“Quando descobrimos aquilo de que somos feitos e a maneira como somos construídos, descobrimos um processo incessante de construção e destruição e apercebemo-nos de que a vida está à mercê desse processo interminável. Tal como os castelos de areia das praias da nossa infância, a vida pode ser levada pela maré.” António Damásio, O Sentimento de Si (1999)
quarta-feira, 29 de abril de 2009
300ªmensagem
Este é o meu 300º post!
Não poderia deixar de fazer uma grande Festa no Mar sem Sal, por isso, estou apensar seguir os passos do Sr. Presidente da Câmara de Évora, essa figura do jet-7, o Zé Ernesto d'Oliveira, e convidar alguém famoso para jantar. A Lili Caneças, por exemplo. Faço como ele fez, chamo cá a senhora, trato-a como uma "Cleópatra" - nas palavras da própria (da própria Lili, não da Cleópatra) - instalo a senhora no melhor hotel da região, dou-lhe de comer os melhores repastos e dou-lhe de beber os melhores néctares, e não pode faltar uma revista a fazer a cobertura do evento, o que, diga-se de passagem, faz mais pela publicidade do senhor Zé (para certas mentes curtas) do que, provavelmente, a totalidade das acções de campanha eleitoral futuras.
Talvez, no fundo, os habitantes de Évora que em tempos lhe deram a presidência, pelo voto num PS que prometeu centros comerciais e um estádio, também se sintam tentados a votar num verdadeiro "vip" que até se dá com a "tia" Lili. Está tudo no mesmo saco. Só não sei se é azul, ou cor de rosa.
Pena tenho eu de todos aqueles que em Évora não se revêem nas políticas do senhor Zé, e que estão fartos de ser roubados... É que, aquela brincadeira da "Cleópatra", até prova em contrário, foi paga pela Câmara Municipal, isto é, pelo erário público!
Francamente, acho que o senhor Zé merece um castigozinho!!!
Mas, voltando à Festa do meu blog, queria só deixar uma palavra de agradecimento aos quatro comentadores do meu post anterior, e felicitá-los pela coragem de ter escutado e visto "aquilo".
Prometo que não volto a postar um video com tanta "colidade" artística!
Já basta as Lilis caneças e os Zés Ernestos deste mundo.
segunda-feira, 27 de abril de 2009
Ainda falam dos Xutos e Pontapés...
Ainda falam da "crítica" de um dos últimos temas dos Xutos.
Pelos vistos, o Zé do Pipo é bem mais... inspirado...
(ó balha-me-deuz-e-os-santinhos-todos...)
Nota de rodapé, que nada tem a ver com o contexto anterior: vale a pena regressar AQUI, e lêr o que por ali se diz.
domingo, 26 de abril de 2009
Um dia depois de Abril
notícias do meu país
e o vento cala a desgraça
o vento nada me diz.
Pergunto aos rios que levam
tanto sonho à flor das águas
e os rios não me sossegam
levam sonhos deixam mágoas.
Mas há sempre uma candeia
dentro da própria desgraça
há sempre alguém que semeia
canções no vento que passa.
Mesmo na noite mais triste
em tempo de servidão
há sempre alguém que resiste
há sempre alguém que diz não.
Manuel Alegre (poema feito num tempo em que ainda era coerente)
sexta-feira, 24 de abril de 2009
25 de Abril SEMPRE
quarta-feira, 22 de abril de 2009
Elas... e a Revolução
(excerto final)
REVOLUÇÃO
Elas fizeram greves de braços caídos.
Elas brigaram em casa para ir ao sindicato e à junta.
Elas gritaram à vizinha que era fascista.
Elas souberam dizer salário igual e creches e cantinas.
Elas vieram para a rua de encarnado.
Elas foram pedir para ali uma estrada de alcatrão e canos de água.
Elas gritaram muito.
Elas encheram as ruas de cravos.
Elas disseram à mãe e à sogra que isso era dantes.
Elas trouxeram alento e sopa aos quartéis e à rua.
Elas foram para as portas de armas com os filhos ao colo.
Elas ouviram falar de uma grande mudança que ia entrar pelas casas.
Elas choraram no cais agarradas aos filhos que vinham da guerra.
Elas choraram de ver o pai a guerrear com o filho.
Elas tiveram medo e foram e não foram.
Elas aprenderam a mexer nos livros de contas e nas alfaias das herdades abandonadas.
Elas dobraram em quatro um papel que levava dentro uma cruzinha laboriosa.
Elas sentaram-se a falar à roda de uma mesa a ver como podia ser sem os patrões.
Elas levantaram o braço nas grandes assembleias.
Elas costuraram bandeiras e bordaram a fio amarelo pequenas foices e martelos.
Elas disseram à mãe, segure-me aqui nos cachopos, senhora, que a gente vai de camioneta a Lisboa dizer-lhes como é.
Elas vieram dos arrabaldes com o fogão à cabeça ocupar uma parte de casa fechada.
Elas estenderam roupas a cantar, com as armas que temos na mão.
Elas diziam tu às pessoas com estudos e aos outros homens.
Elas iam e não sabiam para aonde, mas que iam.
Elas acendem o lume.
Elas cortam o pão e aquecem o café esfriado.
São elas que acordam pela manhã as bestas, os homens e as crianças adormecidas.
Dezembro de 1975
in CRAVO, MARIA VELHO DA COSTA, MORAES EDITORES, 1976
segunda-feira, 20 de abril de 2009
"Cucú..."
Não sei muito bem como dar a volta a isto. Por isso só cá venho para vos recomendar uma visita AQUI, depois passem por AQUI (onde há um dia ou dois coloquei um post evocativo da "Jornada" de José Gomes Ferreira), e AQUI onde se fala de Catarina Eufémia.
E para brincar aos cucus... aqui vão os King Singers com um Villancico do compositor espanhol Juan de La Encina, apropriado a homens não muito atentos... Só para mera diversão musical (a letra não abona muito a favor das mulheres, diga-se de passagem...) :))
Guarda no los seas tú.
Compadre, debes saber,
que la más buena mujer,
rabia siemprehi por deser,
Harta bien la tuya tú.
Cucú, cucú, cucucú,
Guarda no los seas tú.
Compadre, has de guardar,
para nunca encornudar,
si tu mujer sale a mear,
sal junto con ella tú.
Cucú, cucú, cucucú,
Guarda no los seas tú.
domingo, 19 de abril de 2009
Música para o Fim-de-Semana
Depois de a ouvirem e de sentirem a força da sua interpretação - não é só a qualidade vocal - vão ficar fãs, também.
Trata-se de Cecilia Bartoli, este furacão italiano em forma de cantora, e é de Mozart esta lindísssima ária, da obra "Exultate Jubilate".
Uma delícia para ouvir a qualquer hora!
sábado, 18 de abril de 2009
Visitas a Viseu sem qualquer comparação
Que horror!!!!!
Pena não ter sido atingido por nenhum viriato*.
Para limpar os ares das beiras, que ficaram a cheirar a enxofre, hoje vem a Viseu o Jerónimo de Sousa. O meu camarada vem participar na VIII Assembleia da Organização Regional de Viseu do PCP.
É como tudo na vida: nuns dias vemos o diabo, noutros a esperança!!
Bom Fim de Semana
Nota: *viriato - bolo tradicional de Viseu em forma de V. Agora que penso nisso, esse estava bem era para a Manuela Ferreira Leite. Já viram os cartazes do PSD?
quinta-feira, 16 de abril de 2009
Não tenho tempo para nada...
aaaaaaaaaahhhhhhhhhhhhhhh!!!!!!!!!!!!!!!!!
(isto foi um desabafo)
segunda-feira, 13 de abril de 2009
Uma História sem piada nenhuma onde entra uma professora
Às vezes ouvem-se umas vozes por aí, encomendadas, a dizer mal dos sindicatos, a denegrir os sindicalistas, a anular as suas múltiplas acções, em suma, a descredibilizá-los perante a opinião pública com o único objectivo de os enfraquecer. Não é difícil perceber que havendo sindicatos enfraquecidos, quem lucra é o patronato, que faz "gato-sapato" dos trabalhadores, deixando-os com salários em atraso, mentindo, ludibriando, negando direitos consagrados na Lei, exigindo que trabalhem em condições ilegais, não pagando segurança social, e quantas mais coisas se lembrarem de fazer. Os patrões poderão não ser todos assim, é certo, mas, criadas as condições de exploração, é muito fácil as relações laborais resvalarem... é muito fácil murmurarem para si próprios "Porque não? Não vai haver sindicato nenhum a chatear...". É que esta relação não é uma relação com equilíbrio de forças. O poder está sempre na mão do patronato, e o lado mais frágil é sempre o do trabalhador, que tem "só" a sua força produtiva.... Bem, já me estou a afastar do que queria contar...
Uma vez, eu, professora no ensino especializado de música, vi-me confrontada com as palavras de uma professora de inglês, que calhava ser uma daquelas pessoas que se acham informadas de tudo, que se auto-consideram intelectuais, cultas, que é como quem diz, construiram uma imagem de si próprias como sendo "inteligentes". Essa professora veio dizer-me com toda a segurança, que os sindicatos não faziam nada, lá recebia uma carta em casa de vez em quando, mas nunca era informada de nada, nunca ouvia falar de nada, e mais umas quantas queixas.
Eu deixei-a falar, e no fim disse-lhe "O teu sindicato é o mesmo que o meu. Eu recebo cartas em casa quase todas as semanas, às vezes várias cartas na mesma semana; recebo emails com informação actualizada quase diariamente... Serás tu que não queres ver, ou ainda achas que a culpa é do sindicato? Sabes que podes contactar com os sindicalistas da tua escola? Sabes que podes ir ao sindicato e pedir informações, se delas necessitas? Porque é que esperas que façam tudo por ti? Faz tu alguma coisa pelo sindicato."
Não sei se lhe respondi bem, mas fiquei tão irritada na altura...
Há gente que nunca luta pelos outros mas espera que os outros lutem por eles... para depois colher os frutos. Hoje em dia quase não falo para a dita professora, e felizmente, encontro-a muito poucas vezes.
Não sei lidar com a arrogância e a hipocrisia, é o que é.
domingo, 12 de abril de 2009
Música para uma noite de Páscoa
E são queridas porque são assim como são: genuínas.
E há avôs que se deviam juntar mais vezes!!!
Para uma noite tranquila deixo-vos Bach, e as suas fantásticas Variações Goldberg, pelas mãos e sensibilidade artística do incomparável Glenn Gould. Deixo-vos só um excerto, o resto da obra fica para ouvir nos sonhos que se seguem...
quarta-feira, 8 de abril de 2009
terça-feira, 7 de abril de 2009
Mulheres
como os anjos
Com as suas asas feitas
de cristal de rocha da memória
Disponíveis
para voar
soltas...
Primeiro
lentamente uma por uma
Depois,
iguais aos pássaros
fundas...
Nadando,
juntas
Secreta a rasar o
chão
a rasar a fenda
da lua
no menstruo
por entre a fenda das pernas
Às vezes é o aço
que se prende
na luz
A dobrarmos o espaço?
Bruxas
pomos asas em vassouras
de vento
E voamos
Como as asas
lhe cresciam nas coxas
diziam dela
que era um anjo do mar
Rondo alto,
postas em nudez de ombros
e pernas
perseguindo,
pelos espaços,
lunares
da menstruação
e corpo desavindo
Não somos violência
mas o vôo
quando nadamos
de costas pelo vento
até à foz do tempo
no oceano denso
da nossa própria voz
Sabemos distinguir
a dormir
os anjos das rosas voadoras
pelo tacto?
Somos os anjos
do destino
com a alma
pelo avesso
do útero
Voamos a lua
menstruadas
Os homens gritam
- são as bruxas
As mulheres pensam
- são os anjos
As crianças dizem
- são as fadas
Fadas?
filigrana cintilante
de asas volteando
no fundo da vagina
Nadamos?
De costas,
no espaço deste século
Mudar o rumo
e as pernas mais ao
fundo
portas por trás
dobradas pelos rins
Abrindo o ar
com o corpo num só golpe
Soltas,
voando
até chegar ao fim
Dizem-nos
que nos limitemos ao espaço
Mas nós voamos
também
debaixo de água
Nós somos os anjos
deste tempo
Astronautas,
voando na memória
nas galáxias do vento...
Temos um pacto
com aquilo que
voa
- as aves
da poesia
- os anjos
do sexo
- o orgasmo
dos sonhos
Não há nada
que a nossa voz não abra
Nós somos as bruxas da palavra
segunda-feira, 6 de abril de 2009
A Luta na Blogosfera
É sempre bom saber que há gente na blogosfera a esforçar-se por debater ideias, revelar notícias que são censuradas na comunicação social, desafiar o espírito humano.
Fiquei também a conhecer há momentos um novo blogue acabadinho de nascer: "Mulheres na Luta", cujo link já adicionei à minha lista, e que poderá vir a ser interessante.
Razões mais que suficientes para andar na net e não ver televisão...
Por isso, parece que perdi uma entrevista ao Samuel, do "Cantigueiro", que ía passar na RTP Memória. Perdoa-me Samuel. A Luta na Blogosfera absorveu-me!
Votos de Boa Semana.
domingo, 5 de abril de 2009
Música para o Fim-de-Semana
Bom fim de semana!
sábado, 4 de abril de 2009
De Regresso...
Queria esquecer quem fui
Apagar todas as pegadas
Desprezar todos os nomes
Queria viver sem memórias
E nascer na tua boca
Sempre que me pronunciasses
Queria renascer como Vénus
Na concha das tuas mãos
Nos teus lábios brotar
Toda a minha alma
Repleta de ti...
poesia de Madalena Palma
para quem se achar digno de a entender...