quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

Poesia dos pássaros

Não foi só o magnífico compositor Messiaen que se interessou pela arte dos passarinhos.
No blog Ficções do Cordel encontrei os Poemas Cucos.
Soube-me bem, por isso, partilho convosco.

(…)
Acredito que decretos e censuras,
polícias e prisões,
grades e bastões,
não chegarão para impedir que a Justiça e a Verdade vençam.
Acredito que hão-de chegar os tempos das surpresas,
depois de tanto tempo de não-surpresas.

Videos chocantes

Vocês não ficam chocados? Eu fico. Mas os culpados tem rosto e tem nome.
E, entenda-se, os culpados não são a funcionária do INEM, nem o bombeiro de Favaios. Ambos tem falta de meios para trabalhar.
Os culpados são outros. Ora pensem lá...
.............
Ah!... O Governo!... Exactamente! Foi quem fechou serviços por esse país fora sem olhar à realidade, às necessidades das populações.
E Sócrates? Será julgado?



Pátria amada

Mudanças de ministros, mesmas políticas. Muda-se a cara dos actores, o argumento é o mesmo. O mesmo cenário. O mesmo público. As mesmas falas. A mesma produção.
A mesma arrogância e desconsideração pelos portugueses que trabalham a sério. Que não são administradores de coisa nenhuma. Mas que têm de administrar a sua casa com o pouco que recebem daqueles que muito possuem.
E há quem trabalhe muito. Muitas horas.
Levantam-se cedo e deitam-se tarde. Estão com os filhos uns minutos, antes de os pôr a dormir. Não têm dinheiro para quase nada. Vivem como podem.
Enquanto para uns quantos o país está "porreiro (pá!)", e até não há crise, para outros há muitas dificuldades, todos os dias, em todas as áreas. Isto já não é um país. Isto deixou de ser a pátria amada. Porque uma pátria, como refere Miguel Torga,
"(...)é o espaço telúrico e moral, cultural e afectivo, onde cada natural se cumpre humana e civicamente. Só nele a sua respiração é plena, o seu instinto sossega, a sua inteligência fulgura, o seu passado tem sentido e o seu presente tem futuro (In O Dia de 11 de Setembro de 1976)".
Que futuro teremos nós nesta Pátria tão mal governada?
De que Pátria se podem os portugueses orgulhar?

quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

Remodelações



As remodelações deste Governo não me passaram alheias. Mas como hoje já gastei energias que cheguem a irritar-me com este país, não vou opinar sobre o assunto pessoalmente. Faço-o antes através das palavras do autor do blogue "We have Kaos in the Garden", que inventa uns bonecos muito engraçados para realçar as notícias (ou deverei dizer "vergonhas"?) que se passam em Portugal. A Cultura é uma área que me diz muito, vivendo eu profissionalmente num limbo entre esta e a Educação. Pergunto-me, apenas, se em vez de mudar um ou outro ministro, não seria melhor mudarmos logo o Governo todo... (E o mais rápido possível.)Fiquem com o comentário do Kaos:

Esta é a outra remodelada e já vai tarde. Que fez Isabel Pires de Lima, Ministra da Cultura de útil no seu reinado? Que me lembre nada. Deixou muitos dos nossos museus fechados por falta de pessoal, gastando o seu pequeno orçamento em criar um museu particular no CCB (Centro Cultural Berardo) e em apresentar em Portugal a exposição itinerante do Hermitage. Contribuições para a criação e defesa da cultura portuguesa, zero, nicles. Tece o azar de o Engenheiro querer chamar ao despedimento do Correia de campos uma remodelação e assim havia que sacrificar alguém; calhou ela na rifa. Esta não vai deixar saudades e, se alguém a sentir só pode mesmo ser um ou outro camelo que tenha andado a montar.

terça-feira, 29 de janeiro de 2008

O Carnaval da Educação




De autoria do "Anterozóide". O "nosso" Valter Lemos está tão bem caricaturado... Só lhe falta a fantasia para gozar o Carnaval. Sugiro-lhe a de Palhaço. Acho que lhe assenta bem.

segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

Tourém não vem no mapa?

Estive recentemente em
Tourém.
Localizada no concelho de Montalegre, no norte de Portugal, esta aldeia de gente afável e boas paisagens sofre de um problema de discriminação por parte das operadoras de telemóveis. Não é que passam a vida a pagar chamadas com roaming, como se Tourém fosse em Espanha? As operadoras não têm antenas por perto... conclusão: os telemóveis apanham rede espanhola. E a tmn, vodafone e optimus estão-se nas tintas para a injustiça de que estão a ser alvo os habitantes de Tourém.
Alguém mais pragmático poderá dizer, "E quê? desde quando o telemóvel é um bem de primeira necessidade?" É aqui que começa o problema. As sucessivas políticas dos governos que tivemos no passado, e temos no presente, já encerraram escolas, serviços de saúde, maternidades e até esquadras de polícia por aquelas bandas. Para terem determinados serviços é quase imperioso ter um telemóvel, visto que a urgência para certas situações pode ser muita (dada a distância a que ficaram os serviços). E nada se faz sem ter rede no telemóvel. Ainda me lembro de um mecanismo de protecção de incêndios que foi posto em acção há uns anos: a distribuição de telemóveis a pastores. Lembram-se? Ó meus amigos.... em Tourém os pastores têm de ter roaming, senão as serras do Gerês e do Larouco bem podem arder....
O capitalismo feroz que faz mover estas empresas, que só pensam no lucro fácil, atropelando qualquer sentido de moralidade, associado às políticas do Governo, de destruição de todos os bens públicos, fazem com que os mais pequeninos se sintam filhos bastardos deste país. E a propósito de filhos, dizia-me a D. Elisa que quando teve a sua "mais velha" decidiu mudar-se uns dias antes da data prevista para o parto para casa de família que vivia em Chaves. Agora a maternidade de Chaves está fechada. "E quem é que arrisca ir com dores por aí fora, pelas estradas, durante duas horas até ao hospital de Vila Real?" Tourém não é uma terra portuguesa? Os habitantes de Tourém não pagam impostos, como os de Lisboa e Porto?
Já estou farta de "tugolândia".

sábado, 26 de janeiro de 2008

26 de Janeiro? Que engraçado...

Olha que engraçado... Hoje faz exactamente 33 anos, 9 meses e 1 dia que foi o 25 de Abril de 1974...
Que giro.

O povo unido...



Aqui há tempos, numa conversa com alunos de 16 e 17 anos, vim a perceber que estes olhavam para o período anterior ao 25 de Abril de 1974 com grande desprezo. Intencional ou não, esse desprezo não era senão a manifestação do seu próprio desconhecimento da história. Eu também nasci depois do 25 de Abril (exactamente 9 meses e 1 dia depois), mas sinto um grande respeito pelo nosso passado, principalmente por todos os que lutaram "em tempos de servidão" (como diz a canção de Manuel Alegre). Sinto respeito pelas inúmeras histórias da clandestinidade. Os meus alunos disseram "Ó stôra,... será que aquilo era mesmo assim?", frase acompanhada de um franzir de nariz, um trejeito de cabeça, ou um olhar de desdém... Quanta ignorância.
Como estamos em tempos difíceis, recomendo que olhemos para o passado com atenção. Olhos postos nos que lutaram em tempos ainda mais difíceis, onde a incerteza era grande, e a dor maior. Com a força dos que lutaram renovamos as nossas forças.


Este é o primeiro vídeo recomendado pelo "Mar sem Sal".
Vale a pena vêr os rostos expressivos e o calor de uma multidão. O local é Santiago do Chile, em frente a La Moneda, poucos dias antes do golpe militar de 11 de Setembro de 1973.
Ouçam Quilapayun cantar "El Pueblo Unido Jamas Sera Vencido", e comovam-se.
Era disto que precisávamos em Portugal (outra vez).


www.youtube.com/watch?v=fvlgM70tBGc&feature=related

quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

Acção de Formação ou "Como aprender a gostar desta música esquisita"

Vai decorrer no Teatro Municipal da Guarda uma Acção de Formação deveras interessante. Não é todos os dias que temos um compositor a sério disponível para nos explicar tim-tim por tim-tim o que é isso de "música contemporânea".
É já neste Sábado, dia 26, horário: 9h30–12h30 e 14h30–17h30.

"Música Contemporânea – Introdução às Estéticas Actuais"
Acção de Formação orientada por Eduardo Patriarca.
5€ [inscrição até 25 de Janeiro] • Lotação: 25 participantes • Destinatários: estudantes e professores de música, educadores, interessados no tema.

Quais as principais correntes da música contemporânea? Como evoluiu a sua trajectória nos últimos anos? Quais os compositores e intérpretes mais importantes? Ainda há revoluções na música de hoje? Nesta acção de formação, o compositor e formador Eduardo Patriarca, vai responder a estas e outras questões. Oportunidade para ouvir e compreender a música dos nossos dias.

quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

Tratado Europeu... ma non tropo

A propósito do Tratado de Lisboa já muito foi dito, mas encontrei no editorial do jornal "Associação" (jornal da APD - Associação Portuguesa de Deficientes) algumas ideias de uma rara clareza face aos factos. Aqui vai, pois, a transcrição na íntegra desse mesmo editorial. O texto é escrito por um cego, parece, no entanto, que a sua visão alcança mais longe que a de muitas outras pessoas, dotadas da capacidade de ver. É que.... há cegos e há ceguinhos. E uma grande porcentagem de portugueses pertence à segunda categoria. Voltemos ao Tratado, só para reforçar o óbvio: subscrevo inteiramente este editorial intitulado "Vamos a Votos", de António Matos Almeida. (Os mais interessados podem ir a http://apd.org.pt)

"Ao mesmo tempo que o povo português encontra cada vez mais dificuldades para sobreviver, no momento em que os cidadãos deste país na parte mais ocidental da Europa sentem que a saúde, o trabalho, a educação e outros direitos fundamentais começam a ficar cada vez mais longe, os responsáveis de Portugal não olham a despesas para realizar cimeiras e acolher tratados de interesse nacional mais que duvidoso.
Ao mesmo tempo que num país da América Latina, a Venezuela, um Presidente eleito e sujeito a outros testes eleitorais, apesar de ser apelidado de “tirano” pelos “democráticos” comentadores “políticos” da Europa, apresentou a referendo ao seu povo uma reforma constitucional, os governantes do Velho Continente tudo fazem para que neste continente um “Tratado” que implica a perda de soberania dos respectivos países entre em vigor sem ouvir os povos europeus. Com a afirmação da representatividade dos seus governos o que se pretende é fazer reformas que impõem um novo estilo de vida sem que os povos possam dizer qulquer coisa a este respeito. No entanto, o mais grave é que a negação de qualquer referendo tem por base o receio indisfarçado do voto popular ser contrário às intenções dos “democratas” europeus.
Sentimos e ouvimos catedráticos que a seguir ao 25 de Abril de 1974 eram tão revolucionários a chamarem a si argumentos que já não se ouviam desde o tempo de Salazar. Então não é verdade que se afirmava que o povo português não estava preparado para a democracia e para votar, tal como agora tais catedráticos afirmam que o “Tratado de Lisboa” é complexo demais para que o povo o possa compreender e referendar?!... Então será que os Portugueses serão mais estúpidos que os povos Venezuelanos?!...
Nós os portugueses, que temos sido tão maltratados pelos que nos últimos tempos têm tido o poder, nós, as pessoas com deficiência que temos sido consideradas privilegiadas queremos ser ouvidas. Vamos a votos!..."

Vá lá, malta, toda a gente de lenço...


O meu apelo é simples: vamos todos passar a andar de lenço tipo "Arafat". Traz várias vantagens. Senão vejamos: é um aconchego para o pescoço nos dias mais frios; pode-se colocar por cima do biquini quando formos à praia no verão; pode-se amarrar a um lençol e pendurar na janela do primeiro andar se quisermos descer pela janela (bom para fugir de algum sitio); pode-se lá pôr as compras do lidl e dar um nózinho, servindo de saco (uma vez que não há sacos à borla no lidl); pode-se deixar por esquecimento no local de trabalho, com uma mochila por baixo e... pode ser que alguém se lembre de chamar a Polícia de Segurança Pública, o corpo de Minas e Armadilhas, a judiciária, a protecção civil e a ASAE porque se pode estar perante um possível ataque terrorista. É claro que o nosso local de trabalho encerrará pelo menos três dias para averiguações e desinfecção, e assim ganhamos três dias de férias...
Há coisas ridículas, não há?

http://ww1.rtp.pt/noticias/index.php?article=321557&visual=26&tema=1

De bradar aos céus...

Às vezes não têm nojo de ser portugueses? De viver neste país?
Eu, por muito que já tenha visto e ouvido, consigo sempre ficar ainda mais enojada com o rumo desta república das bananas.
Que país é este que trata desta forma miserável os idosos? Que serviços são estes onde falta a simples atenção a quem sofre? Que governantes são estes que se estão nas tintas para o encerramento de serviços de urgência um pouco por todo o lado, (os chamados Serviços de Atendimento Permanente), contribuindo dessa forma para o acumular de utentes nas urgências dos hospitais centrais?
E nós, que hoje assistimos a isto tudo, como nos tratarão quando tivermos 75 anos?

Nós já não estamos na cauda da Europa. Há muito que caímos do cão...

http://ww1.rtp.pt/noticias/?article=321678&visual=26&tema=1

segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

Refundação do ensino artístico

Tem sido uma característica do Sócrates passar a ideia de que era preciso "mudar" o país, de que era preciso fazer "remodelações" em vários sectores e... tanto tem insistido nessa ideia que ainda há quem se deixe enganar, e confunda "arrogância bacoca" com determinação, que é coisa bem diferente.
Pois então, à semelhança da Saúde, da Educação ou da Justiça, eis que de há um ano para cá, o Governo se lembrou de levar para a frente aquilo que chama de "refundação do ensino artístico".
Assim, o gabinete da "Milu" (para quem não sabe, é o nome carinhoso da nossa Ministra da Educação), fazendo exactamente aquilo que faz noutras áreas, encomendou um relatório e criou uma comissão. Até parece que estou a falar do novo aeroporto. O relatório dado a conhecer no ano passado dizia exactamente aquilo que Sócrates pretendia: que tinham de se mudar determinadas características deste tipo de ensino, blá, blá, blá, e, basicamente, torná-lo insignificante, "que é para não pesar no orçamento". A comissão... lá continua a labutar, e, qualquer dia, é vê-la anunciar uma data de medidas "refundadoras" que terão como consequência o encerramento de várias escolas do ensino especializado de música, o desemprego de vários professores habilitados, o fim da oportunidade de alunos jovens e adultos poderem frequentar este tipo de ensino, entre outras consequências "menores" como por exemplo... nunca mais ser criada uma rede de escolas públicas de ensino especializado, e continuarmos a ter conservatórios de música apenas no litoral, e a norte do rio Tejo.
A comissão responsável pela refundação do ensino artístico integra pessoas que tem alguma experiência no sector. Mas parece que estas correm o risco de se deixar enganar pela "máquina" socialista. Para elas o meu apelo: Acordem! O Sócrates vai acabar com o ensino especializado de música. E vocês vão dar uma ajuda...

Espero não ter razão....

domingo, 20 de janeiro de 2008

A não perder


Na próxima sexta-feira, 25 de Janeiro, pelas 20h, no Teatro Nacional de São Carlos, em Lisboa, vai estrear a ópera de Emmanuel Nunes "DAS MÄRCHEN". Para quem não sabe, Emmanuel Nunes é um dos mais prestigiados compositores portugueses de todos os tempos. E é uma oportunidade única assistir a uma estreia de uma obra sua em Portugal, uma vez que ele reside em Paris. Se calhar, se viesse trabalhar para Portugal pediam-lhe para fazer umas disciplinazitas para ter equivalência à Licenciatura em composição... :-) Agora a sério, vão ver ao vivo, ou num dos 14 teatros portugueses que fazem a projecção da ópera em simultâneo,à mesma hora, permitindo, assim, que um público ainda mais alargado tenha a oportunidade de assistir à estreia. Quem disse que a arte contemporânea (neste caso, a música) era só para as elites? Aproveitem a democratização do acesso à ópera! Ou... enfim... do acesso à projecção da ópera....
Mais informações em: http://www.saocarlos.pt/.

sábado, 19 de janeiro de 2008

Carreira docente



Sem comentários...
"Roubei" este cartoon ao Anterozóide. Confesso que na música já começa a ser assim. Mais numas áreas que noutras.
Agora já quase não aconselho nenhum aluno a seguir música (só em casos muito especiais).
Enquanto não se valorizar a Cultura, em Portugal, será difícil sobreviver a partir dela.

Pelo andar da carruagem...

As últimas notícias que nos vão chegando não são muito animadoras. Num breve espaço de tempo morreram dois bebés de poucos meses. Um às portas dos serviços de saúde (Anadia) e outro a caminho do hospital de Viseu, depois de ter sido visto no centro de saúde de Carregal do Sal.
O que é que falhou? Algumas pessoas poderão defender a tese de que o destino destas crianças não poderia ter sido alterado, mesmo que existissem serviços de saúde devidamente apetrechados, próximos das suas áreas de residência. Mas eu não vejo as coisas desta forma. É óbvio que cada vez mais começam a faltar recursos técnicos, diga-se, meios materiais e humanos aos serviços de assistência em casos urgentes. O Inem é disso exemplo, apesar de, a meu ver, continuar a prestar um bom serviço (muito à custa da boa-vontade dos profissionais que lá trabalham).
Por outro lado, esta "inevitabilidade" está longe de ser um facto. É que estas coisas não acontecem por obra e graça do divino espírito santo. O culpado tem nome: Sócrates. É ele quem está a levar para a frente uma política destruidora do serviço nacional de saúde. E por isso são encerrados serviços que fazem falta às pessoas. Por isso nunca, como agora, se ouvem histórias de crianças que morrem por falta de assistência.
Conclusão, era suposto Portugal andar para a frente, não era? Pois parece que por este andar, lá para o fim de 2008 já estaremos outra vez em 1650. Até 2009 deveremos chegar à Idade Média.

sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

Bom Dia

Hoje é um bom dia para criar um blogue.
Não chove nem está sol. O tempo parece parado.
Janeiro é um bom mês para avançar com novos projectos, novas ideias.
E o ano ainda agora começou.
Vamos ver o que ele nos reserva.