sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

É AMANHÃ


É pela Democracia e pela Liberdade que vamos.

É para defender Abril.

Vai valer a pena a luta!

Atá amanhã

Professores em Luta

Portugal parece estar a acordar de um longo período de hibernação.
Em Coimbra na terça-feira estiveram dois mil professores numa manifestação; na quarta, em Viseu estiveram dois mil, na Guarda, trezentos, hoje em Aveiro estiveram três mil professores...

Força professores.
Vamos ganhar esta luta.

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

Gaivota*

Há umas semanas atrás comecei a ensaiar com o meu Coro Infantil uma canção bem conhecida de todos nós: "Somos livres", da Ermelinda Duarte. Mais conhecida pelas suas simbólicas palavras iniciais, bem ao gosto infantil, "uma gaivota voava, voava..."
Esta semana, a hora de que disponho para a aula não chegou para vêr o reportório todo, e não cantámos a canção da gaivota.
Diz uma aluna de 7 anos:

- "Então hoje não cantamos aquela... (cantando) uma gaivota voava, voava...
- Não, Luciana. Não temos tempo, hoje.
- E para a semana, podemos cantar? E... podemos cantá-la na Audição?
- Sim. Para a semana cantamos essa. E se estiver bem podemos incluí-la na Audição.
- Que bom. É a que eu gosto mais.
- (...) (emoção da senhora professora...)

E lá foram a Luciana, a Rita e o Rodrigo a cantar "uma gaivota voava, voava" pelo corredor do conservatório!


"Ontem apenas
fomos a voz sufocada
dum povo a dizer não quero;
fomos os bobos-do-rei
mastigando desespero.

Ontem apenas
fomos o povo a chorar
na sarjeta dos que, à força,
ultrajaram e venderam
esta terra, hoje nossa.

Uma gaivota voava, voava,
asas de vento,
coração de mar.
Como ela, somos livres,
somos livres de voar.


Uma papoila crescia, crescia,
grito vermelho
num campo cualquer.
Como ela somos livres,
somos livres de crescer.

Uma criança dizia, dizia
"quando for grande
não vou combater".
Como ela, somos livres,
somos livres de dizer.

Somos um povo que cerra fileiras,
parte à conquista
do pão e da paz.
Somos livres, somos livres,
não voltaremos atrás."



*Para a Au loin

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

"Lá que era giro, era..."*



*de autoria do Anterozóide (obrigada).

A escola a quem a trabalha

A Educação está na ordem do dia. A figura triste, para não dizer deprimente, que a ministra fez no programa "Prós e Contras" na segunda-feira deixou-me um sorriso amargo nos lábios. É que, se por um lado existe uma forte contestação por parte dos professores, que tem vindo a crescer de tom nos últimos meses, por outro, apercebemo-nos claramente que esta senhora, ao contrário de outros que passaram pelo cargo, sabe bem o que anda ali a fazer. Ela sabe bem qual a cartilha por onde se rege. Ela demonstra exactamente a mesma arrogância do primeiro-ministro. Quem a ouve parece que a Educação nunca esteve tão bem. As políticas de direita do Governo, nesta área como noutras, estão orientadas para uma só finalidade: destruir o que de democrático ainda existe no sistema.
A escola será talvez uma das poucas instituições onde quem tem funções de gestão é também quem dá (ou deu, ou dará) aulas. Porque os conselhos executivos são eleitos, porque há mandatos, porque os professores são empenhados, participativos, e preocupados com o projecto específico da escola. As escolas são instituições onde a participação de um colectivo marca a diferença, contribuindo para uma evolução, para um bom trabalho ter lugar. E mais, esse funcionamento serve de exemplo aos jovens, que percebem através da sua experiência no ensino, no papel de alunos, qual a importância do trabalho colectivo, da discussão de ideias, da liberdade e da democracia que deverão ser princípios orientadores da sua postura pela vida fora.
Não é, por isso, de estranhar que esta gente queira modificar este enquadramento, utilizando para isso, diversas estratégias, umas mais óbvias que outras. E, contagiados pelo formato universitário "bolonhês", querem trazer para o ensino básico e secundário os mesmos tiques neo-liberais oriundos de uma Europa entregue ao grande capital, que quer tudo menos seres pensantes e autónomos nas escolas. Antes preferem gente que saiba inglês desde cedo (a língua do Império), e que tenha uma postura acrítica na vida, sendo assim muitíssimo mais fáceis de controlar.
Faz tudo parte do mesmo bolo. O mesmo Sócrates que recebe com tapete vermelho os líderes (detesto esta palavra) europeus, trata agora de arrumar de vez com tudo o que é público. Desde hospitais a escolas.
Mas este Governo não perde por esperar (como se diz lá na minha terra).
Nunca vi tanta gente indignada. Mesmo gente que nunca esperei vêr.
E este mês de Março vai-lhes custar caro, vai-lhes dar muitas dores de barriga.
Já é quase dia 1...

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

Computadores, Rotundas, Ruas e afins...

Pois é. Isto de estarmos habituados aos computadores tem muito que se lhe diga. Calhei de ter uma avaria no disco nesta semana que passou e lá foi o bichinho para a reparação. Veio de lá sem passwords, fiquei com trabalho atrasado, e outras coisas do género... E cá estou eu às tantas da manhã a fazer testes para as próximas duas semanas. É que o II período escolar está quase a acabar. (Rima e é verdade!)

Porém, não posso deixar de partilhar convosco uma notícia que vi sobre um BUZINÃO organizado pelo PCP na freguesia de Abraveses, Viseu. Ao que parece, o presidente Ruas permitiu que fosse cortada uma artéria importante da circulação naquela freguesia. Foi cortada por uma estrada larga, de duas faixas, chamada "circular norte". Mas quem concebeu o projecto não contemplou a estrada antiga (a estrada velha de abraveses) com nenhum cruzamento, nem com rotundas, já que nesta cidade pelos vistos, abundam rotundas, mesmo para espaços vazios.
O problema é que a população está indignada, tanto mais porque existe ali uma escola, e os pais dos alunos vêem-se obrigados a fazer cerca de um quilómetro a mais para seguir viagem, todos os dias, até à rotunda mais próxima.
Houve, então, um partido que se colocou ao lado da população nesta luta. O PCP organizou já várias iniciativas, sendo a última um buzinão no passado sábado dia 23, e, segundo as notícias, parece que correu muito bem.
Enfatizo esta notícia para rebater uma ideia que há uns tempos circulava, que Viseu seria a melhor cidade portuguesa para se viver. Havia até um estudo da DECO a acompanhar este raciocínio. Um estudo que me levanta as maiores dúvidas, uma vez que tinha uma amostra muito pouco representativa. Este estudo permitiu a Fernando Ruas, o presidente da autarquia viseense, vangloriar-se várias vezes na comunicação social, dando a entender que em Viseu tudo era perfeito.
Pelos vistos não.
Este pequeno exemplo revela as fragilidades da gestão autárquica viseense. Segundo fontes que não posso revelar, há muitos mais exemplos de arrogância do Fernando Ruas, que por seu turno, já afirmou não ceder a pressões, relativamente à construção de uma rotunda naquele local.
Bem... aquilo que Ruas chama de "pressão", eu chamo de justo protesto das populações. E agora, digam-me vocês, ele não foi eleito para as servir?

sábado, 23 de fevereiro de 2008

Música para o Fim de Semana

Amantes de Bach, ouçam este video. E os que não são também podem ouvir. Trata-se de um excerto de uma maratona "24 horas de Bach" que decorreu na Alemanha, e no âmbito da qual participou o fabuloso cantor que vão escutar. Trata-se de Bobby McFerrin, um dos meus cantores favoritos, dono de uma voz impressionante, não só pelo seu timbre único mas pelas capacidades técnicas e expressivas, pelo seu grande sentido rítmico e harmónico, pela sua capacidade de improvisação, pela grande formação erudita e jazzística, e pelo seu bom humor. Aliás, ele é conhecido do grande público pela sua famosa canção "Don't worry, be happy". (Quem é que nunca cantarolou esta letra?)
Como poderão observar, aquilo que acontece neste video dificilmente aconteceria em Portugal. Neste país, as pessoas nem a cantar os "Parabéns a você" afinam! Na Alemanha dão-se ao luxo de conhecer muito bem certas obras do reportório erudito (1º prelúdio do 1º caderno do "Cravo bem Temperado", de Bach, com a "Avé Maria" que Gounod lhe associou). Esta boa formação musical não nasceu de um dia para o outro: é fruto de um bom sistema de ensino da música acessível a partir do ensino genérico. Que é o mesmo que dizer: os alemães, para cantar assim, não tiveram que frequentar um conservatório. Bastou-lhes a disciplina de música na escola. Já os portugueses... que desgraça. A maioria teve música no II ciclo, tocou "As pombinhas da Catrina" na flauta de bisel, e pouco mais. Os portugueses foram enganados pelos sucessivos governos, pois, assim como acontece noutras áreas, o ensino de música foi completamente inconsequente na vida das pessoas. Mas eu até acho que os portugueses são muito musicais. E em qualquer farra, lá se chegam à frente para cantar com a voz que têm. É pena que o potencial das pessoas não seja acompanhado por políticas adequadas, que pusessem toda a gente a cantar afinada, já não digo Bach mas, sei lá... o "Acordai", do Lopes-Graça (que não lhe fica atrás em qualidade).
Bom fim de semana.

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

Notícias

As notícias que tenho ouvido por estes dias na comunicação social são de deixar qualquer um deprimido. Desde o atropelamento mortal de uma criança de 11 anos numa passadeira, em Amarante, até ao aproveitamento que tem sido feito em virtude das declarações de Fidel Castro, às vezes tenho vontade de atirar um tijolo à televisão e nunca mais a ligar.
Mas reconforta-me a ideia de que através da luta podemos mudar o rumo de algumas coisas. E foi assim que aconteceu recentemente com o novo modelo de gestão e autonomia das escolas. O Governo, face à forte contestação dos professores, recuou, e acabou por fazer uma série de alterações. Assim vale a pena.

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

Aaah... a vaidade!

Estou vaidosa, hoje. O Samuel, do Cantigueiro, deu-me uma prendinha, e diz que o meu blogue:



Sinto-me honrada com tal distinção. Principalmente porque o Mar sem Sal ainda só fez um mês na blogosfera, apesar de já conviver com este título há uns quantos anos.
Um dia destes conto-vos a história ligada a este nome.
E agora? tenho que atribuir a prenda a outros sete blogues, não é? Para contrariar preferi seleccionar apenas quatro, desta vez. Sou poupadinha. Dou as outras três prendas daqui por mais algum tempo.
Então cá vai:

Anterozóide
Anónimo Sec.XXI
Cravo de Abril
We have Kaos in the Garden

E ao Samuel envio um beijinho, e um muito obrigada.

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

Ensino Artístico (outra vez)

Vale a pena conhecer o que diz Pedras contra canhões, no blogue "Império Bárbaro". Excelente post intitulado "saudação e acusação" onde se dizem umas quantas verdades.

Ao Pedras contra canhões o meu bem-haja pelo execelente post!

terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

Eh eh eh..



Ora, uma imagem vale mil palavras. E como não quero fazer uso de algumas expressões em vernáculo para me referir a este tipo, deixo-vos com uma imagem sacada ao "We have kaos in the garden".

Li uma frase... que era um mundo

"O camarada é aquele que é revolucionário - e que não desiste de o ser mesmo que todos os dias lhe digam que o tempo que vivemos é coveiro das revoluções."

A frase é de José Casanova, in Avante! 20.6.2002.
(Re)encontreia-a no Cravo de Abril.
E estavam lá mais frases bonitas... Mas eu gostei mais desta! Sabe-se lá porquê...

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

A nossa "Madrugada" de dia 1 de Março



Madrugada

Dos que morreram sem saber porquê
Dos que teimaram em silêncio e frio
Da força nascida do medo
Da raiva à solta manhã cedo
Fazem-se as margens do meu rio.

Das cicatrizes do meu chão antigo
E da memória do meu sangue em fogo
Da escuridão a abrir em cor
De braço dado e a arma flor
Fazem-se as margens do meu povo

Canta-se a gente que a si mesma se descobre
E acordem luzes arraias
Canta-se a terra que a si mesma se devolve
Que o canto assim nunca é demais

Em cada veia o sangue espera a vez
Em cada fala se persegue o dia
E assim se aprendem as marés
Assim se cresce e ganha pé
Rompe a canção que não havia

Acordem luzes nos umbrais que a tarde cega
Acordem vozes, arraiais
Cantam despertos na manhã que a noite entrega
Que o canto assim nunca é demais

Cantem marés por essas praias de sargaços
Acordem vozes, arraiais
Corram descalços rente ao cais, abram abraços
Que o canto assim nunca é demais
O canto assim nunca é demais.

domingo, 17 de fevereiro de 2008

Congresso

A comunicação social bem tentou. Mas não resultou. Houve uma clara campanha para denegrir a CGTP. Mas correu-lhes mal.
A CGTP está agora reforçada, e está aí para continuar a lutar por todos os trabalhadores portugueses.
Força. A CGTP faz muita falta ao país.
Só com uma CGTP forte poderemos ver defendidos de forma séria os nossos direitos.

Quem quiser pode acompanhar o que por lá se passou no site da RTP.

Música para o Fim de Semana

Como o tempo não anda para trás, a única forma que encontrei para poder agradecer ao Carlos Paredes a magia que me transmite quando toca, foi colocar aqui um video com os "Verdes Anos".
Este tema deveria ser transformado em hino nacional. Deixávamos lá o "contra os canhões marchar, marchar" e passávamos a cantar algo mais bonito...

Carlos Paredes faria hoje anos se fosse vivo.
Na verdade, a sua música está bem viva em muitos de nós. Eu sei que é um clichè, mas todos os clichès tem o seu lado de verdade.

E agora, silêncio, vai-se carregar no play...

sábado, 16 de fevereiro de 2008

Ainda o Ensino Artístico... (5)

...Desculpem lá, mas é a minha área. E como tal, não posso aceitar que depois de anos e anos de abandono por sucessivos governos Ps, Psd e Cds-pp, durante os quais os professores e alunos dos conservatórios tiveram de aprender a sobreviver (e mesmo assim foram formados grandes profissionais), o actual Governo sócretino queira fazer "tábua-rasa" de tudo o que existe em nome de uma "reforma" que só naquelas cabeças funciona. Que atrevimento vir dizer que querem "democratizar" o acesso a este tipo de ensino. Que lata. Este Governo tem, porventura, demonstrado sinais de democratização, de justiça e de sensatez na área da saúde? E quando fecharam escolas primárias um pouco por todo o país, estavam a democratizar o ensino? A torná-lo mais próximo das crianças, a permitir-lhes uma melhor qualidade de vida? Também nesta área a ideia é entregar tudo aos privados. Demitir o Estado das suas funções, esvaziá-lo da responsabilidade que este tem no fomento da Cultura e da criação artística no país. A ministra da Educação mentiu ao afirmar, em entrevista dada hoje à Sic Notícias, que "lá fora este é o modelo que melhor funciona", referindo-se ao regime de frequência integrado nas escolas de ensino especializado de música. Pois eu insisto: mentiu. Em França não é assim, em Espanha não é assim. Em Itália não é assim. E em Portugal o único conservatório onde o regime integrado funciona com um sucesso relativo é em Braga. Porém, nunca foi feito o balanço do número de profissionais formados em regime integrado comparativamente aos profissionais formados em regime supletivo ou articulado. Em termos porcentuais, claro.
A ministra tem um objectivo claro: reduzir drasticamente o número de alunos nos conservatórios públicos, através do corte das Iniciações e da obrigatoriedade do regime integrado. Entretanto, em alguns conservatórios particulares já se fala no corte de financiamento ao regime articulado. Pelo que, só podemos concluir que o suposto investimento de 15 milhões de euros será distribuido por uma de duas coisas, ou por ambas: pagar as despesas relativas à construção de dois novos edifícios, que serão construídos para albergar os conservatórios do Porto e de Coimbra, e para distribuir pelos privados que vierem a adoptar o regime integrado (o que constituirá um número residual, sendo poucas as hipóteses de se conseguir realizar tal façanha em certas áreas geográficas).
Reformar o ensino artístico era, na minha óptica, ampliar a rede de escolas públicas em todo o país. Era abrir cursos de dança e teatro em todos os conservatórios. Era colocar a música como actividade curricular no I ciclo - e não remetida para um papel perfeitamente idiota, que é o que acontece com os actuais enriquecimentos curriculares, a dar barraca por esse país fora.

Enfim...
Nota-se que estou só um bocadinho farta desta gente!

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

Ensino Artístico (4)

Finalmente tive conhecimento da questão da reforma do Ensino Artístico ter sido levada à Assembleia da República. Hoje, o deputado Miguel Tiago (do PCP) fez uma intervenção brilhante, que podem ler se clicarem aqui.
Uma grande clareza de ideias que ajuda à real colocação do problema. Vale a pena lêr.

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

Um livro e duas cantoras

Enquanto neste paraíso à beira-mar plantado nada de novo acontece, recomendo vivamente que retemperemos as nossas energias com uma ou outra actividade da qual gostamos. Eu como não vivo sem música recomendo a ída a concertos e a audição de boa música. Outra hipótese será a leitura de um bom livro.
Por estes dias, ofereceram-me um livro que ainda não comecei a lêr, mas que espero começar em breve (tão breve, que vai ser mais ou menos dentro de 5 minutos, que é o tempo que vai demorar "postar" esta mensagem e ir-me enfiar em vale de lençóis...).
Falo do livro "Diário Remendado 1971-1975" do senhor Luiz Pacheco.
Certamente já ouviram falar...
Quanto a boa música não deixem de ir vêr e ouvir Mari Boine à Guarda, na próxima sexta-feira. Outra sugestão, neste caso para Domingo, na Casa da Música, no Porto: Cristina Branco e Ensemble Modern.
Mari Boine, uma cantora norueguesa que dificilmente teremos oportunidade de ouvir novamente em Portugal, é uma artista ímpar, bastante conhecida no meio da World Music. Cristina Branco, portuguesa, vai apresentar um trabalho em estreia absoluta, cruzando o fado com técnicas e abordagens da música contemporânea, tendo contado com a ajudinha de, entre outros, Thomas Goepfer, responsável pela realização informática musical do IRCAM (Paris). Está bem acompanhada, sim senhora! Qualquer um destes espectáculos promete!

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

Acordai



"Acordai homens que dormis" dizia José Gomes Ferreira.
Em todas as épocas houve pessoas "a dormir", i.e., alienadas da realidade. Pessoas a quem a dor e o sofrimento dos outros nada dizia. Pessoas que não se importavam que a injustiça e a desigualdade existissem. Pessoas que, com a sua insensibilidade, contribuiam para o perpetuar dessas mesmas injustiças. E sempre houve quem lutasse contra isso. Agora, ano 2008, Fevereiro, acho que estamos mais uma vez a caminhar para um limite. Já chega. É tempo de acordar novamente, de gritar o que nos vai na alma. De lutar por um mundo mais justo.

Não foi por acaso que na segunda-feira, na manifestação ocorrida junto ao Conservatório Nacional se cantou o "Acordai", em defesa do ensino artístico, agora ameaçado pelo Governo de Sócrates. A música de Lopes-Graça tem para nós um significado especial. Não vale só pela força das palavra e das notas, pelo jogo de vozes ou pelo grande crescendo. Vale por aquilo que representa: é o nosso toque de alerta, e recorda-nos que sem luta não se alcançam objectivos. Quem luta nem sempre ganha, mas quem não luta perde sempre...

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

A Educação está... marreca!


Não posso deixar de partilhar convosco as risadas que dei ao vêr este cartoon do Anterozóide. Delicioso.
O marreco, então, parece-se muito com o Valter Lemos!...

domingo, 10 de fevereiro de 2008

Música para o Fim de Semana

... Pela Aziza Mustafa Zadeh, cantora e pianista do Azerbeijão.
Comecei a gostar da música dela há muitos anos atrás.
E continuo a ficar quietinha, caladinha e quase sem respirar quando ela canta.

A flor que mora em nós



Eu ainda não era nascida quando se deu o 25 de Abril. Mas tenho saudades daquele dia.
Já vos aconteceu? Sentirem saudades de um dia que não viveram, ou de uma paisagem que não visitaram pessoalmente, ou de alguém com quem nunca falaram? Será "saudade" o termo? Não sei. Mas certamente há algo que influencia as minhas emoções por me lembrar deste dia. Porque talvez tenha sido o sonho de muitas das pessoas mais velhas que convivem comigo. Ou porque simplesmente há uma carga emocional muito forte associada a este dia. E as emoções são das coisas mais difíceis de ignorar, mesmo para mentes treinadas. Podem até existir sem que o seu "dono" se aperceba que as tem. É complexo o nosso cérebro.
É engraçado... Toda a gente tem um cérebro. Neste momento em que escrevo, e no momento em que tu lês este post estamos ambos a usar o cérebro. O que me leva a pensar:
Porque é que os portugueses não usam o cérebro mais vezes?! Porque é que não analisam as suas vidas, somam A mais B, e tiram conclusões?...
Mas hoje não quero ficar angustiada (outra vez) com esta questão retórica. Quero só beber o vermelho desta flor, sentir a sua força. Sentir a sua presença. E pensar que aquele dia lá longe também deu frutos, não deu só flores.

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

Ensino Artístico (3)

Hoje foi dada a conhecer a posição da FENPROF relativamente à reforma do ensino artístico. Temos agora uma forte ajuda na luta que está em curso. Com a Fenprof a questionar o ME, a nossa Milu lá terá que dizer "preto no branco" o que é que pretende fazer concretamente. E já não aceitamos qualquer coisa. Não adianta dar respostas vagas do género "sim... queremos por mais gente a estudar música, e tal..."

Para lêr, clique aqui!

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

Ensino Artístico (2)


O Governo mente. Isto já não é novidade.
Mas agora chegou-me a mostarda ao nariz!
A notícia de hoje que podem ver no site da RTP revela o que pretende este Governo. Não se deixem enganar.
O regime Supletivo é o mais requisitado porque nem sempre as crianças descobrem aos 10 anos de idade que querem seguir profissionalmente a profissão de músicos. A escolha profissional decide-se aquando da passagem para o ensino secundário (10º ano). É bom recordar, em abono da verdade, que a esmagadora maioria dos músicos profissionais portugueses frequentou o conservatório em regime supletivo. Este regime de frequência é também o mais indicado para possibilitar a adultos a sua inscrição em escolas especializadas. Ou, porque se é adulto, não se pode estudar no ensino especializado? Até no ensino regular, os adultos que deixaram de estudar podem voltar à escola, e ter a oportunidade de seguir uma carreira nova. Quando digo "adulto" também posso dizer "jovem". Basta ter 15 anos e querer estudar música para já não o poder fazer numa escola especializada. "Porque é que não te lembraste disso quando tinhas 10 anos?!"
É bom dizer, em abono da verdade, que não existe uma rede de escolas públicas de ensino especializado. E que as escolas que fazem uma cobertura mínima do território português são particulares. Mas, contrariamente ao que acontece no ensino regular, muitas delas são de raiz associativa ou de gestão autárquica, não tendo fins lucrativos, e desempenhando um papel social importante. Não são comparáveis a colégios privados, nem devem, por isso, ser tratadas como tal. Eu acho que deveriam nacionalizar uma boa parte das academias e conservatórios privados, senão todos. Porque aí sim, estariam a permitir a centenas de crianças o acesso a este tipo de ensino (uma vez que, neste momento, não tem condições de pagar propinas). Essa medida daria prossecução aos objectivos deste ME: aumentar o número de alunos que frequentam o ensino artístico. Ah, pois. Mas isso precisaria de... investimento! E o Governo não quer gastar dinheiro com o ensino artístico. Por isso é que se esconde atrás de "nobres objectivos" e adopta uma série de medidas que vão lesar alunos e professores, e, no limite, a Cultura deste país. Como a decisão de acabar com as Iniciações.
É bom lembrar que as classes de Iniciação são fundamentais neste ensino. Acabar com elas é comprometer o futuro. Nos conservatórios as crianças já podem aprender um instrumento musical mesmo antes dos 10 anos, i.e, na Iniciação. Se isto for para a frente nunca mais teremos uma Maria João Pires - que começou a tocar piano aos 4 anos - nunca mais teremos fotos como a que vos deixo.

Agora a sério

Pois é.
Afinal, sempre houve carnaval. E lá se viram, um pouco por todo o lado, as costumeiras cenas de cortejos, dançarinas, carros alegóricos, fantasias, etc, etc. O problema é, como diz uma canção de Tom Jobim:

"A felicidade do pobre parece
A grande ilusão do carnaval
A gente trabalha o ano inteiro
Por um momento de sonho
Para fazer a fantasia
De rei, ou de pirata, ou jardineira
E tudo se acabar na quarta-feira."

Porque depois da festa os ricos, em Portugal, continuaram a ser ricos, e os pobres continuaram a ser explorados.

É importante pôr os pés na terra, não baixar os braços, demonstrar que estamos a perceber perfeitamente para onde querem levar este país.
E continuar a luta, continuar sempre.
Mesmo que paremos por um momento para rir, não podemos esquecer todos aqueles que só tem razões para chorar. E é pelos mais fracos, pelos oprimidos, pelos explorados, por todos os trabalhadores deste país que temos de dizer: Basta. Temos que mudar de rumo!

Este país precisa de outra política. Precisa de forte investimento na Saúde (e não de encerramentos compulsivos de serviços), precisa de uma forte aposta na Educação
(e não de perseguições aos professores como se eles fossem a causa de todos os males), precisa de Cultura (e não de especuladores de arte tipo Berardo).

Este país precisa de algo que este Governo não tem: Socialismo.
Mas agora, a sério.

Substituir Gato por Sócrates

Eh, eh, eh...



(Obrigada ao blogue "A Dupla Personalidade")

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2008

Projectos Socráticos

O Sócrates assinou projectos realizados por outros, para a Câmara da Guarda. AAAAhhh. Como é bom viver num país cujo primeiro-ministro é o exemplo de integridade...
O problema não é o indivíduo ser um perfeito imbecil corrupto e assassino. O problema é haver gente que o defende... (Saudades de um ditador?)
É que, essas pessoas que o defendem vão voltar às urnas, arrebanhadas pelos caciques da terra, e vão tentar dar-lhe uma vez mais o poder absoluto que lhe permite, neste momento, estar a aniquilar Portugal. Como é odiosa a falta de cultura...
Entretanto, enviaram-me algumas imagens com os projectos de engenharia do Sr. Sousa.
Não sei se são verdadeiros, mas a julgar pelo mau gosto de alguns, devem ser.
Sentem-se e divirtam-se.

Projectos Socráticos

domingo, 3 de fevereiro de 2008

Entrudo

Fechou-se a cara do tempo, e choveu. Chouveu muito.
Vimos juntos a água cair, o vento tombar as folhas das árvores, e não saiu o cortejo à rua.
Não foi triste, foi belo.
Porque apesar da máscara no rosto, pude ver o brilho do teu olhar, onde reflectia a clara luz que se estendeu pelas ruas vazias.
Apesar de tudo, não me abandonou o desejo de continuar viva, dia após dia.
E de continuar a lutar, despindo a máscara no dia seguinte.
Porque o cinzento do céu não mora sempre no coração. E também de chuva ele é feito.

Bom Entrudo.
Já que o carnaval ficou por terras de Vera Cruz.

Zeca Afonso pela Jacinta

Música para o fim-de-semana. Já muita gente ousou cantar Zeca Afonso. Mas nunca ninguém o fez assim, como Jacinta faz. Não é só o timbre da voz e a afinação. A qualidade da interpretação vem da vida dos sentimentos, dos contrastes emocionais, próprios da música do Zeca Afonso. Está lá tudo: a raiva, a doçura, a poesia, a tristeza, a dor e a beleza... Para ouvir antes de deitar.



Beijinho grande para ti, Jacinta.
E obrigada por nos trazeres Zeca Afonso.

sábado, 2 de fevereiro de 2008

Ensino Artístico

Eu não avisei?!
Ainda há pouco tempo me referia à comissão designada pelo Governo para estudar a reforma do ensino artístico. Ironicamente, tinha afirmado que esta concluiria exactamente aquilo que o Governo quer, para cumprir uma agenda que nós músicos e professores desconhecemos. Aí estão as mais recentes declarações do Ministério da Educação relativamente ao futuro deste tipo de ensino. Desfeitas as dúvidas, estamos pela primeira vez de que há memória em Portugal, perante a hipótese de extinção do ensino especializado de música.
Já há movimentações por parte de alguns colegas meus no sentido de travar as intenções do Ministério da Educação. Existe uma Petição que recomendo vivamente a todos que assinem. O link está aqui ao lado deste post, caso ainda não tenham visto.
A quem desconhece as particularidades deste tipo de ensino aponto 2 razões fortes para assinar:
1 - Não há uma rede de escolas públicas de ensino especializado, e não acredito que ESTE Governo a construa;
2 - O ensino integrado serve uma minoria de alunos. Se a reforma for para a frente vamos diminuir e não aumentar o número de alunos nas escolas de ensino especializado.

E fico por aqui. Até porque esta matéria promete pano para mangas.

O polícia, a multa e o acidente

Circulando alegremente pela A25 vi-me mandada parar por um carro da Brigada de Trânsito. Após os trâmites habituais, de pedido e verificação dos documentos, passou-se o seguinte diálogo.
Polícia: "Isto é um veículo de mercadorias..."
Eu: "Sim."[é um jipe de dois lugares]
Polícia: "Então e já foi à inspecção?"
Eu: "Não. O Jipe é praticamente novo. Tem dois anos. Não tem de ir à inspecção"
Polícia: "Sabe que os veículos de mercadorias com mais de dois anos tem de ir à inspecção?"
Eu:"..."
Polícia: "Pois é. O veículo é de Dezembro. Já passaram dois anos. Circular sem a inspecção feita dá direito à uma multa no valor de 250 euros."
Eu: "Como???? Não sabia..."
Polícia: "É assim. E é uma multa de pagamento imediato. No caso de não ser paga terei de lhe apreender os documentos do veículo..."
Eu: "250 euros? São 50 contos. Custam muito a ganhar. Custa-me a crer que... "
Polícia: "Pois custa, pois custa a ganhar..."

Entretanto o polícia retirou-se por uns momentos para ir ao seu carro.
Indignada, estupidificada e aparvalhada lá comecei a preencher um cheque, sem acreditar no que me estava a acontecer. Quando ele regressou, voltei à carga:

Eu: "Tanto rigor!!! Acha mesmo que esta fiscalização faz alguma coisa pela melhoria das condições de circulação nas estradas? É a cobrar multas que impedem os acidentes? Enquanto está aqui a multar-me podem estar a haver acidentes nesta estrada. E aí sim, é que vocês são precisos..."
Polícia: "Sim, mas repare que há veículos de transporte de mercadoria que com dois anos já estão muito usados, o que pode criar problemas... Além disso se você tiver um acidente sem a inspecção feita, o seguro....está a vêr, não é? Não paga nada."
Eu: "Ainda assim, há coisas bem mais graves, na estrada, para a polícia andar atrás. Se eu tivesse bebido, ou fosse em excesso de velocidade, aí sim. Estaria a pôr em risco a minha vida e a dos outros. Agora a falta de inspecção num carro com dois anos... Sinceramente."

O polícia retirou-se por mais um bocadinho. Ali fiquei...
Passei o cheque, e entreguei-o ao polícia que tinha voltado entretanto.
Quando me preparava para ir embora ainda reforcei uma vez mais a ideia:
Eu: "Espero que não esteja a decorrer para aí nenhum acidente, enquanto me estavam aqui a multar por uma coisa sem importância..."

Passada aquela interrupção na minha viagem, fiz-me novamente à estrada.
Cerca de um quilómetro à frente deparei-me com um acidente na faixa oposta. Um carro todo espatifado. Pessoas a correr, a fazerem sinal ao trânsito que lá vinha.. Tinha acabado de acontecer. E ainda não tinha chegado a Brigada de Trânsito.
Pudera. Esta estava entretida na caça à multa, ou à gorjeta, não percebi bem. Os polícias faziam falta no local do acidente. Faziam falta na estrada, a patrulhar, a lembrar aos condutores, através da sua presença, que o código da estrada deve ser cumprido, que a velocidade não deve ser excedida...

Assim não.
não há qualquer forma de nos sentirmos seguros, defendidos, protegidos pelas nossas forças de segurança. É que, sem uma acção justa, não há sociedade que resista por muito tempo.

Estou sempre solidária com as acções de luta destes profissionais, quando as há. Também eles são vítimas de políticas que os prejudicam gravemente. Mas cabe aos profissionais de qualquer área fazerem-se respeitar. Com telenovelas como esta acabam por perder a solidariedade de muita gente.