“Quando descobrimos aquilo de que somos feitos e a maneira como somos construídos, descobrimos um processo incessante de construção e destruição e apercebemo-nos de que a vida está à mercê desse processo interminável. Tal como os castelos de areia das praias da nossa infância, a vida pode ser levada pela maré.” António Damásio, O Sentimento de Si (1999)
domingo, 31 de agosto de 2008
"Silêncio e tanta gente"
Que descubro o amor em teu olhar
É uma pedra
Ou um grito
Que nasce em qualquer lugar
Às vezes é no meio de tanta gente
Que descubro afinal aquilo que sou
Sou um grito
Ou sou uma pedra
De um lugar onde não estou
Às vezes sou o tempo que tarda em passar
E aquilo em que ninguém quer acreditar
Às vezes sou também
Um sim alegre
Ou um triste não
E troco a minha vida por um dia de ilusão
E troco a minha vida por um dia de ilusão
Às vezes é no meio do silêncio
Que descubro as palavras por dizer
É uma pedra
Ou um grito
De um amor por acontecer
Às vezes é no meio de tanta gente
Que descubro afinal p'ra onde vou
E esta pedra
E este grito
São a história d'aquilo que sou
Lembram-se da Maria Guinot? Que será feito dela? Gostei tanto desta canção...
sábado, 30 de agosto de 2008
Tugolândia's Crime
Efectivamente, a meu vêr, são precisamente estas três ideias que me ocorrem, emanadas dos últimos acontecimentos (e não me refiro só aos crimes, refiro-me à esquizofrenia dos mass media em torno deste tema):
1-a criminalidade aumenta em épocas de maior crise, a História assim o indica, e é isso que está a acontecer. (Não é de espantar: a miséria aumenta, a fome aumenta, logo, o desespero aumenta. Se estivéssemos nas mesmas condições de alguns destes desgraçados, sem pão para dar aos filhos, talvez não tivéssemos a mesma perspectiva que temos neste momento, já jantados, bem instalados, e com um computador à frente);
2-a provocar esta crise está todo um sistema neo-liberal implantado quer no plano nacional, devido às políticas de direita de Sócrates, quer no plano internacional, com a especulação em torno dos combustíveis a provocar o caos planetário, guerras estratégicamente criadas por causa de eleições nos EUA, crise dos cereais, etc, etc;
3- em Portugal, tal como tem acontecido noutros países, está a ser feito um aproveitamento político evidente: para o cidadão ter a necessidade de louvar as medidas de segurança, tem de existir, primeiro, o sentimento de insegurança, e é precisamente isso que estão a conseguir criar no seio da sociedade portuguesa.
Lembro-me muitas vezes da questão das armas, na América, e do excelente documentário de Michael Moore, "Bowling for Columbine", onde a dada altura ele consegue demonstrar que o povo nos EUA vive aterrorizado, comprando compulsivamente armas para se defender, por contraste com os vizinhos canadianos. De cada vez que o Bush desce nas sondagens, lá apanham um video do Bin Laden para passar em horário nobre, principalmente nos EUA e na Europa.
Quantos de nós não vimos aumentados os nossos seguros, do automóvel ou da casa, com direito a uma cartinha enviada pela seguradora, depois dos ataques terroristas às torres gémeas do World Trade Center...
Em suma, o terrorismo foi um bom argumento para criar toda uma série de "sistemas de segurança", que permitem saber demais sobre a vida das pessoas... Tal como agora o são os assalto em Alcabideche, Campolide, Loulé, Boliqueime, Famalicão, etc, etc..., que permitirão a este Governo, com uma ajudinha da imprensa, demonstrar aos portugueses com é "útil" ao país, como está a governar bem, a proteger as pessoas, e, já agora, "votem lá outra vez em nós e esqueçam que fomos nós, com o nosso novo Código do Trabalho, com os nossos cortes na Saúde e Educação, com a nossa corrupção, com o nosso apoio incondicional ao grande capital... que fizémos com que vocês chegassem a essa situação"...
sexta-feira, 29 de agosto de 2008
Música para o Fim-de-Semana
(Vamos poder ouvir esta ária muito em breve, na Festa do Avante!, logo na sexta-feira dia 5 de Setembro. Até lá, vão aprendendo a letra para poderem fazer o côro que faz o contraponto à solista. Não custa tentar. Vá lá: "l'amour...)
Habanera
que nul ne peut apprivoiser,
et c'est bien en vain qu'on l'appelle,
s'il lui convient de refuser.
Rien n'y fait, menace ou prière,
l'un parle bien, l'autre se tait;
et c'est l'autre que je préfère:
il n'a rien dit, mais il me plait.
L'amour !
L'amour est enfant de bohème,
il n'a jamais connu de loi:
Si tu ne m'aimes pas, je t'aime;
si je t'aime, prends garde à toi!
L'oiseau que tu croyais surprendre
battit de l'aile et s'envola -
l'amour est loin, tu peux l'attendre;
tu ne l'attends plus, il est là!
Tout autour de toi vite, vite,
il vient, s'en va, puis il revient -
tu crois le tenir, il t'évite,
tu crois l'éviter, il te tient.
L'amour !
L'amour est enfant de bohème,
il n'a jamais connu de loi,
si tu ne m'aimes pas, je t'aime;
si je t’aime, prends garde à toi!
Si tu ne m'aimes pas, je t'aime,
si je t'aime, prends garde à toi!
quarta-feira, 27 de agosto de 2008
Voltei, oh não!!! Cá vai a 200ª mensagem...
Não posso deixar-vos uns dias, começam logo a combinar sopas de pedra sem mim. Umpf!!
Pois tenho a dizer-vos o seguinte:
espero ansiosamente por uma magnífica festa que vai decorrer de 5 a 7 de Setembro, na Amora, Seixal. Até já vi umas fotos da sua montagem. Chama-se FESTA DO AVANTE! e, durante três dias, é o local mais bonito deste país,
é o sítio onde me sinto melhor, onde vou buscar tantas e tantas energias para voltar à luta do dia a dia, é mesmo uma festa muito especial, e só depois de se lá ir é que se tem a noção do que aquilo é. Infelizmente, nem toda a gente gosta desta festa, e todos os anos se assiste a uma tentativa de desmobilização dos possíveis visitantes, e para isso vale tudo, desde fazer leis que actuam especificamente contra a Festa, até contar mentiras. Esclarecedor o post do Cravo de Abril sobre esta matéria.
Entretanto, enquanto não chega a Festa, vou dar uma volta à Feira de S. Mateus, em Viseu (que não lhe chega aos calcanhares...aliás, parêntesis dentro do parêntesis, nem fica bem fazer comparações.) Só lá vou porque vou muito bem acompanhada.
E Pronto! Voltei!
sábado, 23 de agosto de 2008
Poema roubado por aí
Poema da flor proibida |
Por detrás de cada flor |
quarta-feira, 20 de agosto de 2008
Andei por aqui e por ali...
Achei piada, sobretudo, aos parêntesis... Imaginam os ingleses a colocar um sinal de trânsito a dizer "Except in the (few) authorized places" ou os franceses a dizer "à l'exception des (peu nombreux) endroits autorisés"...???
Nós, portugueses, somos assim: vamos avisando logo que os lugares são poucos, por isso é melhor deixar o carro já aí, e não o levar para a zona histórica...
Somos amigos, não somos?
:)))
terça-feira, 19 de agosto de 2008
Recordar Federico Garcia Lorca
Se as minhas mãos pudessem desfolhar
Eu pronuncio teu nome
nas noites escuras,
quando vêm os astros
beber na lua
e dormem nas ramagens
das frondes ocultas.
E eu me sinto oco
de paixão e de música.
Louco relógio que canta
mortas horas antigas.
Eu pronuncio teu nome,
nesta noite escura,
e teu nome me soa
mais distante que nunca.
Mais distante que todas as estrelas
e mais dolente que a mansa chuva.
Amar-te-ei como então
alguma vez? Que culpa
tem meu coração?
Se a névoa se esfuma,
que outra paixão me espera?
Será tranqüila e pura?
Se meus dedos pudessem
desfolhar a lua!!
...assassinado neste mesmo dia, 19 de Agosto de 1936, ou seja, há 72 anos.
domingo, 17 de agosto de 2008
Palavras para ficar calada
O seu corpo perfeito, linha a linha
derramava-se no meu, e eu sentia
nele o pulsar do meu próprio coração.
Moreno, era a forma das pedras e das luas.
Dentro de mim alguma coisa ardia:
o mistério das palavras maduras
ou a brancura de um amor que nos prendia.
Hoje deitei-me ao lado da minha solidão
e longamente bebi os horizontes.
E longamente fiquei até ouvir
o meu sangue jorrar na voz das fontes.
Poesia de Eugénio de Andrade, As Mãos e os Frutos, 1948
Quadro de Picasso, Fernande à la mantille noire, 1905-1906
sexta-feira, 15 de agosto de 2008
Música na Voz
"Tarde uma nuvem rósea lenta e transparente.
Sobre o espaço, sonhadora e bela!
Surge no infinito a lua docemente,
Enfeitando a tarde, qual meiga donzela
Que se apresta e a linda sonhadoramente,
Em anseios d'alma para ficar bela
Grita ao céu e a terra toda a Natureza!
Cala a passarada aos seus tristes queixumes
E reflete o mar toda a Sua riqueza...
Suave a luz da lua desperta agora
A cruel saudade que ri e chora!
Tarde uma nuvem rósea lenta e transparente
Sobre o espaço, sonhadora e bela!"
quinta-feira, 14 de agosto de 2008
PCP processa CMViseu - para quem não viu
Mas não o fez!
Porque será??? Porque é que a Festa do Avante! os incomoda tanto?
Cliquem AQUI.
Saudades...
terça-feira, 12 de agosto de 2008
Viseu: o "Fascistão" de Ruas
Aí estão as últimas.. PCP processa Câmara Municipal de Viseu.
Afinal, essa coisa da "democracia" é coisa que não diz nada a Fernando Ruas. Este autarca parece comportar-se como se o concelho fosse a sua coutada. A última foi a ordem de retirar todos (sim, todos!) os cartazes do PCP alusivos à Festa do Avante, que se encontravam espalhados pela cidade. Com a inauguração da feira de S. Mateus à porta, Fernando Ruas quis "varrer" os comunistas da cidade, preocupado, possivelmente, com futuras eleições...
Espero que nestas ordens, oriundas do seu gabinete, não venha incluída nenhuma perseguição "à pedrada" dos comunistas, à semelhança do que disse em tempos a propósito dos fiscais do Ministério do Ambiente, senão... estou feita ao bife....
Voltei!!!
domingo, 3 de agosto de 2008
sexta-feira, 1 de agosto de 2008
Estou a fazer um grande BEIÇOOOOOOOO!
Para (me) compensar, aqui fica um tema dos Luar na Lubre (que vão tocar esta noite!!) que não deixa ninguém indiferente, "Pandeirada do Che", com imagens do filme "Che (The Argentine & Guerrilla)".
Polo ar un vento ven
Un vento dun pensamento
Que leva o teu nome Che
Sen morte algunha que o pare
Morte que o poida conter
Corre libre pola xente
E leva o teu nome Che
Un vento coma unha estrela
Coma unha fouce de pé
Coma unha fouce afiada
Que leva o teu nome Che
Un vento cheio de ganas
De queimar e revolver
Un vento de lúa nova
Que leva o teu nome Che
O sangue que lle antecede
Co que xurde detrás del
Forma un feixe de rosas
Que leva o teu nome Che
E cando os nemigos fuxen
Ou comezan a morrer
Quen os abate é un vento
Que leva o teu nome Che
Un vento coma unha estrela
Coma unha fouce de pé
Coma unha fouce afiada
Que leva o teu nome Che
Un vento cheio de ganas
De queimar e revolver
Un vento de lúa nova
Que leva o teu nome Che.
A Luta
Das águas em rápido...
Poema de José Barreto, seleccionado por Vieira da Silva, no blogue "A Sudoeste".
Gostei do que vi por lá. Muitas caras conhecidas, de Ílhavo. E sim! Não estou a ser irónica.
Há para aí umas "más línguas" que acham que eu não simpatizo com essa terra. Mas olhem que não, olhem que não... Até lá passo de vez em quando.. Não costumo parar, é certo, mas que passo, passo...