“Quando descobrimos aquilo de que somos feitos e a maneira como somos construídos, descobrimos um processo incessante de construção e destruição e apercebemo-nos de que a vida está à mercê desse processo interminável. Tal como os castelos de areia das praias da nossa infância, a vida pode ser levada pela maré.” António Damásio, O Sentimento de Si (1999)
domingo, 30 de março de 2008
Recordar Federico Garcia Lorca
La Balada Del Agua Del Mar
El mar
sonríe a lo lejos.
Dientes de espuma,
labios de cielo.
¿Qué vendes, oh joven turbia
con los senos al aire?
Vendo, señor, el agua
de los mares.
¿Qué llevas, oh negro joven,
mezclado con tu sangre?
Llevo, señor, el agua
de los mares.
Esas lágrimas salobres
¿de dónde vienen, madre?
Lloro, señor, el agua
de los mares.
Corazón, y esta amargura
seria, ¿de dónde nace?
¡Amarga mucho el agua
de los mares!
El mar
sonríe a lo lejos.
Dientes de espuma,
labios de cielo.
sábado, 29 de março de 2008
Música para o Fim-de-Semana
Aqui está a fantástica Ella Fitzgerald, numa interpretação sublime de "How high the moon", ao vivo em Estocolmo, em 1966.
Uma improvisação excelente, onde faz citações de outros standards de jazz, e até de um tema dos Beatles. Chamam-se "citações" quando no meio de uma peça o compositor, ou o intérprete, neste caso, deliberadamente introduz uma melodia proveniente de outra obra, sua ou de outros, erudita ou popular, não importa.
Para ouvir, repetir e "abanar o capacete", se forem dados a essas coisas...
Bom Fim-de-Semana
Uma improvisação excelente, onde faz citações de outros standards de jazz, e até de um tema dos Beatles. Chamam-se "citações" quando no meio de uma peça o compositor, ou o intérprete, neste caso, deliberadamente introduz uma melodia proveniente de outra obra, sua ou de outros, erudita ou popular, não importa.
Para ouvir, repetir e "abanar o capacete", se forem dados a essas coisas...
Bom Fim-de-Semana
Sem-Terra
Fotografia de Luis Vasconcelos, do jornal A Crítica (Brasil)
A imagem mostra uma mulher descendente de índios, segurando seu filho nos braços, que tenta resistir a uma barreira da polícia de choque, durante uma operação de retoma de terras nos arredores de Manaus, no Brasil, há duas semanas atrás, na terça-feira, dia 11 de Março.
Os Sem-Terra que ocupavam aquela área tentaram, em vão, evitar o despejo, usando pedras, pedaços de madeira e flechas. Mas a polícia conseguiu expulsá-los à custa de muita violência, gás lacrimogéneo e uma ajudinha de cães treinados.
Porquê?
Que mundo é este, afinal?
quinta-feira, 27 de março de 2008
"...porque vivi e quero contar"*
Carta a uma irmã:
Há muito que não te escrevo. Não sei porquê. Mas de cada vez que começo desisto depois da primeira frase. Penso sempre se me irás compreender ou não.
Há muita coisa que deixou de fazer sentido na minha vida. Cresci.
Mas muitas outras coisas são agora mais claras, e começo agora a entender um pouco melhor o mundo à minha volta.
Há uma realidade à minha volta que não me deixa sossegar.
Não consigo passar indiferente por esta vida sem fazer algo que está ao alcance das minhas mãos: lutar. Lutar por um mundo bom, justo, belo. Onde todos se possam sentir bem.
Lutar é um pouco como amar.
Depois de se amar a primeira vez já não somos as mesmas pessoas, e já nada é igual.
Por isso, agora já não posso ficar calada, depois de ter visto o que outros lutaram, depois de ter visto o que outros sofreram. Depois de ver nos seus rostos a face dos homens que não morrem.
Agora já nada é igual.
Transcrevo-te o início de um livro que me ofereceram ontem.
Começa assim:
"Não, o 25 de Abril de 1974 não me apanhou como à grande maioria dos portugueses. Não foi a rádio surpreendentemente transformada em Rádio Liberdade, depois de ter sido Grândola e pontapé de saída;(...)
Na manhã do 25 de Abril de 1974 acordei na cela 44 de Caxias-Norte. Comecei nesse acordar mais um dia de prisão, naquela fase em que parece que nos puseram de salmoura, preparando-nos para interrogatórios, torturas, grandes e duras provas."
Já nada é igual, sabes?
Mana
*Livro do autor Sérgio Ribeiro
1ª Ed., Agosto 1983, Prelo Editora/Editorial Estampa
Há muito que não te escrevo. Não sei porquê. Mas de cada vez que começo desisto depois da primeira frase. Penso sempre se me irás compreender ou não.
Há muita coisa que deixou de fazer sentido na minha vida. Cresci.
Mas muitas outras coisas são agora mais claras, e começo agora a entender um pouco melhor o mundo à minha volta.
Há uma realidade à minha volta que não me deixa sossegar.
Não consigo passar indiferente por esta vida sem fazer algo que está ao alcance das minhas mãos: lutar. Lutar por um mundo bom, justo, belo. Onde todos se possam sentir bem.
Lutar é um pouco como amar.
Depois de se amar a primeira vez já não somos as mesmas pessoas, e já nada é igual.
Por isso, agora já não posso ficar calada, depois de ter visto o que outros lutaram, depois de ter visto o que outros sofreram. Depois de ver nos seus rostos a face dos homens que não morrem.
Agora já nada é igual.
Transcrevo-te o início de um livro que me ofereceram ontem.
Começa assim:
"Não, o 25 de Abril de 1974 não me apanhou como à grande maioria dos portugueses. Não foi a rádio surpreendentemente transformada em Rádio Liberdade, depois de ter sido Grândola e pontapé de saída;(...)
Na manhã do 25 de Abril de 1974 acordei na cela 44 de Caxias-Norte. Comecei nesse acordar mais um dia de prisão, naquela fase em que parece que nos puseram de salmoura, preparando-nos para interrogatórios, torturas, grandes e duras provas."
Já nada é igual, sabes?
Mana
*Livro do autor Sérgio Ribeiro
1ª Ed., Agosto 1983, Prelo Editora/Editorial Estampa
quarta-feira, 26 de março de 2008
IVA - Indivíduo Vigarista e Aldrabão
Terei ouvido bem?
O IVA vai baixar a partir de Julho?
Que grande proeza, senhor Engenheiro.
No início da legislatura subiu o IVA de 19% para 21%. Agora quer descer para os 20%...
Quando é que estará a pensar voltar a subi-lo?
E para a próxima, vai para os 23% ou 24%?
É claro que só terá lata para o fazer depois das eleições de 2009.
Que Governo miserável!
Esta medida, além de pecar por tardia, não passa de uma manobra socretina, mais uma, do género "a montanha pariu um rato". Na minha humilde opinião, parece-me mais uma tentativa de não deixar fugir o eleitorado flutuante, que da última vez deu maioria absoluta ao PS, e que para a próxima, desiludido com a actuação do Governo, poderá votar na CDU.
Grande IVA que nos saíu este Engenheiro. Um Indivíduo Vigarista e Aldrabão.
Já agora, será que além de vigarista e aldrabão, o senhor Engenheiro também é esquizofrénico?
É que... esta medida tinha já sido proposta pelo PCP há seis meses atrás, e na altura, não foi aprovada.
Esperou que toda a gente se esquecesse para a levar para a frente, como sendo uma ideia sua.
Cuidado, Engenheiro. Olhe que ainda vão dizer que o senhor anda a reboque do PCP.
O IVA vai baixar a partir de Julho?
Que grande proeza, senhor Engenheiro.
No início da legislatura subiu o IVA de 19% para 21%. Agora quer descer para os 20%...
Quando é que estará a pensar voltar a subi-lo?
E para a próxima, vai para os 23% ou 24%?
É claro que só terá lata para o fazer depois das eleições de 2009.
Que Governo miserável!
Esta medida, além de pecar por tardia, não passa de uma manobra socretina, mais uma, do género "a montanha pariu um rato". Na minha humilde opinião, parece-me mais uma tentativa de não deixar fugir o eleitorado flutuante, que da última vez deu maioria absoluta ao PS, e que para a próxima, desiludido com a actuação do Governo, poderá votar na CDU.
Grande IVA que nos saíu este Engenheiro. Um Indivíduo Vigarista e Aldrabão.
Já agora, será que além de vigarista e aldrabão, o senhor Engenheiro também é esquizofrénico?
É que... esta medida tinha já sido proposta pelo PCP há seis meses atrás, e na altura, não foi aprovada.
Esperou que toda a gente se esquecesse para a levar para a frente, como sendo uma ideia sua.
Cuidado, Engenheiro. Olhe que ainda vão dizer que o senhor anda a reboque do PCP.
segunda-feira, 24 de março de 2008
Recordações...
Sim, eu sei...
Mas... que fazer?
A paisagem é assombrosamente bonita.
É em Bled, na Eslovénia. Aquele lago tem uma pequena ilhota no meio, e no meio da ilhota há uma igreja, que tem um sino que se ouve até muito longe...
Numa das margens do lago ergue-se um castelo magnífico, e quando chove, até Deus, se existir, pára para contemplar a paisagem. Quando está sol vêm-se os detalhes dos montes mais próximos e dos Alpes, lá mais longe.
É um sitio tão bonito que, estando lá, só podemos estar felizes.
(Desculpem-me a lamechice, mas isto por cá está tão mau, que às vezes só tenho vontade de me pisgar...)
domingo, 23 de março de 2008
Sugestão cinematográfica: a não perder!
Antes de mais:
B O A P Á S C O A !!!
Cuidado com o açúcar das amendoas, que o Serviço Nacional de Saúde não tem serviços de dentistas... E as consultas são caras!
B O A P Á S C O A !!!
Cuidado com o açúcar das amendoas, que o Serviço Nacional de Saúde não tem serviços de dentistas... E as consultas são caras!
Quero deixar uma sugestão cinematográfica para estes dias.
Recomendo vivamente uma ída ao cinema pra ver "PERSEPOLIS", um filme autobiográfico de Marjane Satrapi, uma iraniana comunista que conta na primeira pessoa alguns dos acontecimentos mais recentes passados no Irão, desde a queda do Xá, até às últimas referências dos ataques do Iraque, com a ajuda dos EUA, a este país. Um filme visto pelo prisma de uma criança que cresce influenciada por tudo o que se passa à sua volta.
Sem querer desvendar as muitas e boas surpresas que este filme contém, posso adiantar que é simplesmente fabuloso do ponto de vista ideológico, escrito com bom ritmo, conjugando um humor acutilante com o drama dos vários relatos de guerra que vão surgindo, isto tudo em formato de banda desenhada, com excelente expressividade, e com uma banda sonora perfeita.
É realmente um bom filme.
Depois daquela porcaria que andou nos cinemas, de nome "Call girl", sugiro que tirem a barriga de misérias. Vocês não vão querer perder "Deus" a dar razão ao "Marx" dizendo que a luta continua!
A não perder.
Mesmo.
sábado, 22 de março de 2008
Um Instante
"Hoje é só mais um dia
destinado ao esquecimento
um dia banal, um momento,
no grande tempo da vida.
Um dia sem nada a dizer
onde tudo já foi dito,
com palavras a morrer,
a cair no infinito.
Um dia sem vida porquê?
Se o tempo é tão importante...
A vida é tão preciosa,
não posso perder um instante."
Diana Fénix, 1990
Dia Mundial da Poesia
destinado ao esquecimento
um dia banal, um momento,
no grande tempo da vida.
Um dia sem nada a dizer
onde tudo já foi dito,
com palavras a morrer,
a cair no infinito.
Um dia sem vida porquê?
Se o tempo é tão importante...
A vida é tão preciosa,
não posso perder um instante."
Diana Fénix, 1990
Dia Mundial da Poesia
sexta-feira, 21 de março de 2008
A professora, a aluna e o telemóvel
Hoje houve várias pessoas que me enviaram por email um video que revela alguns dos mais graves problemas que neste momento se passam no ensino, em Portugal. No video, filmado por um telemóvel em plena sala de aula no Carolina Michaelis, no Porto, vê-se uma professora a retirar um telemóvel a uma aluna, que indevidamente o usou no decurso da aula. A aluna não gosta e luta com a professora a fim de obter o telemóvel de volta.
A certa altura os colegas já intervêm, tentando parar a colega que, com histeria, lá vai torcendo o braço à professora, que não larga o telemóvel. O aluno que filma tudo vai fazendo comentários pouco simpáticos, e parece estar a gostar do "espectáculo", assim como outros alunos, que soltam umas risadas, e contribuem para aumentar a confusão que num minuto se instala na sala.
Que acontecimento lamentável.
Revela vários factos acerca do Portugal contemporâneo:
1- O telemóvel é um objecto tão importante para alguns jovens, que não se importam de sofrer seja que consequência for só para poder dispor dele. Essa dependência é, de resto, um fenómeno já conhecido. Há raparigas que se despem na internet por um carregamento do saldo do cartão do telemóvel.
2- A autoridade dos professores já não existe. É a realidade e não vale a pena disfarçar. Creio que só não há mais problemas porque ainda vai havendo quem, com jeito, vá contornando esse facto, quer professores, quer alunos. A culpa dessa perda de autoridade deve-se, em parte, às políticas educativas que têm vindo a ser produzidas, ano após ano neste país, ridicularizando a figura dos professores, menosprezando a importância que estes tem no sistema de ensino; e, por outro lado, à própria modificação dos contextos sociais em que crescem as crianças, hoje. Refiro-me ao acesso fácil que os jovens tem à internet, ao telemóvel e à televisão. Como nem sempre os pais estão presentes para moderar esse acesso, os jovens crescem a ver tudo, a fazer tudo, a saber tudo antes de terem maturidade para assimilar certas coisas.
3- "Decência" e "Respeito" são palavras que sairam do vocabulário de muitas famílias. E a escola não basta para as incutir na educação dos jovens. Se os próprios pais não insistirem, se não derem o exemplo, se não demonstrarem o que é certo e errado, os seus filhos nunca aprenderão a viver em sociedade. Vão, pelo contrário, achar que podem fazer seja o que for, que sairão impunes.
Feito este balanço, posso adiantar duas coisas mais:
1- A sociedade capitalista em que vivemos quer que as pessoas trabalhem sempre mais horas, com horários cada vez mais flexíveis, quer que as pessoas se endividem aos bancos (que é para não pararem de trabalhar), quer que tenham máxima disponibilidade (e quem não a tiver vai para o desemprego), quer que haja uma bolsa de desempregados para poder manter os trabalhadores debaixo do chicote, quer que os trabalhadores tenham medo, que não se sindicalizem, que aceitem contratos individuais de trabalho, para ficar cada vez mais frágeis;
2- A sociedade capitalista quer ainda que os jovens consumam, de preferência aquilo que os faz mais estúpidos e dependentes, quer que os jovens não pensem, que é para não questionarem muito, para poderem ser controlados, e até a irreverência é controlada, há produtos para os irreverentes, desde comida a música. Os jovens controlados de hoje são os dependentes de amanhã, assim espera o grande capital.
Pois é.
Tanta coisa escondida por trás de um video.
Portugal está cada vez mais a parecer-se com os Estados Unidos da America. Se aquela rapariga tivesse uma arma tinha, certamente, disparado sobre a professora.
E então, lá estariam todos preocupados com a violência. E seriam feitos muitos debates e programas de televisão para falar sobre o assunto...
A certa altura os colegas já intervêm, tentando parar a colega que, com histeria, lá vai torcendo o braço à professora, que não larga o telemóvel. O aluno que filma tudo vai fazendo comentários pouco simpáticos, e parece estar a gostar do "espectáculo", assim como outros alunos, que soltam umas risadas, e contribuem para aumentar a confusão que num minuto se instala na sala.
Que acontecimento lamentável.
Revela vários factos acerca do Portugal contemporâneo:
1- O telemóvel é um objecto tão importante para alguns jovens, que não se importam de sofrer seja que consequência for só para poder dispor dele. Essa dependência é, de resto, um fenómeno já conhecido. Há raparigas que se despem na internet por um carregamento do saldo do cartão do telemóvel.
2- A autoridade dos professores já não existe. É a realidade e não vale a pena disfarçar. Creio que só não há mais problemas porque ainda vai havendo quem, com jeito, vá contornando esse facto, quer professores, quer alunos. A culpa dessa perda de autoridade deve-se, em parte, às políticas educativas que têm vindo a ser produzidas, ano após ano neste país, ridicularizando a figura dos professores, menosprezando a importância que estes tem no sistema de ensino; e, por outro lado, à própria modificação dos contextos sociais em que crescem as crianças, hoje. Refiro-me ao acesso fácil que os jovens tem à internet, ao telemóvel e à televisão. Como nem sempre os pais estão presentes para moderar esse acesso, os jovens crescem a ver tudo, a fazer tudo, a saber tudo antes de terem maturidade para assimilar certas coisas.
3- "Decência" e "Respeito" são palavras que sairam do vocabulário de muitas famílias. E a escola não basta para as incutir na educação dos jovens. Se os próprios pais não insistirem, se não derem o exemplo, se não demonstrarem o que é certo e errado, os seus filhos nunca aprenderão a viver em sociedade. Vão, pelo contrário, achar que podem fazer seja o que for, que sairão impunes.
Feito este balanço, posso adiantar duas coisas mais:
1- A sociedade capitalista em que vivemos quer que as pessoas trabalhem sempre mais horas, com horários cada vez mais flexíveis, quer que as pessoas se endividem aos bancos (que é para não pararem de trabalhar), quer que tenham máxima disponibilidade (e quem não a tiver vai para o desemprego), quer que haja uma bolsa de desempregados para poder manter os trabalhadores debaixo do chicote, quer que os trabalhadores tenham medo, que não se sindicalizem, que aceitem contratos individuais de trabalho, para ficar cada vez mais frágeis;
2- A sociedade capitalista quer ainda que os jovens consumam, de preferência aquilo que os faz mais estúpidos e dependentes, quer que os jovens não pensem, que é para não questionarem muito, para poderem ser controlados, e até a irreverência é controlada, há produtos para os irreverentes, desde comida a música. Os jovens controlados de hoje são os dependentes de amanhã, assim espera o grande capital.
Pois é.
Tanta coisa escondida por trás de um video.
Portugal está cada vez mais a parecer-se com os Estados Unidos da America. Se aquela rapariga tivesse uma arma tinha, certamente, disparado sobre a professora.
E então, lá estariam todos preocupados com a violência. E seriam feitos muitos debates e programas de televisão para falar sobre o assunto...
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quinta-feira, 20 de março de 2008
Ensino Artístico na AR
Para quem diz que os partidos são todos iguais, aqui vai um excerto da intervenção do deputado Bernardino Soares, do PCP, na terça, 18 de Março de 2008, na AR (interpelação ao Governo sobre a política de educação):
"E nem o já tão carenciado ensino artístico escapou à política do Governo. Confundido a formação de intérpretes profissionais e professores, com o acesso mais amplo à formação musical e artística avançada, por todos os que o desejarem, o Governo procura dar uma machadada nas escolas artísticas, cujos professores continuam amplamente sujeitos a inaceitáveis situações de precariedade."
Toma e embrulha! PCP na linha da frente a defender o ensino artístico.
"E nem o já tão carenciado ensino artístico escapou à política do Governo. Confundido a formação de intérpretes profissionais e professores, com o acesso mais amplo à formação musical e artística avançada, por todos os que o desejarem, o Governo procura dar uma machadada nas escolas artísticas, cujos professores continuam amplamente sujeitos a inaceitáveis situações de precariedade."
Toma e embrulha! PCP na linha da frente a defender o ensino artístico.
quarta-feira, 19 de março de 2008
Papá
Há quem hoje esteja de parabéns. Por isso:
P A R A B É N S
a todos os papás neste dia só deles.
Calculo que muitos passem a vida a carregar com os filhos e filhas aos ombros. Cuidado, pois conheço alguns papás que, volta e meia, ficam com dores nas costas depois de andarem com os rebentos às cavalitas. E depois lá vem o "picalm" e o "aspegic" para ir ao sítio...
Seja como for, tentando escapar às operações comerciais que se inventaram (dia dos namorados, dia do pai, dia da mãe, dia das bruxas,...) acho que eles merecem!
Afinal, deram o seu pequeno contributo para que as crianças nascessem...
Barba preta
Depois de ler um comentário feito num dos posts anteriores fiquei, por momentos, sem palavras.
Tenho, obrigatoriamente, que deixar aqui uma mensagem ao Sérgio da barba branca, que já foi preta, e que num video que aqui coloquei, saía da prisão de Caxias a 26 de Abril de 1974.
Sérgio:
Nem sei o que te dizer.
Eu nunca passei por nada do que tu passaste, e aquelas imagens mexem comigo.
Calculo, pois, o que não significam para ti e para outros que viveram na primeira pessoa a repressão da ditadura fascista.
São lágrimas inevitáveis, camarada.
Choro contigo.
Mas que o nosso choro não seja senão
a busca da serenidade que precisamos para continuar a lutar.
Porque a luta...
continua...
terça-feira, 18 de março de 2008
Esta já é velha... mas, que querem? Estamos em Março e está a chover!
...Além disso sou fã do Tom Jobim, da Elis Regina e das "Águas de Março".
segunda-feira, 17 de março de 2008
A poesia que eu não sei fazer...
"perdendo-lhes devagar as palavras
atribuindo na permanência um nome novo ao amor
cartas marcadas
apelam religiosamente ao instinto maternal
irmãos, quando foi que vos falhei?
não sou eu quem ergue sempre a aurora?
teimam em ver-me partir
queiram agora, não voltaremos mais a este lugar.
perto quase na boca
amanhece e nunca me encontras
sou dos que se abraçam, não dos que se procuram."
(Francisco Mendes Moreira, Canhoto, Dezembro de 2006)
atribuindo na permanência um nome novo ao amor
cartas marcadas
apelam religiosamente ao instinto maternal
irmãos, quando foi que vos falhei?
não sou eu quem ergue sempre a aurora?
teimam em ver-me partir
queiram agora, não voltaremos mais a este lugar.
perto quase na boca
amanhece e nunca me encontras
sou dos que se abraçam, não dos que se procuram."
(Francisco Mendes Moreira, Canhoto, Dezembro de 2006)
O Povo é quem mais ordena!!! MESMO!!!
Quero lembrar-me, a todo o momento,
e lembrar toda a gente que por aqui passe
que realmente é o povo quem mais ordena.
E essa verdade não vai mudar nunca.
e lembrar toda a gente que por aqui passe
que realmente é o povo quem mais ordena.
E essa verdade não vai mudar nunca.
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domingo, 16 de março de 2008
Comício Pó-de-Arroz
Já comecei três vezes este post! E não consigo encontrar as palavras certas para expressar o misto de sentimentos que me vai na alma, face aos últimos acontecimentos neste país à beira-mar plantado. Refiro-me à arrogância de meia dúzia de indivíduos que, aproveitando-se da sua visibilidade em jornais e canais de televisão, tem vindo a público disparar à queima-roupa sobre o PCP, os seus militantes, os professores, os sindicatos, os sindicalistas, as manifestações, etc.
Em suma, tudo o que lhes "cheire" a oposição credível às políticas do Sócrates, é alvo de ferozes ataques na comunicação social, alguns, sem precedentes.
O que eles não sabem é que essa atitude só vem acentuar cada vez mais a divisão entre os que sofrem e lutam, e entre os que ganham com o sofrimento e a exploração dos outros.
Porque hoje em dia, em Portugal, há gente a manifestar-se pela primeira vez em trinta anos. E isso não acontece por acaso. Pela primeira vez foi feita uma greve geral (com bastante adesão, como se lembram) durante um Governo PS. Pela primeira vez, desde o 25 de Abril, o PCP organiza uma manifestação e põe 50 mil militantes no Rossio, em Lisboa. Pela primeira vez há 100 mil professores nas ruas, em protesto. Eu ouço pessoas a dizer que nunca sentiram tanta vontade de se inscrever neste partido como agora.
Agora.
Sócrates está muito perto do fim. A sua queda já começou.
E ele sabe.
E está assustado pela primeira vez, também. Portanto, há que fazer uma operação de cosmética e, como quem disfarça a borbulha com pó-de-arroz, eis que surge este comício, no Porto, onde surgem uns supostos milhares de apoiantes do PS, e onde colocam estrategicamente o primeiro-ministro e alguns membros do governo a passar por uns quantos corredores de pessoas, bem estreitinhos, que é para parecer "sardinha-em-lata". Que é para as televisões passarem a ideia de que o espaço estaria a abarrotar, e que era um sucesso aquele circo todo. (Bastaram os tipos que tem "tacho" dentro do PS para encher aquilo.)
Só que os portugueses, desta vez, não caem nessa.
Os portugueses, desta vez, estão mesmo "lixados" contigo, caro Sócrates.
Os portugueses, desta vez, lembram-se das urgências nocturnas que fecharam há dias, ao pé da sua casa; e das taxas moderadoras que pagaram mais caras no hospital a 30Km; e lembram-se da escola primária que era a alegria da aldeia, com os filhotes da terra por ali. Agora as crianças levantam-se às seis da manhã, vão-se embora, e chegam às sete da noite; desta vez, os portugueses lembram-se que o preço do pão subiu, que está tudo mais caro; lembram-se também que o desemprego é uma ameaça constante, e que o salário mínimo quase não dá para viver.
Desta vez não resulta.
Se calhar porque a maioria dos portugueses não percebe o que é ter um teleponto (quanto mais dois) para falar. Nem sabem o que é. Nem para o que serve.
A maioria dos portugueses olha para o Sócrates, e muda de canal!
Por isso, por muito pó-de-arroz que usem, o rosto feio e desonesto deste Governo está bem visível, à vista de todos os portugueses.
Em suma, tudo o que lhes "cheire" a oposição credível às políticas do Sócrates, é alvo de ferozes ataques na comunicação social, alguns, sem precedentes.
O que eles não sabem é que essa atitude só vem acentuar cada vez mais a divisão entre os que sofrem e lutam, e entre os que ganham com o sofrimento e a exploração dos outros.
Porque hoje em dia, em Portugal, há gente a manifestar-se pela primeira vez em trinta anos. E isso não acontece por acaso. Pela primeira vez foi feita uma greve geral (com bastante adesão, como se lembram) durante um Governo PS. Pela primeira vez, desde o 25 de Abril, o PCP organiza uma manifestação e põe 50 mil militantes no Rossio, em Lisboa. Pela primeira vez há 100 mil professores nas ruas, em protesto. Eu ouço pessoas a dizer que nunca sentiram tanta vontade de se inscrever neste partido como agora.
Agora.
Sócrates está muito perto do fim. A sua queda já começou.
E ele sabe.
E está assustado pela primeira vez, também. Portanto, há que fazer uma operação de cosmética e, como quem disfarça a borbulha com pó-de-arroz, eis que surge este comício, no Porto, onde surgem uns supostos milhares de apoiantes do PS, e onde colocam estrategicamente o primeiro-ministro e alguns membros do governo a passar por uns quantos corredores de pessoas, bem estreitinhos, que é para parecer "sardinha-em-lata". Que é para as televisões passarem a ideia de que o espaço estaria a abarrotar, e que era um sucesso aquele circo todo. (Bastaram os tipos que tem "tacho" dentro do PS para encher aquilo.)
Só que os portugueses, desta vez, não caem nessa.
Os portugueses, desta vez, estão mesmo "lixados" contigo, caro Sócrates.
Os portugueses, desta vez, lembram-se das urgências nocturnas que fecharam há dias, ao pé da sua casa; e das taxas moderadoras que pagaram mais caras no hospital a 30Km; e lembram-se da escola primária que era a alegria da aldeia, com os filhotes da terra por ali. Agora as crianças levantam-se às seis da manhã, vão-se embora, e chegam às sete da noite; desta vez, os portugueses lembram-se que o preço do pão subiu, que está tudo mais caro; lembram-se também que o desemprego é uma ameaça constante, e que o salário mínimo quase não dá para viver.
Desta vez não resulta.
Se calhar porque a maioria dos portugueses não percebe o que é ter um teleponto (quanto mais dois) para falar. Nem sabem o que é. Nem para o que serve.
A maioria dos portugueses olha para o Sócrates, e muda de canal!
Por isso, por muito pó-de-arroz que usem, o rosto feio e desonesto deste Governo está bem visível, à vista de todos os portugueses.
sábado, 15 de março de 2008
O Circo chegou à cidade
Queria só informar que o circo chegou à cidade.
tcham-tcha-ra-ram....
Aí está o Congresso do PS (Partido dos Salteadores)!
tcham-tcha-ra-ram....
Aí está o Congresso do PS (Partido dos Salteadores)!
Música para o Fim-de-Semana
Laudate Dominum, de Mozart
Cantei esta peça quando era aluna no conservatório. Foi uma das primeiras vezes que apareci como solista, com o "peso" da responsabilidade, com um coro atrás, e uma orquestra escolar que não se poderá comparar em nada com esta que vão ouvir, dirigida pelo Claudio Abbado. Apesar de apreciar Mozart, não tinha ainda a maturidade necessária para fazer uma interpretação estilisticamente adequada. Como a soprano Rachel Harnisch faz.
Depois do "Laudate Dominum" já cantei centenas de outras obras, mas esta ficou sempre no meu coração. Porque sim. Porque é mesmo bonita.
Cantei esta peça quando era aluna no conservatório. Foi uma das primeiras vezes que apareci como solista, com o "peso" da responsabilidade, com um coro atrás, e uma orquestra escolar que não se poderá comparar em nada com esta que vão ouvir, dirigida pelo Claudio Abbado. Apesar de apreciar Mozart, não tinha ainda a maturidade necessária para fazer uma interpretação estilisticamente adequada. Como a soprano Rachel Harnisch faz.
Depois do "Laudate Dominum" já cantei centenas de outras obras, mas esta ficou sempre no meu coração. Porque sim. Porque é mesmo bonita.
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Video
quinta-feira, 13 de março de 2008
Vermelho
Uma notícia que ouvi hoje, na sic, dizia que há um estudo que demonstra que as equipas (de futebol) que vestem de vermelho obtém mais vitórias, porque o vermelho está, e cito, "associado à agressividade e ao exibicionismo masculino"...
Será que isto também se aplica a outras áreas?
(Risos, risos, risos...)
terça-feira, 11 de março de 2008
Música para uma terça-feira
As Vozes Búlgaras são fenomenais.
Quero partilhar este mini-concerto convosco.
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Cavalos-de-Tróia
Isto nunca esteve como está.
Tem sido evidente o ataque constante ao PCP, principalmente depois do dia 1 de Janeiro. Talvez porque a onda de contestação na área da saúde subiu uns quantos decibéis, culminando com a retirada estratégica do Correia de Campos, substituido por esta Ana Jorge, para fazer exactamente a mesma coisa. Para deixar os ânimos arrefecer, e manter as mesmas (desgraçadas) políticas.
Os decibéis subiram noutro sector, entretanto. Na Educação, uma já inqualificável Maria de Lurdes Rodrigues tem vindo a deixar cada vez mais indignada a classe docente. Do básico ao superior, não há professor que não a odeie, apesar de não se poder levar isto para o lado pessoal. É certo que, ajudaria bastante, se ela não tivesse aquela cara de quem comeu um rato e só descobriu depois.
Entretanto, o eleitorado do PS, que também é constituído por professores descontentes, mais os utentes vítimas de encerramentos compulsivos de serviços de saúde, mais os funcionários públicos, mais os eteceteras que forneceram ao Sócrates a sua maioria absoluta, toda esta gente, dizia eu, corre o risco de se virar para um partido sério mais à esquerda. Um partido que realmente defende o socialismo, isto é, o PCP.
O PS, então, acossado, põe em marcha o seu habitual plano: desviar as atenções e afirmar que dentro do PS de Sócrates também há um Alegre, uma Roseta, mais à esquerda, supostamente. É pura ilusão.
No entanto, Parece-me que a estratégia "Alegre" já não está a funcionar em pleno, como funcionou nas presidenciais. O "cavalo-de-tróia" Manuel Alegre já antes foi utilizado como almofada de impacto, para absorver o descontentamento popular contra o PS Socretino. Como agora não tem resultado estão a "limar" (e eu disse "limar", mas podia ter dito "limpar") a imagem da senhora Ana Benavente, a colocar-lhe uma aura de "esquerda" dentro do PS, para daqui por uns dias ou semanas colocarem a Maria de Lurdes na rua e substituirem gato por gato, isto é, pela Ana Benavente. Ou não será de estranhar esta senhora agora aparecer com tanta frequência nos meios de comunicação social?
Tem sido evidente o ataque constante ao PCP, principalmente depois do dia 1 de Janeiro. Talvez porque a onda de contestação na área da saúde subiu uns quantos decibéis, culminando com a retirada estratégica do Correia de Campos, substituido por esta Ana Jorge, para fazer exactamente a mesma coisa. Para deixar os ânimos arrefecer, e manter as mesmas (desgraçadas) políticas.
Os decibéis subiram noutro sector, entretanto. Na Educação, uma já inqualificável Maria de Lurdes Rodrigues tem vindo a deixar cada vez mais indignada a classe docente. Do básico ao superior, não há professor que não a odeie, apesar de não se poder levar isto para o lado pessoal. É certo que, ajudaria bastante, se ela não tivesse aquela cara de quem comeu um rato e só descobriu depois.
Entretanto, o eleitorado do PS, que também é constituído por professores descontentes, mais os utentes vítimas de encerramentos compulsivos de serviços de saúde, mais os funcionários públicos, mais os eteceteras que forneceram ao Sócrates a sua maioria absoluta, toda esta gente, dizia eu, corre o risco de se virar para um partido sério mais à esquerda. Um partido que realmente defende o socialismo, isto é, o PCP.
O PS, então, acossado, põe em marcha o seu habitual plano: desviar as atenções e afirmar que dentro do PS de Sócrates também há um Alegre, uma Roseta, mais à esquerda, supostamente. É pura ilusão.
No entanto, Parece-me que a estratégia "Alegre" já não está a funcionar em pleno, como funcionou nas presidenciais. O "cavalo-de-tróia" Manuel Alegre já antes foi utilizado como almofada de impacto, para absorver o descontentamento popular contra o PS Socretino. Como agora não tem resultado estão a "limar" (e eu disse "limar", mas podia ter dito "limpar") a imagem da senhora Ana Benavente, a colocar-lhe uma aura de "esquerda" dentro do PS, para daqui por uns dias ou semanas colocarem a Maria de Lurdes na rua e substituirem gato por gato, isto é, pela Ana Benavente. Ou não será de estranhar esta senhora agora aparecer com tanta frequência nos meios de comunicação social?
domingo, 9 de março de 2008
"Crise" na América Latina
Uribe:
Porque no te callas?
Era porreiro, pá.
Porque no te callas?
Era porreiro, pá.
100.000 é muita gente (2)
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sábado, 8 de março de 2008
100.000 é muita gente
Os professores portugueses estão de parabéns. Foi um êxito a Marcha da Indignação que hoje decorreu em Lisboa, onde cem mil professores mostraram o seu descontentamento pelas políticas de Educação seguidas por este Governo.
A ministra deve ter tomado vários calmantes, hoje. Quem a viu, como eu vi, na Sic, no Jornal da Noite, branca como a cal, a dizer que os cem mil professores estavam equivocados, que protestavam por nada... Até achei piada a jornalista ter dito, à laia de cotovelada "Os professores de Bragança saíram de lá às seis e meia da manhã, para vir a Lisboa. Ninguém faz isto "por nada""... eh, eh...
O que é certo é que depois desta manifestação, que foi a maior manifestação de professores em Portugal desde o 25 de Abril, nada ficará igual. Ou a ministra cai, que é o mais provável, ou entramos aqui numa rota de colisão sem fim à vista.
É que, os professores já estão habituados a remar contra a maré, com alguns dos seus alunos. Já estão habituados a lutar pela Educação de centenas de milhares de jovens e crianças, por este país fora.
Não vão desmobilizar tão cedo.
Nenhum Governo fica indiferente a um sinal tão claro de descontentamento com as suas políticas.
A não ser que Sócrates viva num mundo só seu, onde pensa que ninguém mais consegue aceder... Afinal, ele, através das palavras de Maria de Lurdes, diz que os professores não perceberam a questão da avaliação. Ele pensa que os cem mil estão errados, e só ele e as suas políticas estão certos. Que pensamento tão comum aos ditadores.
8 de Março
Hoje comemora-se o Dia Internacional da Mulher.
Eu, como detesto aquelas comemorações de grupo, do género o-meu-marido-deixou-me-sair-hoje, gostaria que este dia fosse lembrado não pela patetice das flores e dos bom-bons, mas pela sua simbologia social e política.
Em 1857, em Nova York, enfrentando a repressão dos patrões, um grupo de operárias texteis fizeram uma greve memorável, onde exigiam melhores salários e redução do horário de trabalho (de 16h para 10h diárias!). Enfim. Exigiam ser tratadas com mais dignidade. A sua luta, e a sua persistência tornaram-se um exemplo por este mundo fora, e a partir daí mais mulheres passaram a lutar pela conquista de direitos laborais, políticos, sociais, etc.
Hoje, em 2008, neste nosso país à beira-mar plantado: 35% das mulheres ainda trabalham ao sábado e 20% ao domingo, 14% trabalham à noite; 53% de mulheres menores de 25 anos têm contratos não-permanentes; as mulheres constituem 78% dos assalariados a tempo parcial; 6,3% ganham o salário mínimo; as mulheres auferem, em média, 77% do ganho médio dos homens; e representam 56% do total de desempregados deste país.
Ainda há muito a fazer pelas mulheres portuguesas.
Em vez de ramos de flores era preferível que elas recebessem melhores salários, mais dignidade, mais justiça e igualdade;
Era preferível eliminar os casos de violência doméstica;
Era preferível legislação laboral e horários adequados à vida de uma mulher que trabalha e cuida da família;
Era preferível que as ameaças, a insegurança e a desigualdade deixassem de existir;
Era preferível mais RESPEITO.
Assim sendo, seria certamente um motivo para comemoração.
Eu, como detesto aquelas comemorações de grupo, do género o-meu-marido-deixou-me-sair-hoje, gostaria que este dia fosse lembrado não pela patetice das flores e dos bom-bons, mas pela sua simbologia social e política.
Em 1857, em Nova York, enfrentando a repressão dos patrões, um grupo de operárias texteis fizeram uma greve memorável, onde exigiam melhores salários e redução do horário de trabalho (de 16h para 10h diárias!). Enfim. Exigiam ser tratadas com mais dignidade. A sua luta, e a sua persistência tornaram-se um exemplo por este mundo fora, e a partir daí mais mulheres passaram a lutar pela conquista de direitos laborais, políticos, sociais, etc.
Hoje, em 2008, neste nosso país à beira-mar plantado: 35% das mulheres ainda trabalham ao sábado e 20% ao domingo, 14% trabalham à noite; 53% de mulheres menores de 25 anos têm contratos não-permanentes; as mulheres constituem 78% dos assalariados a tempo parcial; 6,3% ganham o salário mínimo; as mulheres auferem, em média, 77% do ganho médio dos homens; e representam 56% do total de desempregados deste país.
Ainda há muito a fazer pelas mulheres portuguesas.
Em vez de ramos de flores era preferível que elas recebessem melhores salários, mais dignidade, mais justiça e igualdade;
Era preferível eliminar os casos de violência doméstica;
Era preferível legislação laboral e horários adequados à vida de uma mulher que trabalha e cuida da família;
Era preferível que as ameaças, a insegurança e a desigualdade deixassem de existir;
Era preferível mais RESPEITO.
Assim sendo, seria certamente um motivo para comemoração.
sexta-feira, 7 de março de 2008
Parabéns
PCP:
Venho por este meio desejar-te os Parabéns.
És velhinho, com os teus 87 anos, mas ainda estás aí para as curvas.
Estás mais rejuvenescido a cada dia que passa porque és cada vez mais necessário neste país, e por isso, não te falta trabalho.
Mas tu nunca dás sinais de cansaço, cum catano...
Grande beijoca para ti, que tu mereces.
quinta-feira, 6 de março de 2008
Música para uma quinta-feira
"Cantique de Jean Racine", de Gabriel Fauré
Fauré escreveu este maravilhoso "Cantique de Jean Racine", sobre um poema do referido poeta. É delicioso. É um apelo à esperança.
Nos tempos que correm sinto muita necessidade de acreditar que algo pode mudar.
Quem vive sem esperança, neste mundo?
Fauré escreveu este maravilhoso "Cantique de Jean Racine", sobre um poema do referido poeta. É delicioso. É um apelo à esperança.
Nos tempos que correm sinto muita necessidade de acreditar que algo pode mudar.
Quem vive sem esperança, neste mundo?
quarta-feira, 5 de março de 2008
A propósito de testes
Testes e testes para corrigir. Trocam-me o sustenido pelo bemol, dizem que o acorde é maior quando é menor, desenham duas colcheias em vez de três, etc, etc. Felizmente também tenho casos de enorme sucesso escolar.
Ser professora é cansativo, principalmente nesta altura do ano. Fica-nos pouco tempo para tudo, inclusivé para a vida pessoal. Por isso, estou felicíssima com as muitas manifestações de professores que tem havido um pouco por todo o país. Hoje ouvi falar em Vila Real, Lamego, Bragança, e outras. Reparem que... até Bragança!, que está num cantinho de Portugal onde tradicionalmente a maioria das pessoas não manifesta grandes hábitos de reflexão política, a avaliar pela cor dominante das autarquias, naquela zona.
Estou contente com estas manifestações porque elas estão a ser efectuadas nesta altura em concreto. Uma altura que é complicada, como expliquei, devido ao volume de trabalho.
E mesmo assim, os professores manifestam-se.
Sacrificam horas de trabalho, salário, descanso, tempo com os filhos... e manifestam-se. Lutam com os da sua classe por dias melhores.
Mas não nos devemos deixar enganar. Tenho ouvido muita gente exigir a saída de Maria de Lurdes Rodrigues da pasta da Educação. No entanto, eu acho que não é esse o ponto principal, causador de mau estar e de indignação.
Não devemos personalizar. O que tem de mudar são efectivamente as políticas deste Governo. Ou então mudar de vez este Governo. E não aceitar outro que venha fazer as mesmas políticas de direita.
Os professores devem ser acarinhados, valorizados, deve ser restituída a dignidade à sua profissão.
Dantes, quando se perguntava às crianças o que queriam ser quando fossem grandes, algumas respondiam "professor". Agora já não.
É triste, não é?
Ser professora é cansativo, principalmente nesta altura do ano. Fica-nos pouco tempo para tudo, inclusivé para a vida pessoal. Por isso, estou felicíssima com as muitas manifestações de professores que tem havido um pouco por todo o país. Hoje ouvi falar em Vila Real, Lamego, Bragança, e outras. Reparem que... até Bragança!, que está num cantinho de Portugal onde tradicionalmente a maioria das pessoas não manifesta grandes hábitos de reflexão política, a avaliar pela cor dominante das autarquias, naquela zona.
Estou contente com estas manifestações porque elas estão a ser efectuadas nesta altura em concreto. Uma altura que é complicada, como expliquei, devido ao volume de trabalho.
E mesmo assim, os professores manifestam-se.
Sacrificam horas de trabalho, salário, descanso, tempo com os filhos... e manifestam-se. Lutam com os da sua classe por dias melhores.
Mas não nos devemos deixar enganar. Tenho ouvido muita gente exigir a saída de Maria de Lurdes Rodrigues da pasta da Educação. No entanto, eu acho que não é esse o ponto principal, causador de mau estar e de indignação.
Não devemos personalizar. O que tem de mudar são efectivamente as políticas deste Governo. Ou então mudar de vez este Governo. E não aceitar outro que venha fazer as mesmas políticas de direita.
Os professores devem ser acarinhados, valorizados, deve ser restituída a dignidade à sua profissão.
Dantes, quando se perguntava às crianças o que queriam ser quando fossem grandes, algumas respondiam "professor". Agora já não.
É triste, não é?
terça-feira, 4 de março de 2008
Avaliação de professores
"Eles estão nervosos" ou "Estamos no bom caminho"
Hoje, ao vêr alguma da imprensa escrita, fiquei com a nítida sensação que a marcha do passado sábado em Lisboa, organizada pelo PCP, deixou nervosas algumas pessoas. A presença de cinquenta mil pessoas em protesto na rua pode ter deixado o Governo preocupado. Quando essas cinquenta mil pessoas são comunistas, eu diria que da preocupação passam à histeria. Ao nervosismo. E hoje encontrei vários artigos que espumavam raiva por todo o lado.
Quer isto dizer que estamos no caminho certo? Quanto mais força ganha a nossa luta mais eles esperneiam... Porque no fundo sabem que existimos, apesar de nos ignorarem, e sabem que a nossa acção dá frutos.
Se eles andam nervosos é apenas um bom sinal.
É sinal que, afinal, sempre há luta de classes, e eles bem que tentam abafá-la!
É sinal que o povo já começa a acordar - apesar das muitas injecções de alienação. (Não me espanta que comecem a transmitir cada vez mais novelas, talk-shows e jogos de futebol a toda a hora, que é para os portugueses não terem hipótese de pensar).
É sinal que a luta em torno das verdadeiras causas muda a sociedade.
É sinal que alguém (seremos cinquenta mil, seremos duzentos mil?...) está atento.
E é isso que os assusta.
É por isso que têm medo.
Boa semana... a todos os que não têm medo.
Quer isto dizer que estamos no caminho certo? Quanto mais força ganha a nossa luta mais eles esperneiam... Porque no fundo sabem que existimos, apesar de nos ignorarem, e sabem que a nossa acção dá frutos.
Se eles andam nervosos é apenas um bom sinal.
É sinal que, afinal, sempre há luta de classes, e eles bem que tentam abafá-la!
É sinal que o povo já começa a acordar - apesar das muitas injecções de alienação. (Não me espanta que comecem a transmitir cada vez mais novelas, talk-shows e jogos de futebol a toda a hora, que é para os portugueses não terem hipótese de pensar).
É sinal que a luta em torno das verdadeiras causas muda a sociedade.
É sinal que alguém (seremos cinquenta mil, seremos duzentos mil?...) está atento.
E é isso que os assusta.
É por isso que têm medo.
Boa semana... a todos os que não têm medo.
segunda-feira, 3 de março de 2008
Abril em Março
Dia 1 passou demasiado depressa.
Quero voltar a ver aqueles rostos cheios de força e de alegria;
quero voltar a ver aquela cor vermelha nas ruas, nas praças, no rossio, na cidade;
quero reviver aquele sentimento de esperança, coragem e certeza de que a luta trará uma vitória. De que um mundo mais justo é possível.
No dia 1 de Março de 2008, por umas horas foi Abril. o Nosso Abril, que é o Abril de todo um povo, de um país inteiro.
Abril que jamais deixará de o ser.
Pelo menos, enquanto houver cinquenta mil capazes de tudo para o defender.
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