quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Aquele Ary que me fala ao coração



Cavalo à solta


Minha laranja amarga e doce
meu poema
feito de gomos de saudade
minha pena
pesada e leve
secreta e pura
minha passagem para o breve breve
instante da loucura.

Minha ousadia
meu galope
minha rédea
meu potro doido
minha chama
minha réstia
de luz intensa
de voz aberta
minha denúncia do que pensa
do que sente a gente certa.

Em ti respiro
em ti eu provo
por ti consigo
esta força que de novo
em ti persigo
em ti percorro
cavalo à solta
pela margem do teu corpo.

Minha alegria
minha amargura
minha coragem de correr contra a ternura.

Por isso digo
canção castigo
amêndoa travo corpo alma amante amigo
por isso canto
por isso digo
alpendre casa cama arca do meu trigo.

Meu desafio
minha aventura
minha coragem de correr contra a ternura.



José Carlos Ary dos Santos

7 comentários:

Maria disse...

Um dos poemas-cantigas mais bonitos de Ary...

Beijinhos a todos

linhadovouga disse...

Lindo.

Bjs

linhadovouga disse...

Andas tão loitária, Sal, que decidi vir dar-te mais um beijinho e dizer que é um belo post. Poema e poeta a lembrar sempre e sempre.

linhadovouga disse...

Solitária, quis dizer...

Lúcia disse...

Arrebatador!
As coisas que ele teria feito se não tivesse morrido!...

Beijinhos, grandes, grandes...:)

samuel disse...

Fala ao coração... e muito bem. Alto e bom som, ou doçe...

Abreijo.

efernandes disse...

Há tanto tempo que não ouvia O Tordo Cantando Ary.
Obrigado
ef