Há umas semanas atrás comecei a ensaiar com o meu Coro Infantil uma canção bem conhecida de todos nós: "Somos livres", da Ermelinda Duarte. Mais conhecida pelas suas simbólicas palavras iniciais, bem ao gosto infantil, "uma gaivota voava, voava..."
Esta semana, a hora de que disponho para a aula não chegou para vêr o reportório todo, e não cantámos a canção da gaivota.
Diz uma aluna de 7 anos:
- "Então hoje não cantamos aquela... (cantando) uma gaivota voava, voava...
- Não, Luciana. Não temos tempo, hoje.
- E para a semana, podemos cantar? E... podemos cantá-la na Audição?
- Sim. Para a semana cantamos essa. E se estiver bem podemos incluí-la na Audição.
- Que bom. É a que eu gosto mais.
- (...) (emoção da senhora professora...)
E lá foram a Luciana, a Rita e o Rodrigo a cantar "uma gaivota voava, voava" pelo corredor do conservatório!
"Ontem apenas
fomos a voz sufocada
dum povo a dizer não quero;
fomos os bobos-do-rei
mastigando desespero.
Ontem apenas
fomos o povo a chorar
na sarjeta dos que, à força,
ultrajaram e venderam
esta terra, hoje nossa.
Uma gaivota voava, voava,
asas de vento,
coração de mar.
Como ela, somos livres,
somos livres de voar.
Uma papoila crescia, crescia,
grito vermelho
num campo cualquer.
Como ela somos livres,
somos livres de crescer.
Uma criança dizia, dizia
"quando for grande
não vou combater".
Como ela, somos livres,
somos livres de dizer.
Somos um povo que cerra fileiras,
parte à conquista
do pão e da paz.
Somos livres, somos livres,
não voltaremos atrás."
*Para a Au loin
10 comentários:
... e não é lindo?
Que bom.....
Nos umbrais do pensamento
Mora o desejo no limite da razão
Roubando os segredos do corpo
Lançando ao vento a emoção
Uma rosa breve guarda a beleza
O amor é orvalho de feliz pranto
O horizonte é o começo do infinito
A chegada de uma onda é alegro canto
Convido-te a sentir o beijo da chuva
Mágico beijo
E aquela criança, que nascida 2 meses antes do 25 de Abril, chamava de voava voava todos os aparelhos que dessem música, tal como rádios e gira-discos?!... hoje essa criança milita nesse grande colectivo que é o PCP.
É lindo, então não é!
E quantas boas recordações...
Estávamos a trabalhar no mesmo teatro, durante o auge de popularidade da cantiga, a Ermelinda Duarte e eu...
Como ela se encontrava "presa" ao teatro e por isso pouco disponível para a "maluqueira" que eram as centenas de "cantos-livres" que se realizavam, devo ter cantado (eu e outros) a "Gaivota", em público, mais vezes que ela.
Ainda hoje é uma cantiga que nunca falha :)))
Abreijos
Q alunas tao ricas!!!
A minha cançao preferida, dos meus tenros anos!!! :-))
ficou-me no sangue essa!!!
Aii!!Obrigada!!!
nao tinha reparado naquelas ultimas palavrinhas...
és uma querida!!
beijinhos pra ti e para os teus
:-))))
Como professor de música, fartei-me de ensaiar essa música com os meus alunos!
Sal
Obrigas-me a cantar-te aquela!
"Tenho uma lágrima no canto do olho"
Bem hajas
Abraço
José Manangão
Antuã: a criança que chamou "voava voava" a tudo o que produzia música não poderia senão ter vindo a fazer parte desse grande colectivo que é o PCP. Imgaino que também deve ter mantido uma relação muito forte com a música...
Enviar um comentário