“Quando descobrimos aquilo de que somos feitos e a maneira como somos construídos, descobrimos um processo incessante de construção e destruição e apercebemo-nos de que a vida está à mercê desse processo interminável. Tal como os castelos de areia das praias da nossa infância, a vida pode ser levada pela maré.” António Damásio, O Sentimento de Si (1999)
sábado, 31 de maio de 2008
Vou partir...
Já estou farta do Scolari, e da selecção, e do aumento dos combustíveis, e da alienação de uma grande porcentagem de portugueses, e do Sócrates e o seu inesgotável discurso odioso de que tudo se vai manter como está...
Este fim de semana terei de recarregar forças para as próximas lutas.
Por isso vou até aqui:
Pontevedra, na Galiza.
Galiza de que gosto muito, e onde sou sempre bem recebida.
Galiza com as suas esplanadas sempre vivas, e uma cultura fora de série.
E da música é melhor nem falar... Tão encantadora, tão mágica.
A Galiza não é Espanha.
A Galiza é... a Galiza.
E é um dos meus destinos preferidos.
Bom fim de semana para todos.
quinta-feira, 29 de maio de 2008
Fim de ano lectivo, perspectivas futuras
Agora, depois de alguma exposição mediática, este assunto parece começar a interessar a outros partidos que não o PCP, que sempre esteve à frente em matéria de defesa de um ensino de democrático e de qualidade, também neste sub-sector.
Mas os tempos que se aproximam não são fáceis. Está criado um sentimento de insegurança, de instabilidade relativamente a 2008/2009.
O que se avizinha, se não houver luta, será uma reestruturação que vai servir apenas para um crescente aumento de privados interessados na corrida. Já me foram "sopradas ao ouvido" algumas novidades. Novos currículos, novo modelo de organização dos alunos em regime articulado, novas funções para professores... Mas... pergunto eu:
Para quando uma rede pública de escolas públicas de ensino especializado de música (e das outras artes)? É que, concordarão, é muito diferente falar em assegurar um serviço público através de escolas privadas, que é o que este ME quer fazer (com uma ajudinha da AEEP), é muito diferente, dizia eu, de assegurar um ensino público, uma rede de escolas, que tem de ser criada uma vez que é inexistente, que assegure o ensino a todas as crianças, inclusivé fora do regime articulado, ie, em regime supletivo.
Não sei se "esperar para vêr" se aplica neste caso. Eu, por mim, ía já para a rua protestar, exigir que me fosse explicado "tim-tim por tim-tim" o que é que se vai passar daqui a... quatro míseros meses.
terça-feira, 27 de maio de 2008
Professores a recibos verdes...
Nesta tira é revelada a clara sintonia entre um fumador mentiroso e uma tipa mal-encarada mentirosa. Fazem parte da mesma quadrilha.. quero dizer, mesmo governo do PS: Partido Suicida.
Obrigada ao Anterozóide pelo Cartoon.
Prós e Contras
Já por aqui o tenho afirmado, não tenho visto televisão nos últimos tempos. Abri ontem uma excepção para assistir ao "Prós e Contras", uma vez que tive conhecimento de que iria estar presente o economista Sérgio Ribeiro, o que, a meu ver, constituia uma forte hipótese de finalmente haver alguém no painel convidado com capacidade para "pôr os pontos nos is". E, efectivamente, foi isso que aconteceu. Nas duas vezes (e meia) que o deixaram falar, ele conseguiu, sem perder tempo com o acessório, falar do essencial, em suma, deste sistema capitalista que tenta impor as regras do jogo - e ao qual, como Sérgio Ribeiro muito bem referiu, se pode pôr travão, pela ateração das políticas em curso. A Fátima Campos Ferreira esteve mais uma vez ao seu (baixo) nível de sempre. Uma vez ainda tentou dizer que as pessoas se estavam a rir do que o Sérgio tinha afirmado (que tinha a ver com a actualidade da análise marxista, feita há 160 anos atrás). Ao que ele respondeu, como um tiro certeiro, que não estava a ver ninguém a rir, e que talvez se vissem apenas alguns sorrisos amarelos... Cortou imediatamente e de forma brilhante a tentativa de boicote da apresentadora ao seu excelente raciocínio. E foi por aí fora, pondo por terra algumas das ideias mais enraizadas existentes, defendidas ali pelos outros participantes. Por falar em outros participantes, será que ainda ninguém explicou ao Basílio Horta que ele é ridículo?
Em resumo, ontem valeu a pena. Parabéns Sérgio.
domingo, 25 de maio de 2008
Música para o Fim-de-Semana
E porque este país continua a ter portugueses completamente alienados, com futebol e outros fait-divers...
E porque a luta se intensifica...
E porque cada vez mais sinto necessidade de salvaguardar a minha sanidade mental no meio disto tudo: refugio-me em coisas belas...
Como este segundo andamento do Concerto para Clarinete do Mozart, uma obra obrigatória do reportório para este instrumento, assim como para quem admira Mozart. É uma obra do final da vida, o que implica já algumas afinidades com a estética romântica que se seguiria ao classicismo, perceptíveis nos recursos harmónicos do final do andamento. Muito bonito, muito...mozartiano.
Eu aprecio e partilho. Boa audição.
Nota de rodapé: A solista é uma clarinetista cubana, a Carelys Carreras, e a orquestra é formada por elementos femininos apenas, trata-se da Orquestra Feminina da Filarmónica de Viena, dirigida pela maestrina e fundadora Izabella Shareyko. Em Viena, durante muitos anos (não sei se actualmente ainda é assim) não permitiam a admissão de elementos do sexo feminino na Orquestra Filarmónica de Viena, uma das mais prestigiadas do mundo.
sábado, 24 de maio de 2008
Varicela?!!!
Quando uma pessoa menos espera... aí está a... VARICELA.
Não é uma doença qualquer. Toda a gente teve quando era criança.
Não temos de correr para o hospital. Mas convém ter eosina em casa...
Quem nunca viu a varicela que atire a primeira pedra...
Temos apenas de ver as borbulhas a crescer, a criança a querer coçar...
Já me coço também, só com a sugestão...
E pôr eosina. E ben-u-ron, para a febre...
E... Enfim...
Aí está ela, a varicela.
sexta-feira, 23 de maio de 2008
Dia vivido
Fui parar a uma terra portuguesa, com certeza, onde se diz que terá aparecido uma senhora a umas quantas pessoas. Eu não vi nada. E passei-lhe ao lado, mais para cima, só que não cheguei ao Castelo. Cheguei apenas a um lugar onde sorrisos amigos me aguardavam, onde ouvi vozes agradáveis, onde as rosas aguardavam, com o seu perfume, o momento da minha chegada para me cumprimentarem. "Olá, bem-vinda", diziam elas, caladas. E as outras flores também acenavam. Até as andorinhas esperavam pacientemente a sua vez, para me dizerem olá, pousadas por ali, tão perto do meu olhar.
Foi um dia tranquilo. Foi um dia vivido (e não sobrevivido).
Foi um dia daqueles que apetece partilhar.
E repetir.
terça-feira, 20 de maio de 2008
Recordar Pablo Neruda*
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Não te quero senão porque te quero,
e de querer-te a não te querer chego,
e de esperar-te quando não te espero,
passa o meu coração do frio ao fogo.
Quero-te só porque a ti te quero,
Odeio-te sem fim e odiando te rogo,
e a medida do meu amor viajante,
é não te ver e amar-te,
como um cego.
Tal vez consumirá a luz de Janeiro,
seu raio cruel meu coração inteiro,
roubando-me a chave do sossego,
nesta história só eu me morro,
e morrerei de amor porque te quero,
porque te quero amor,
a sangue e fogo.
*dedicado ao Pocotoio
segunda-feira, 19 de maio de 2008
Música para começar a semana
Nesta versão para piano (não encontrei nenhuma com orquestra), o saxofonista japonês Nobuya Sugawa, um excelente intérprete, diga-se de passagem, opta por um final que não me agrada lá muito, fugindo à partitura original, e executando todo o 3º and. demasiado rápido.
Ainda assim, é uma boa demonstração da peça que o Carlos Canhoto (um dos melhores saxofonistas clássicos portugueses, na minha opinião) tocará com orquestra na próxima quarta à noite.
Apareçam, pois.
sábado, 17 de maio de 2008
As pessoas...
Outras 4 olharam para mim e quando viram o que tinha nas mãos mudaram de direcção.
Houve uma que me disse para ir trabalhar.
E uma grande porcentagem respondeu "Não quero nada disso".
Houve outras, em menor quantidade, é certo, que foram correctas, responderam com educação, e, imagine-se, até com um sorriso.
Algumas compraram o que trazia para vender, juntamente com mais cinco camaradas.
Outras não compraram, mas, pelo menos, não foram insultuosas.
Quando desempenho uma simples função dentro do partido a que pertenço, faço-o com o maior sentido de missão. E já não é a primeira, nem segunda vez que vou para o centro da cidade onde resido vender o jornal "Avante!". Porém, de todas as vezes que o faço, sinto que fico a conhecer melhor este nosso mundo, habitado por todo o tipo de pessoas.
Mas algumas pessoas são, efectivamente, caricaturas de seres humanos. Tal é a podridão em que mergulharam. Tal o medo do cacique (porque no local onde resido há uma estranha tradição de obedecer ao senhor da terra).
Vivo, como já calcularam, numa cidade de direita pura e dura. Nesta cidade não é fácil levar para a frente uma luta, por mais justa que seja. Por mais consensual que seja.
Mas faz-me /faz-nos bem contactarmos com este tipo de pessoas, este tipo de cidades, este tipo de mentalidades.
Só nos faz ficar mais motivados para a luta. Só percebemos ainda com maior clareza, se ela faltasse, que há muito a fazer para defender os ideais de Abril. A nossa liberdade, pessoal e colectiva. A nossa democracia, sem "senhores" a pensar, ou a votar por nós.
Nesta cidade é um desafio permanente ser-se comunista. Todos os dias sou posta à prova. "Até onde és capaz de aguentar?" São os colegas de trabalho que boicotam as nossas pequenas, mas certeiras actividades. São as múltiplas lutas que precisamos de travar (e são tão poucas as mãos para trabalhar...). São estas pessoas que encontramos, com quem nos cruzamos, que nos olham, que nos julgam, e que já sabem tudo sobre nós e sobre o comunismo...
Mas há sempre forças, porque não estou só nesta batalha. Há sempre energia, porque sei que defendo o que é certo.
Há sempre coragem, porque se eu não a tiver, quem mudará o mundo?
Por isso, para a próxima lá estarei outra vez no Rossio.
"Bom dia. Quer comprar o jornal Avante?"
sexta-feira, 16 de maio de 2008
Terrorista no avião...
Comentário lido por lá: "Para que é o paraquedas? :-)
Subscrevo.
quinta-feira, 15 de maio de 2008
Chove
Chove...
Mas isso que importa!,
se estou aqui abrigado nesta porta
a ouvir a chuva que cai do céu
uma melodia de silêncio
que ninguém mais ouve
senão eu?
Chove...
Mas é do destino
de quem ama
ouvir um violino
até na lama.
Poema de José Gomes Ferreira
Foto de Paulo Vaz Henriques, do blogue Foto & Legenda
terça-feira, 13 de maio de 2008
A morte saiu à rua...
(in My-lyrics.ws)
A morte saiu à rua num dia assim
Naquele lugar sem nome para qualquer fim
Uma gota rubra sobre a calçada cai
E um rio de sangue de um peito aberto sai
O vento que dá nas canas do canavial
E a foice duma ceifeira de Portugal
E o som da bigorna como um clarim do céu
Vão dizendo em toda a parte o Pintor morreu
Teu sangue, Pintor, reclama outra morte igual
Só olho por olho e dente por dente vale
À lei assassina, à morte que te matou
Teu corpo pertence à terra que te abraçou
Aqui te afirmamos dente por dente assim
Que um dia rirá melhor quem rirá por fim
Na curva da estrada há covas feitas no chão
E em todas florirão rosas de uma nação.
Limpeza da imagem, que é como quem diz, "o homem quer fazer-se passar por um gajo de esquerda"
A propósito do comentário do Antuã, fui ver as notícias.
Sócrates deslocou-se à Universidade de Aveiro (U.A.) onde foi recebido com pompa e circunstância, fazendo-se acompanhar pelo Mariano Gago.
Tinha à espera dele cerca de 250 pessoas, apesar da RTP afirmar que eram cerca de "uma centena de trabalhadores", num protesto organizado pela União de Sindicatos de Aveiro.
E o que é que Sócrates vai anunciar a Aveiro? O lançamento de uma série de cooperações empresariais com a universidade - que é isso que lhes interessa - e o aumento de investimento na investigação na ciência, designadamente criando 3000 bolsas para doutorandos, 5000 para licenciados, e criar 500 contratos de trabalho a investigadores doutorados.
Que engraçado.
A U.A., que tem investigadores a recibos verdes há anos, assim como funcionários a recibos verdes há mais de 10 anos (entre os quais muitos trabalhadores-estudantes), e outras situações ilegais, vem agora ajudar a estratégia do senhor primeiro-ministro de "limpeza de imagem". Custa a crer que uma universidade que tem propinas de doutoramento no valor de 2750€ (!) anuais (sim, leram bem...), que não teve força para lutar contra a sua conversão em "fundação" - com tudo o que isto implica - se ponha agora numa posição de perfeita conivência com o Governo de direita de sócrates.
Tudo se encaixa na perfeição: as empresas financiam a Fundação, dizem que cursos querem, de que profissionais precisam, quantos, como devem ser formados (para servir o Capital), como devem pensar. É a formatação "Bolonhesa" e o capitalismo no seu esplendor. Com sucessivas privatizações à espera, já com um bando de agiotas a esfregar as mãos de contentes, sorrindo...
Pergunto-me se o Sócrates não terá à espera dele um lugar como presidente da Fundação da U.A. quando deixar de ser primeiro-ministro.
Enquanto não abandona o poleiro, e numa tentativa de resgatar os eleitores apreciadores de políticas de esquerda (antes que fujam para o PCP), o Sócrates faz de tudo. Aparece a "apoiar" (falsamente) o ensino superior, visita a Venezuela... E consegue enganar até o próprio Hugo Chávez, que numa entrevista recente afirmou que o Sócrates "era seu amigo"...
Alguém tem que lhe dizer a verdade.. O Sócrates só é amigo do grande Capital, e este PS, este Governo, apesar de se chamar "socialista" não tem nada a ver com o socialismo venezuelano.
Para nossa infelicidade.
segunda-feira, 12 de maio de 2008
Bertold Brecht dá uma lição a Sócrates...
Elogio da Dialéctica
A injustiça avança hoje a passo firme
Os tiranos fazem planos para dez mil anos
O poder apregoa: as coisas continuarão a ser como são
Nenhuma voz além da dos que mandam
E em todos os mercados proclama a exploração;
isto é apenas o meu começo
Mas entre os oprimidos muitos há que agora dizem
Aquilo que nós queremos nunca mais o alcançaremos
Quem ainda está vivo não diga: nunca
O que é seguro não é seguro
As coisas não continuarão a ser como são
Depois de falarem os dominantes
Falarão os dominados
Quem pois ousa dizer: nunca
De quem depende que a opressão prossiga? De nós
De quem depende que ela acabe? Também de nós
O que é esmagado que se levante!
O que está perdido, lute!
O que sabe ao que se chegou, que há aí que o retenha
E nunca será: ainda hoje
Porque os vencidos de hoje são os vencedores de amanhã.
Música para começar a semana
Compositor excepcional, este italiano que faleceu há um par de anos atrás, escreveu várias sequências para instrumento solo, entre outras coisas interessantes.
Esta que vão ouvir é a Sequenza III para voz feminina (porque a voz também é um instrumento, o que é que julgam?...).
A interpretação é de Johanne Saunier, uma senhora polivalente, mais conhecida como coreógrafa, mas que canta profissionalmente (de forma absolutamente brilhante) desde 2000.
Uma obra fantástica, vanguardista, de 1965. Confesso que hoje em dia até já há abordagens mais modernas.
Mas eu gosto de Berio...
sábado, 10 de maio de 2008
"Só de sacanagem"
Para ouvir com atenção...
"Só de sacanagem"... pedi-o emprestado à Lúcia do Rosmaninho da Serra. Obrigada
sexta-feira, 9 de maio de 2008
O que é o PS ?
"O Partido Socialista, claramente sem saída do beco da censura em que o PCP o enfiou, tentou aplicar uns malabarismos de diversão. E, a cada momento, lá ia tentando transformar a moção de censura apresentada pelo PCP num momento de reles atoarda. O PS, quando em maus lençóis, disparata. Foi o caso.
Vá de ridicularizar os estatutos do PCP, onde o Partido se afirma como vanguarda da classe operária e de todos os trabalhadores, esquecendo o facto de o PCP o declarar frontalmente sem enganos ou camuflagens, enquanto que o PS não explica nos seus estatutos de quem é vanguarda ou retaguarda. Sério seria se lá colocasse logo nos primeiros artigos que "O Partido Socialista é a vanguarda do patronato e dos grandes interesses económicos".
Concordo plenamente. E depois de três anos de Governo PS essa condição ainda é mais clara.
Acordai, homens que dormis.
Moção de Censura 2: A arte da fuga (dos deputados)
Diz quem viu que a discussão hoje na AR foi quente.
O PCP apresentou uma Moção de Censura ao Governo de Sócrates.
Mas... palavras para quê? Que poderíamos nós esperar dos deputados do PS, do PSD e do CDS? Uns votaram contra, e os outros abstiveram-se.
Isto é que é coragem...
Questiono-me onde estava o Manuel Alegre quando a votação foi feita... É que, depois, vêem dizer que ele enfrenta o Sócrates, e mais não sei quê... Afinal, na hora da verdade.... Vota contra a moção. Tudo menos dar razão aos comunistas...
Questiono-me porque é que a tal "oposição" (que grande treta) que é exercida pelo PSD não se fez ouvir... Então no momento em que podiam dizer claramente, através do seu voto favorável a esta moção, que fazem oposição, sem aspas, ao Governo... então nesse momento abstêem-se?
Esta postura ridícula a vários níveis revela ao que vão os deputados eleitos pelos partidos que citei. Vão para lá para defender políticas de direita que servem os interesses do grande capital. PS e PSD são, no fundo, duas faces da mesma moeda. E é nestes momentos que temos a confirmação desta realidade, se ela ainda não fosse certa. Para mim, já há muito que o é.
Por isso que não fico surpreendida. A notícia da RTP, que podem ver AQUI, revela mais alguns pormenores que poderão interessar. E por outro lado, também é engraçado perceber o quão controlada está a RTP.
Será a auto-censura de que falávamos há tempos?
Em resumo, o PCP esteve ao seu mais alto nível. Parabéns pela moção, independentemente do resultado alcançado na AR.
E obrigada porque com ela também me defenderam a mim, defenderam todos nós.
quinta-feira, 8 de maio de 2008
A propósito de Victor Jara
Para vós, deixo-vos um exemplar audio do lindo "Duerme Negrito".
terça-feira, 6 de maio de 2008
Recordar José Gomes Ferreira
Devia morrer-se de outra maneira
Devia morrer-se de outra maneira
Transformarmo-nos em fumo, por exemplo.
Ou em nuvens.
Quando nos sentíssemos cansados, fartos do mesmo sol
a fingir de novo todas as manhãs, convocaríamos
os amigos mais íntimos com um cartão de convite
para o ritual do Grande Desfazer: "Fulano de tal comunica
a V. Exa. que vai transformar-se em nuvem hoje
às 9 horas. Traje de passeio".
E então, solenemente, com passos de reter tempo, fatos
escuros, olhos de lua de cerimônia, viríamos todos assistir
a despedida.
Apertos de mãos quentes. Ternura de calafrio.
"Adeus! Adeus!"
E, pouco a pouco, devagarinho, sem sofrimento,
numa lassidão de arrancar raízes...
(primeiro, os olhos... em seguida, os lábios... depois os cabelos... )
a carne, em vez de apodrecer, começaria a transfigurar-se
em fumo... tão leve... tão sutil... tão pólen...
como aquela nuvem além (vêem?) — nesta tarde de outono
ainda tocada por um vento de lábios azuis...
PS
"Em Portugal não só se atravessa uma situação particularmente grave como poderá ter desenvolvimentos ainda mais agravantes, se o povo português não puser fim à política da direita desenvolvida pelo governo do PS e PSD que em conjunto preparam contra o povo, contra o país, contra a democracia, contra os interesses nacionais.
Já ninguém contesta que o voto no PS traduziu a esperança numa mudança. O PS enganou o eleitorado, e o eleitorado que tinha tal esperança enganou-se de votar no PS."
O ano era 1996, e as palavras são de Álvaro Cunhal, ditas durante o XV Congresso do PCP, no Porto.
Continuam actuais, por uma incrível coincidência. Mesmo decorridos 12 anos.
Sinto-me numa sala de cinema a ver uma nova versão de um filme conhecido. As personagens são diferentes mas o (mau) argumento é o mesmo.
Novos argumentistas até há. Precisam é de uma oportunidade, e o filme será outro...
segunda-feira, 5 de maio de 2008
Carta ao Provedor dos leitores do DN
Venho por este meio pedir um esclarecimento em virtude da leitura de uma artigo de opinião de autoria do senhor Alberto Gonçalves, que se intitulava "As goelas que Abril abriu".
Ao abrigo da liberdade de expressão, direito garantido constitucionalmente, pode um cronista ofender um conjunto de pessoas, algumas já falecidas, por não gostar da sua estética? Pode escrever coisas como "a seita sobrevivente" referindo-se a um conjunto de intérpretes que participaram num programa de televisão, mais concretamente num concerto gravado no Coliseu de Lisboa? Pode afirmar que as canções de intervenção têm melodias "indigentes" e que os "poemas" de Gedeão e Saramago são "lixo"? Pode dizer que "o povo mítico" dos "baladeiros" não existia, que será, porventura, o mesmo que dizer que o povo não esteve com os militares que levaram a cabo a revolução do 25 de Abril?
O senhor Alberto Gonçalves é sociólogo. Porém, a leitura que fez da sociedade no contexto da revolução de 74 não está de acordo com a verdade dos factos. Faltar-lhe-á documentação, porque, consultando qualquer História de Portugal poderia compreender como tudo se passou. Sugiro-lhe a "Breve História de portugal", de Oliveira Marques, da Editorial Presença, 1995, todo o capítulo XIV.
Mas não são os conhecimentos históricos do senhor Alberto Gonçalves que estão em causa. A meu ver, trata-se apenas de uma situação em que, tentando escudar-se com o direito à liberdade de opinião, este colaborador do DN resolve fazer uma campanha atentando contra o 25 de Abril, os cantores e poetas de então, alguns ainda vivos (e a realizar concertos na actualidade), e até mesmo contra... a própria liberdade, conquistada à força, mas com a força de todos.
Está, certamente, bastante incomodado, porque, por estes dias, a liberdade conquistada a 25 de Abril tem sido cada vez mais defendida, através das muitas manifestações populares, de vários sectores profissionais, que, aos milhares, vêm dizer que Abril está vivo, e não morto, como o senhor Alberto Gonçalves gostaria (na minha opinião, afinal também tenho direito a ela).
Agradecia um esclarecimento relativamente a este assunto, que me parece da maior importância.
Com os melhores cumprimentos
Carta que enviei por email ao provedor dos leitores do DN, em virtude de um artigo muito rasco que por lá apareceu. Vejam o Cantigueiro, está lá tudo.
domingo, 4 de maio de 2008
Cartão Vermelho, ie, Moção de Censura
Subscrevo inteiramente o que vem redigido nesta moção de censura, apresentada no passado dia 30 de Abril na Assembleia da República.
Destaco duas ou três ideias, porque me dizem respeito de forma mais directa:
"(...)Os jovens vêm a sua situação agravada e o futuro cheio de incertezas com os baixos salários, a precariedade dos vínculos de trabalho (contratos a prazo, recibos verdes, trabalho temporário, bolsas de investigação e estágios) que comprometem a organização e estabilidade de vida, dificultam o acesso à habitação e ameaçam os direitos laborais.
Ao mesmo tempo que os lucros da banca e dos grandes grupos económicos aumentaram sistematicamente.(...)
O Governo determinou o encerramento de milhares de serviços públicos por todo o país.(...)
A saúde está mais distante das populações e cada vez mais cara. Enquanto o Serviço Nacional de Saúde é sistematicamente sujeito a restrições financeiras e à escassez de profissionais, o sector privado floresce à custa do erário público e da redução da resposta dos serviços públicos.(...)
A escola pública está sujeita a um ataque cerrado, com a falta de meios, a penalização dos professores e dos restantes profissionais a fragilização dos direitos dos estudantes e a degradação geral das condições de ensino e aprendizagem.(...)
Com esta Moção de Censura queremos dar expressão à vasta frente de luta, protesto ao descontentamento à angústia e revolta sentidos por centenas de milhar de portugueses.
Com esta Moção de Censura queremos afirmar a exigência de ruptura com a política de direita e um rumo diferente para um País mais justo!
Estamos certos de que esta moção de censura corresponde ao mais profundo sentimento da maioria do povo português."
É verdade. Corresponde ao meu sentimento. E corresponde ao de muitas outras pessoas.
Que mais é preciso acontecer para que os portugueses acordem desta espécie de letargia secular?
Maio Maduro Maio
Quem te pintou
Quem te quebrou o encanto
Nunca te amou.
Raiava o Sol já no Sul
E uma falua vinha
Lá de Istambul.
Sempre depois da sesta
Chamando as flores
Era o dia da festa
Maio de amores.
Era o dia de cantar
E uma falua andava
Ao longe a varar
Maio com meu amigo
Quem dera já
Sempre depois do trigo
Se cantará
Qu'importa a fúria do mar,
Que a voz não te esmoreça
Vamos lutar!
Numa rua comprida
El-rei pastor
Vende o soro da vida
Que mata a dor.
Venham ver, Maio nasceu.
Que a voz não te esmoreça
A turba rompeu.
Tchaikovsky - Concerto para Piano N.1
Às vezes a rir A chorar às vezes.
De que matéria somos feitos?
De mudança em mudança vamos ficando cada vez mais... nós próprios.
Portanto, agora, é... a rir. Com os Monty Python...
sábado, 3 de maio de 2008
Fim-de-Semana
ufa. Preciso mesmo de descansar...
Esta semana estive envolvida em muitas actividades, e já começava a dar sinais de excesso de trabalho. Dores de cabeça contínuas... insónias... dores de cabeça... sono... etc. Nada de original, eu sei, uma vez que não sou a única professora "à porrada" com o calendário escolar... O que é certo é que já estamos na recta final de mais um ano lectivo, e... tenho a sensação que cada vez o tempo anda mais rápido!...
Ainda sou do tempo em que tínhamos três meses de férias. Normalmente, quando chegava a meados de Agosto já estava ansiosa que as aulas recomeçassem. Nessa altura só começavam em Outubro.
Agora... a meados de Agosto começo a entrar em depressão, porque ainda não descansei o suficiente e o novo ano lectivo já está à porta.. A única alegria é saber que em Setembro tenho a Festa do Avante à minha espera...Eh, eh...
quinta-feira, 1 de maio de 2008
1º de Maio
Cá estou eu de volta ao meu Mac, para vos saudar neste bonito 1º DE MAIO, DIA DO TRABALHADOR.
Tive a oportunidade de ter estado na manifestação organizada pela CGTP, em Aveiro, e de ter verificado com os meus próprios olhos a enorme adesão dos trabalhadores dos vários sectores profissionais a esta comemoração. Ouvi dizer que esta foi a melhor manifestação de há uns anos a esta parte. Não é difícil perceber porquê: os trabalhadores estão fartos de ser sempre eles a pagar a crise, essa crise que os sucessivos governos dizem existir, e em nome da qual tudo fazem, atentando contra os interesses desses mesmos trabalhadores, retirando-lhes cada vez mais os seus direitos, a sua qualidade de vida.
Foi uma vitória, este 1º de Maio.
Deixo-vos com as palavras (que subscrevo) recebidas num SMS logo de manhã:
"Viva o 1º de Maio! Viva o trabalhador organizado, sindicalizado, politizado!
Vivam o Contrato Colectivo de Trabalho, a pausa laboral, a liberdade de reunião no local de trabalho, o direito a um horário de trabalho compatível com a vida familiar, vivam as 35 horas, os 30 dias de férias, o 13º mês, o abono de família, o subsídio de maternidade, de alimentação, de doença! Viva a escola pública, o acesso democrático à Cultura, ao saber! Viva o Serviço Nacional de Saúde, o direito à dignidade na velhice e a uma reforma justa. Vivam as organizações de massas dos trabalhadores que lutam e defendem um outro projecto de sociedade sem césares nem tribunos!"
VIVA!