segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Música para começar a semana


Primeiro ouçam:



É espectacular, não é?
É uma das variações (de nome "Nimrod") de uma obra chamada "Variações Enigma", de Elgar.
Música verdadeiramente arrebatadora.
Para começar bem a semana!


sábado, 27 de setembro de 2008

Féééééérias... chuif chuif


Fotos das férias.
São fofinhos, não são?
Quem me dera que as férias voltassem rápido...
Já estou farta deste ano lectivo, e ainda agora começou!

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

E se perdessemos a lucidez por uns instantes?

O meu olhar é nítido como um girassol.
Tenho o costume de andar pelas estradas
Olhando para a direita e para a esquerda,
E de, vez em quando olhando para trás…

E o que vejo a cada momento

É aquilo que nunca antes eu tinha visto,
E eu sei dar por isso muito bem…

Sei ter o pasmo essencial

Que tem uma criança se, ao nascer,
Reparasse que nascera deveras…
Sinto-me nascido a cada momento
Para a eterna novidade do Mundo…

Creio no mundo como num malmequer,
Porque o vejo. Mas não penso nele
Porque pensar é não compreender …

O Mundo não se fez para pensarmos nele
(Pensar é estar doente dos olhos)
Mas para olharmos para ele e estarmos de acordo…

Eu não tenho filosofia: tenho sentidos…
Se falo na Natureza não é porque saiba o que ela é,
Mas porque a amo, e amo-a por isso,
Porque quem ama nunca sabe o que ama
Nem sabe por que ama, nem o que é amar …
Amar é a eterna inocência,
E a única inocência não pensar...



(Hmmm. Não sei... tenho as minhas dúvidas... É que... o poeta é um fingidor. Por isso não sei se desta vez está certo...)

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Para que serve a Poesia?

Pergunta sem resposta consensual.
É o mesmo que perguntar para que serve a música, ou o amor, ou a vida.
Estamos vivos, é só isso.
E um dia tudo passará, e só fica o que não se acaba.
Se dúvidas tivesse, bastaria regressar à minha infância, para verificar que sempre, sempre estive rodeada de poesia.
Ontem o Cravo de Abril recordou-me Pablo Neruda, no dia em que passavam exactamente 35 anos da sua morte. Fui dali, lê-lo outra vez. Fiquei de novo rendida. Fiquei rendida e derretida! É que... a sua poesia é mesmo linda.
Daquelas que apetece morder.
Ora reparem:


"Posso escrever os versos mais tristes esta noite.
Escrever, por exemplo: "A noite está estrelada,

e tiritam, azuis, os astros lá ao longe".

O vento da noite gira no céu e canta.



Posso escrever os versos mais tristes esta noite.

Eu amei-a e por vezes ela também me amou.

Em noites como esta tive-a em meus braços.

Beijei-a tantas vezes sob o céu infinito.



Ela amou-me, por vezes eu também a amava.

Como não ter amado os seus grandes olhos fixos.

Posso escrever os versos mais tristes esta noite.

Pensar que não a tenho. Sentir que já a perdi.



Ouvir a noite imensa, mais imensa sem ela.

E o verso cai na alma como no pasto o orvalho.

Importa lá que o meu amor não pudesse guardá-la.

A noite está estrelada e ela não está comigo.



Isso é tudo. Ao longe alguém canta. Ao longe.

A minha alma não se contenta com havê-la perdido.

Como para chegá-la a mim o meu olhar procura-a.

O meu coração procura-a, ela não está comigo.



A mesma noite que faz branquejar as mesmas árvores.

Nós dois, os de então, já não somos os mesmos.

Já não a amo, é verdade, mas tanto que a amei.

Esta voz buscava o vento para tocar-lhe o ouvido.



De outro. Será de outro. Como antes dos meus beijos.

A voz, o corpo claro. Os seus olhos infinitos.

Já não a amo, é verdade, mas talvez a ame ainda.

É tão curto o amor, tão longo o esquecimento.



Porque em noites como esta tive-a em meus braços,

a minha alma não se contenta por havê-la perdido.

Embora seja a última dor que ela me causa,

e estes sejam os últimos versos que lhe escrevo."



(Então? Não ficaram enternecidos?...)

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Novo Ano Lectivo(2)


É o caos absoluto.
Este novo início de ano lectivo tem-me tirado muitas horas de sono, e por isso, não tem sido fácil visitar os meus "amigos de infância" (como diz o Samuel) da blogosfera.
A senhora ministra Maria de Lurdes Rodrigues rejubila de contente com a abertura do ano lectivo, entrega "Magalhães" (é mesmo assim que se chamam os computadores??) a torto e a direito, e, pela parte que me toca, acho imensa piada à obrigatoriedade que agora foi posta em prática de aplicação da portaria 1550/2002. Refiro-me a uma legislação (que até nem é má, mas nem sequer foi ideia deste Governo) que regulamenta o regime de frequência "Articulado" nas escolas de Ensino Artístico Especializado (EAE), vulgarmente conhecidas como "academias" ou "conservatórios".
A ministra vai gabar-se em breve, talvez já agora, no próximo dia 1 de Outubro, de que conseguiu pôr mais gente a estudar neste tipo de ensino.
Pois quero preveni-los do seguinte:

1) a srª ministra quis pôr em marcha, com a força de uma legislação, um sistema abrangente de acesso ao EAE. Mas beneficiou, principalmente, as escolas particulares, que, afirma estão a realizar um "serviço público". Reparem que não criou escolas públicas! Já vi este filme antes. Lembram-se dos hospitais públicos com gestão privada? Foi um favorzinho que fez a potenciais interessados em "comprar" o EAE em Portugal. O futuro demonstrará quem são, porque, não tenham dúvidas, se esta marcha não fôr interrompida, também esta área será (se é que ainda não foi) tomada de assalto por grandes grupos económicos. Repito: o futuro o dirá!
2) as escolas e os conservatórios não estavam preparados para as "negociações", ou "articulações" necessárias. É um erro pensar que isto foi pacífico, no terreno. Não foi.
Os horários não foram preparados para o currículo do aluno em articulado, os alunos não foram esclarecidos, alguns pais não fazem ideia do que estão a escolher para o futuro dos seus filhos, e tenho sérias dúvidas que metade destes alunos consigam comprar instrumentos musicais. Pois é. A ministra não se lembrou que este problema iria acontecer... Um colega dizia-me no outro dia que esteve numa reunião de pais onde estiveram presentes pessoas que tinham caminhado 4km (a pé) para estar na reunião, à noite. Quando se falou na necessidade de comprar um instrumento musical... levantaram-se e foram-se embora. Quem quase não tem dinheiro para comer não consegue pôr um filho a estudar música. Não foram criados quaisquer tipos de apoios para a aquisição de instrumentos. Quem sabe se uns "Magalhães" a menos...
3)vai haver sempre gente interessada em "mostrar serviço". Alguns tem cartão rosa e não vão querer ficar mal na fotografia. Talvez já a pensar no cargo que poderão vir a ter no futuro, numa qualquer Direcção Regional de Educação, ou como gestores escolares. Outros vão dizer que isto está tudo errado, mas pelas piores razões: porque consideram que este tipo de ensino é para uma elite, e assim se deve conservar, colocando de parte os filhos dos operários, empregadas domésticas, chineses, ucranianos e ciganos (principalmente estes três últimos).
4) Também vai haver quem, mesmo sabendo que estas directrizes levam água no bico e acarretam (ainda mais) problemas a este sector de ensino, vá lutar por esta coisa da "democratização" do ensino artístico especializado, e até arrisco dizer que se alguma coisa funcionar, este ano, dever-se-á, fundamentalmente, à capacidade de trabalho dos professores e ao "amor à camisola" que estes têm pelo ensino artístico.
De outra forma, não estou a ver...

Santo Cravo


Numa das minhas voltinhas, nestas férias de um Agosto que já partiu, ficou-me na memória (e na objectiva da máquina fotográfica) este Cristo no altar, enfeitado com um cravo vermelho, no mosteiro de S. João de Arga, na serra de Arga, nas cercanias de Caminha.
Aí está a prova de que Jesus Cristo foi o primeiro revolucionário da História... eh ehe ehe

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Mundo? Só se fôr novo...

Embora os meus olhos sejam
os mais pequenos do mundo
o que importa é que eles vejam
o que os homens são no fundo

Que importa perder a vida
na luta contra a traição
se a razão mesmo vencida
não deixa de ser razão

Vós que lá do vosso império
prometeis um mundo novo
calai-vos que pode o povo
querer um mundo novo a sério

Eu não tenho vistas largas
nem grande sabedoria
mas dão-me as horas amargas
lições de filosofia.


de António Aleixo

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

América: terra da oportunidade

Quando ouvi as notícias acerca do colapso provocado pela falência do banco Lehman Brothers dei comigo a cantarolar a canção "América" que faz parte da obra "West Side Story", que o genial Leonard Berstein escreveu como banda sonora para o filme (musical) homónimo.
É que, aquilo lá pelas terras do tio Sam parece que funciona da seguinte maneira:
tu abres um negócio, por exemplo, uma mercearia. Passado uns tempos, com a crise dos cereais, e tal, aquilo começa a dar para o torto e abres falência. Pois o estado norte-americano, com uma generosidade incomparável, assume as tuas despesas, transfere dinheiro do erário público para a tua conta, impedindo, dessa forma, que tu provoques um colapso na tua vida!
É, sem dúvida, a terra da oportunidade.

terça-feira, 16 de setembro de 2008

Recordar Victor Jara


Victor Jara foi assassinado há 35 anos, no Estádio Chile. Depois de ter sofrido uma tortura brutal (as suas mãos foram cortadas), foi morto a tiro e atirado para a berma de uma estrada, e só muito mais tarde foi possível à sua mulher ir reconhecer o corpo. Nos últimos dias no campo de concentração em que estava transformado o estádio, escreveu o poema "Somos cinco mil", do qual vos deixo aqui um pequeno excerto.
Revolta-me saber que, como dizia Brecht, "o ventre que o pariu [referindo-se a Hitler] ainda é fecundo". Que é o mesmo que dizer que as bestas que congeminaram e realizaram o golpe de estado que depôs Salvador Allende, assassinando Victor Jara dias depois, ainda andam por aí, ainda servem os mesmos senhores. Os responsáveis ainda estão a tentar dominar o mundo.

Somos cinco mil / Somos cinco mil
en esta pequeña parte de la ciudad. / nesta pequena parte da cidade.
Somos cinco mil / Somos cinco mil
¿Cuántos seremos en total / Quantos seremos ao todo
en las ciudades y en todo el país? / nas cidades e em todo o país?

Solo aquí /
Só aqui
diez mil manos siembran / dez mil mãos semeiam
y hacen andar las fabricas. / e fazem as fábricas andar
¡Cuánta humanidad / Quanta humanidade
con hambre, frío, pánico, dolor, / com fome, frio, pânico, dor,
presión moral, terror y locura! / pressão moral, terror e loucura!

poema in wikipédia

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Há coisas fantásticas, não há???



Serão as "Novas Oportunidades" deste Governo?
(acho um mimo a descrição do curso... cliquem na imagem para lêr em tamanho maior)

Ó cavaco: cuidado com o pescoço...


Ao ouvir as notícias na rádio descobri que sua santidade, o professor Cavaco Silva, andava por terras de trás-os-montes, a tentar conhecer as gentes daquelas terras ermas e distantes (ou como dizia o Herman José nos seus tempos de glória "o enterior desquecido e ostracizado"). Sua excelência descobriu, vejam bem, que há apenas dois vigilantes a patrulhar a zona do Douro Internacional, uma área de cento e muitos quilómetros. Oh. O senhor presidente da República não sabia que havia falta de meios...
Fez-me logo lembrar a Maria Antonieta e uma história que se lhe atribui: face à revolta do povo fora do palácio, e um grupo que pedia pão, dirigiu-se-lhe uma camareira que informou a rainha que o povo não tinha pão, ao que esta terá respondido: "Não tem pão? Que comam brioches?!" À falta de brioches o Cavaco recomenda Bolo Rei.
A distância dos governantes face à realidade é perigosa para os pescoços...
E se fosse a ele, nas próximas eleições não punha o pescoço à disposição...

sábado, 13 de setembro de 2008

Novo Ano Lectivo

As escolas estão, por estes dias, a iniciar o novo ano lectivo.
Fui a várias do ensino regular, por estes dias, por necessidade de articulação entre estas e as escolas de ensino especializado de música.
Em todas me deparei com o cenário dantesco de professores por colocar, horários feitos à pressão para garantir a abertura do ano escolar, mas que vão dar montes de problemas e para a semana já foram todos alterados, alunos e pais descontentes com transportes, conselhos executivos com dores de cabeça por tudo e mais alguma coisa, alunos com necessidades educativas especiais que não são correctamente encaixados nas turmas, crianças problemáticas sem possibilidade de terem apoio psicológico na escola, falta de recursos humanos e materiais, sub-financiamento em geral, escolas fechadas por autarquias mas com professores colocados, e alunos à espera de ter aulas, directrizes do ME oriundos de gente de gabinete, que são tudo menos realistas, não conhecem a realidade.
Mas depois...
Veio aquela senhora dizer que "está tudo bem neste novo início de ano lectivo"...
Precisará de óculos ou é mesmo estúpida?
A quem pensa que engana?
Não há pachorra para mais mentiras deste Governo.

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

11 de Setembro


Este dia é um dia estranho. Está marcado por duas acções que demonstram a que ponto pode chegar a maldade humana. Certamente lembrar-se-ão de 2001, e do ataque às torres gémeas, do World Trade Center, nos EUA.
Outros lembram-se de 1973 e do golpe de estado ocorrido no Chile, que depôs o presidente socialista eleito Salvador Allende, ficando em seu lugar Augusto Pinochet, sendo este, na verdade, um fantoche dos EUA.
De um acontecimento toda a gente fala, passou-se há menos tempo, tratou-se de um ataque terrorista, na era das tecnologias, ie, as pessoas assistiram de suas casas a tudo o que estava a acontecer em directo na televisão, como se de um filme se tratasse. Porém, o outro acontecimento, o tal de 1973, tem para nós, portugueses, um impacto maior. Talvez porque estávamos a uns escassos meses do 25 de Abril de 1974, ainda que não o soubéssemos, talvez porque também o povo chileno foi oprimido, talvez porque a resistência e a luta de uns tantos naquele país distante na América do Sul servissem de inspiração a uns tantos resistentes anti-fascismo neste nosso país.
Talvez porque...

Mundo cão, este!

Música para meio da semana...



Sempre gostei de ouvir a escrita musical de Mário Laginha. Que, aliás, continua cheio de génio, a compôr extraordinariamente bem. Na voz de Maria João, este tema de nome "Nazuk" remete-me para outras paragens. Uma Índia, no oriente, lá longe...
Encontrei esta montagem em video com imagens muito bonitas, e acabei por ficar outra vez apaixonada por este tema que já ouço há anos...

terça-feira, 9 de setembro de 2008

Sobrevivências (ou um post sobre vivências)

Festa do Avante: Fantástica! Três dias de sol no meu coração.
Apesar da chuva de sexta-feira, a fraternidade, solidariedade, amizade, confraternização e camaradagem fizeram-se sentir. Foi um momento de resistência (às condições atmosféricas) que demonstrou de que matéria são feitas estas pessoas estranhas que acreditam que podem mudar o mundo.
Viagem de regresso: Horrível. Tive um acidente na A1. Um carro projectou-nos para o separador central, uma roda saltou, e andámos às voltas, até nos imobilizarmos na berma. Ninguém se magoou.
Não é uma experiência agradável. Acreditem.
Conclusão: ainda não foi desta que se livraram de mim.
Cá continuarei a viajar neste Mar sem Sal.

terça-feira, 2 de setembro de 2008

Aprender, aprender sempre...



Encontramo-nos na Festa do Avante!
Há tanta coisa para aprender...

Que ninguém durma..

Nessum Dorma, uma das árias mais emblemáticas da fantástica ópera "Turandot", de um dos meus compositores preferidos, Puccini. Escutada ao vivo, é ainda mais arrebatadora. Acreditem. É talvez por isso que o público, delirante, bate sempre palmas no fim desta ária, interrompendo a narrativa.
Neste video vão ouvir Placido Domingo na situação real da ópera levada à cena. Os mais curiosos poderão acompanhar a tradução do italiano para espanhol, se perceberem espanhol (o que não é muito difícil). Mas não se fiquem por uma primeira audição a olhar para as legendas, ouçam-na outra vez (só dura 3 minutos e pico), com o volume bem alto e de olhos fechados... Os vizinhos aguentam, e a vossa percepção será outra...



Em breve, quem visitar a Festa do Avante, no Seixal, vai poder assistir à interpretação desta e outras árias de ópera. Já só faltam quatro dias...