quer no palco, quer na audiência, existindo um claro apelo à audição dos sons que compôem o "ruído de fundo".
A ideia de criar perplexidade no público não é nova. Já nos anos 50 do Séc. XX, existiu uma corrente estética teatral que ficou conhecida pelo "Teatro do Pânico" que albergou as mais variadas formas de chocar o público, desde levar vísceras para o palco, até à agressão física do público.... Imagina-se facilmente porque é que foi baptizada com este nome.
Na música também se tem feito as mais variadas experiências, e esta necessidade de inovação já vem de longe: já no século XVI se faziam experiências com o espaço, e com o eco; depois experimentou-se a junção de certos instrumentos; depois experimentou-se a expansão da harmonia, depois a sua anulação, depois a criação de novas escalas, depois a exploração do ritmo, depois a introdução de elementos populares, depois instrumentos electrónicos, e algumas destas inovações acontecem todas ao mesmo tempo, e... e ... podia ficar aqui até amanhã a enumerar a variedade de inovações realizadas.
Em suma, Cage não inventou o silêncio. Inventou um conceito de escutar a música.
E é uma experiência interessante de fazer. Preparem-se:
1-carreguem no play
2-depois da introdução do apresentador do espectáculo, concentrem-se na orquestra, não façam qualquer som, estejam atentos aos sons que vos rodeiam, dentro e fora de casa
3-no meio dos andamentos podem tossir...

Bom Fim de Semana

A verdade é como o azeite


Há muita gente que, quando ouve as notícias não faz o exercício de pensar pela sua própria cabeça. Resultado: assimila toda a informação que lhe é passada exactamente da maneira como alguém (será um ser supremo?) quer que a informação seja entendida.
Se somarmos a isto a forma despudorada como os detentores dos orgãos de comunicação social - fiéis servidores do Capital e das ideias neo-liberais - se comportam... então o cenário é exactamente o retrato real de Portugal neste ano de 2008. Eu diria até que o cenário... é catastrófico!
Querem que a malta ache que o futebol é importante (para alienar as massas)...'Bora fazer horas e horas de transmissões de jogos, análises, comentários, notícias de abertura de telejornal, telenovelas sobre compra e venda de jogadores, etc. Querem que a malte ache que a Manuela Ferreira Leite é a única alternativa ao Sócrates (que é para não repararem noutras forças políticas, como o PCP, por exemplo)... 'Bora fazer todos os dias dezenas de entrevistas, comentários, análises políticas, seguir a mulher para todo o lado... Querem que a malta pense que a Colômbia e seu presidente Uribe são os heróis por Ingrid Betancourt ter sido libertada às Farc...'Bora dizer mentiras sobre as Farc, ignorar factos, esconder as atrocidades cometidas por Uribe e as suas forças militares, como por exemplo o rapto de Guillermo Rivera Fúquene (de que nos dá conta o Tempo das Cerejas)
E é certo que toda esta estratégia atinge o seu objectivo. Ainda que parcialmente. Há para aí uns teimosos que não se deixam enganar...
Eu, por mim, mantenho a convicção que a verdade é como o azeite: vem sempre acima, por isso, acredito que nalgum dia deste futuro que nos aguarda os portugueses vão dizer: BASTA!

quarta-feira, 9 de julho de 2008

Música na Voz


Não sei como começar este post. A sério. Porque faltam-me adjectivos para descrever estes dois:
Bobby McFerrin e Aziza Mustafa Zadeh. Quem por cá vai passando já percebeu a minha simpatia e admiração por estes dois artistas, cantores multifacetados, músicos com uma grande formação jazzística, erudita e tradicional. Ele, além de um dos nomes maiores da World Music, é também maestro. Ela, além de fantástica cantora, é uma exímia pianista, como já puderam apreciar na "música para o fim de semana" de 10 de Fevereiro.
Juntos, então, transformam três minutos de música numa experiência alucinante.
Reparem na Habanera, da ópera Carmen, cantada por estes dois. Arrepiante.
E a improvisação em duo?
É caso para dizer: quando fôr grande quero ser como eles...




Concertos de Música Portuguesa

Quem andar pelos lados de Lisboa pode ir ao:

FESTIVAL

MÚSICA PORTUGUESA, HOJE

UM RETRATO DA CRIAÇÃO MUSICAL PORTUGUESA

COMISSÁRIOS:
ANTÓNIO PINHO VARGAS, PEDRO SANTOS E RODRIGO AMADO

PREÇO: 5€ POR CONCERTO

CCB, 11.12.13 JULHO 2008


terça-feira, 8 de julho de 2008

Ensino Artístico pela... quinquagésima vez (e acho que não é a última)

Não tenho a capacidade de adivinhar o futuro, mas confesso que se não fosse pela capacidade de acreditar nas pessoas, e na mudança, ser-me-ía muito difícil continuar ligada ao meu ramo profissional. Felizmente vou tendo a sorte de conhecer bons alunos, que nem sempre são os melhores alunos no sentido musical do termo, mas outras vezes são.
Também vou tendo a sorte de conhecer bons colegas de trabalho, bons músicos, boas pessoas. Vou tendo a sorte de me serem dadas condições para desenvolver os projectos profissionais em que me envolvo.
Mas este ano tudo está a mudar. As escolas de ensino artístico especializado (EAE) preparam o próximo ano lectivo. As directrizes por parte do Ministério da Educação são, este ano, diferentes dos anos anteriores. E, à semelhança do que acontece noutras áreas, quando este Governo mexe em algo é com o objectivo claro de preparar o "bolo" para entregar aos privados. Não é à toa que Valter Lemos aparece num jornal da AEEP a enfatisar as virtudes do ensino Particular e Cooperativo, assim como o ensino profissional, afirmando que as escolas do EPC fazem serviço "público"...
Aí está o novo subterfúgio: fazer serviço público com oferta de uma rede de escolas privadas!
Este Governo inventou a pólvora!
Face às alterações previstas quer nos currículos, quer na estruturação do ensino especializado de música, quer no financiamento deste, levantam-se, neste momento, algumas dúvidas:
1- Porquê realizar a reestruturação ou redefinição da rede de escolas de EAE a partir do que existia? Porque não conceber novas escolas públicas que fizessem uma cobertura lógica, democrática, homogénea de todo o território português, ou criando escolas de raiz, ou nacionalizando escolas privadas com trabalho feito?
2- O financiamento previsto fará justiça às reais necessidades dos alunos e professores nos devidos cursos (básico e complementar), nos respectivos regimes de frequência? É que um aluno com 3 disciplinas no básico gasta menos que um aluno do complementar, porque este último tem 7 disciplinas...
3- Implementa-se o (já existente) regime articulado, mas... quem sensibiliza as escolas do ensino regular para a criação de turmas dedicadas, ie, turmas só com alunos do conservatório? Quem se responsabiliza por transportar os alunos aos conservatórios? A articulação é deixada ao sabor de cada escola, de cada agrupamento, de cada autarquia...

E, posto isto, preocupa-me o seguinte: de acordo com as novas directrizes, mesmo os alunos em regime supletivo (que andam desfazados na escola do ensino regular e não em simultâneo, como os de articulado), terão de ter algum paralelismo com os anos de frequência na escola. Isto fará com que uma criança que queira aprender música aos 14 anos já não o possa fazer, a não ser que pague muito, mas mesmo assim não obterá paralelismo entre um 1º grau no EAE e um 8º ano, por exemplo.
Portanto... Ou os putos decidem que querem estudar música até aos 12 anos, ou então... ficam fora do sistema. Ponto Final.

Que futuro vem aí?

domingo, 6 de julho de 2008

"Um Dia" de Sophia

"Um dia, gastos, voltaremos
A viver livres como os animais
E mesmo tão cansados floriremos
Irmãos vivos do mar e dos pinhais.

O vento levará os mil cansaços
Dos gestos agitados irreais
E há-de voltar aos nosso membros lassos
A leve rapidez dos animais.

Só então poderemos caminhar
Através do mistério que se embala
No verde dos pinhais na voz do mar
E em nós germinará a sua fala."

de Sophia de Mello Breyner Andresen

sábado, 5 de julho de 2008

Música para o Fim-de-Semana

É simplesmente, absolutamente fantástica , esta obra do compositor impressionista Claude Debussy, que é, definitivamente, um dos meus compositores favoritos.
Plena de sensualidade, esta obra escrita a partir de um poema de Mallarmé, e estreada em Paris em 1894, dá pelo nome de "Prélude à l'aprés-midi d'un faune", que poderá ser traduzido para "Prelúdio à tarde de um fauno" (também já vi versões que dizem "à sesta" de um fauno, apesar de não ser o mais correcto...). Por hábito profissional prefiro sempre referir-me aos nomes das obras na língua original, e é certo que em francês este "Prélude" é muito mais sensual, é mais evocativo da cena que pretende retratar: um fauno, um desses seres que habitam os nossos bosques, meios homens, meios animais, cheio de desejos, a acordar, na languidez da tarde quente, perseguindo as ninfas assustadas, rindo, brincando... ih ih..

Aqui ficam 10 minutos plenos de beleza e originalidade enquanto a Berliner Philharmoniker Orchestra toca Debussy, dirigida por Simon Rattle.

sexta-feira, 4 de julho de 2008

Para onde vão os impostos...


Já passou um ano desde que Joe Berardo transferiu para o CCB parte da sua colecção de arte contemporânea, depois de ter celebrado com o estado português um contrato - que foi designado por acordo de comodato, seja lá o que isso fôr - onde certamente se assegura de que não perderá dinheiro com o "aluguer" das peças para exposição pública. Foram divulgados os dados relativos ao aumento de visitas ao CCB desde essa altura: parece que já houve 500 mil visitantes...
Um ano passado, é tempo de fazer o balanço desta parceria de um equipamento público com a Fundação Berardo.
Pergunto-me:
1- os visitantes sairam mais conhecedores da arte dos nossos tempos, ou foram vêr a Colecção Berardo apenas porque está na moda, e teve um tratamento mediático muito grande?
2 - o estado português pode comprar a Colecção até 2016, tendo por isso que conceder anualmente 500 mil euros, assim como Joe Berardo, que concede montante igual. Vale a pena gastar este dinheiro? Ou não seria melhor fazer uma distribuição mais equilibrada, descentralizando e tentando esbater as assimetrias que existem neste país, também em termos culturais?
3- as despesas de funcionamento, apesar de serem repartidas pelas duas partes, ascendem a 3 milhões de euros. O estado português forneceu um local de excelência à Fundação Berardo. Roubou espaço (nove mil metros quadrados, pelos quais Berardo recebe uma compensação!) e retirou à Fundação CCB a sua valência de exposições. Não deveria ser o Berardo a suportar as despesas inerentes ao funcionamento do Museu com a sua colecção?

Para terminar, há aqui uma conta que até me parece ser fácil de fazer:
o Ministério da Cultura através da Direcção Geral das Artes, atribuiu recentemente 2 milhões e 100 mil euros a cerca de 140 projectos artísticos das mais diversas áreas (música, teatro, dança, fotografia, artes plásticas, artes digitais, arquitectura, design, transdisciplinariedade), oriundos de todas as zonas do país; o Museu Berardo tem despesas superiores, ou vá lá, na melhor das hipóteses, equivalentes a este montante. Berardo não é um artista. É um especulador de arte. Ele não produz nada. Faz dinheiro com o trabalho artístico de outros. Ele não ofereceu nada ao estado português, porque um homem de negócios não entra num protocolo destes para perder dinheiro.

Também na área cultural Sócrates está a entregar de bandeja o dinheiro dos contribuintes ao grande capital. Estamos a ser roubados a olhos vistos. E o investimento na Cultura portuguesa não passa, certamente, por sustentar um especulador de arte.

O Futuro

Esta tira foi levada emprestada do blogue A Dupla Personalidade.
Achei tanta graça que não resisti!

quinta-feira, 3 de julho de 2008

Haja estômago para ser português

Sócrates anda entusiasmado com a sua própria obra. O nome mais correcto para este indivíduo seria Narciso, dado o seu gosto pela sua própria pessoa. O Primeiro-Ministro deste país acha que tudo vai de vento em popa, por cá.
Mas na verdade, Sócrates vive numa realidade à parte de todos os outros portugueses.
Este não é o país do desenvolvimento: é o país das assimetrias entre interior e litoral, entre norte e sul;
Este não é o país das novas oportunidades: é o país do desemprego a aumentar;
Este não é o país do simplex: é o país da burocracia, do mete-medo-ao-contribuinte;
este não é o país da segurança: é o país da instabilidade laboral, da vassalagem a novos códigos de trabalho que vão afundar mais na lama quem já está com a lama pelo pescoço;
Este não é o país do Berardo: é o país do Parque Arqueológico de Foz Côa que não tem orçamento para fotocópias a cores;
Este não é o país da Justiça: é o país que vê morrer um polícia em trabalho, quando a moto onde circulava se parte a meio por ser velha, sem que ninguém se tenha ainda preocupado em indemnizar a viúva e os seus filhos menores.

Este é o país do Sócrates.
Não é o país que queremos.

quarta-feira, 2 de julho de 2008

Música para meio da semana...



Adoro este tema "Adios Nonino". O seu autor, Astor Piazzola, foi um homem inspirado, impulsionador do tango argentino para os ouvidos do mundo.
Piazzola continua a encantar gerações.
Confesso que já fui mais fã da sua linha de composição, apaixonada, vibrante de emoção, e até violenta - musicalmente falando. Comecei por ouvir algumas coisas dele quando ainda era aluna no conservatório, e nessa altura ainda não existia a categoria "World Music", ou "Músicas do Mundo" nas lojas de discos.
Quererá isto dizer que estou a ficar "Kota"?
Também me pergunto de onde serão as outras músicas, como a Clássica, ou a portuguesa, ou o Jazz... Não são músicas do mundo, também? Enfim... Depende do conceito de mundo, e em que lado do mundo se está..


terça-feira, 1 de julho de 2008

Este post não é um post a sério

Estava eu para aqui a começar a escrever um post sobre as Farc e sobre a recorrente questão - já começa a ser hábito - que todos os anos alguns tipos com minhocas na cabeça levantam, a propósito da inexistente presença das Farc na Festa do Avante, e passei os olhos pelo blogue do Samuel. Não é que ele tem um excelente post sobre este assunto no Cantigueiro? Recomendo a sua leitura, porque melhor não faria, certamente. Mas isto de andar a saltitar suavemente de blogue em blogue, como um elefante de nenúfar em nenúfar, tem destas coisas. Encontrei um texto de grande qualidade no blogue amigo do Linha do Vouga, consubstanciado num eloquente elogio a dois homens que já não estão entre nós, Vasco Gonçalves e Álvaro Cunhal. Vale a pena lêr.
E pronto!
Hoje não tenho post, propriamente dito.
Ainda bem que há gente mais inspirada que eu!!
(Mas caramba...Não se pode ser brilhante todos os dias... LOL)

:-)