“Quando descobrimos aquilo de que somos feitos e a maneira como somos construídos, descobrimos um processo incessante de construção e destruição e apercebemo-nos de que a vida está à mercê desse processo interminável. Tal como os castelos de areia das praias da nossa infância, a vida pode ser levada pela maré.” António Damásio, O Sentimento de Si (1999)
segunda-feira, 30 de junho de 2008
De Miguel Torga, com súplica...
Agora que o silêncio é um mar sem ondas,
E que nele posso navegar sem rumo,
Não respondas
Às urgentes perguntas
Que te fiz.
Deixa-me ser feliz
Assim,
Já tão longe de ti como de mim.
Perde-se a vida a desejá-la tanto.
Só soubemos sofrer, enquanto
O nosso amor
Durou.
Mas o tempo passou,
Há calmaria...
Não perturbes a paz que me foi dada.
Ouvir de novo a tua voz seria
Matar a sede com água salgada.
Miguel Torga porque sim, porque me apetece...
Ou porque o calor me faz ter sede...
domingo, 29 de junho de 2008
Música para o Fim-de-Semana
Nesse dia, Johann Sebastian Bach estava sem inspiração... para terminar a sua Tocata em Ré menor...
Mas os King Singers, excepcionais como sempre, deram uma ajuda, a partir dos nossos dias, e...
fez-se luz... "and now i got a fugue..."
Fiquem atentos à letra desta fantástica rapsódia de Bach, que foi interpretada na maratona 24h de Bach, em Leipzig, e da qual já por cá vos dei uma amostra (lembram-se do Bobby MacFerrin?...)
Bom Fim de Semana!
sexta-feira, 27 de junho de 2008
Tempo de Resistir
Em Abril visitei o Forte de Peniche integrada num grupo de gente que tinha muitas histórias para contar relacionadas com o tempo da ditadura fascista, e dos seus tempos de cativeiro. Uns tinham ali estado, outros tinham estado em Caxias, outros tinham estado em ambas! Na altura fiquei muito impressionada com tudo, com o Forte, que apesar de já conhecer, causa sempre um grande impacto, e com os relatos, que me fizeram sentir pequenina diante do passado de resistência daqueles lutadores.
Nunca é demais lembrar o que se passou em Portugal durante o Estado Novo. E hoje, mais do que nunca, assistimos a tentativas de branqueamento do passado. Quer pela tentativa de humanizar o ditador Salazar, quer pelas comparações que vão começando a ser escutadas, aqui e ali, com o governo de Sócrates. Efectivamente estamos perante um governo que governa o mais à direita possível. O descontentamento popular é flagrante.
Todas as classes profissionais são atingidas. Está instalada uma crise social muito complicada de resolver. O custo de vida está cada vez pior. Apesar de tudo isto, não podemos afirmar que se vive hoje como no tempo da ditadura. O valor da coragem e resistência de alguns permitiu que todos os portugueses, hoje em dia, pudessem usufruir da sua liberdade, do seu poder de voto, da sua capacidade de lutar, da possibilidade de, como trabalhadores, estarem organizados, sindicalizados, poderem dizer o que pensam... Acima de tudo, a luta de alguns permitiu abrir as portas a uma nova vida.
Usemos, pois, essa força que nos foi dada. É certo que os tempos não estão fáceis, mas hoje temos, como sempre tivémos, a força de estarmos unidos a lutar, a bater o pé, a dizer: Não Passarão! Hoje, mais do que nunca, temos de defender a liberdade e a democracia.
Amanhã, pode bem ser uma excelente oportunidade! E, que tal?
Vamos tentar?
quinta-feira, 26 de junho de 2008
Ser Mulher
Como poderão observar, trata-se de um conjunto de frases retiradas de revistas ditas femininas, do tempo da ditadura fascista.
Congratulo-me por já muita coisa estar diferente, nos tempos actuais. Mas há ainda muito a fazer no que toca à dignidade da mulher, e ao seu estatuto na sociedade.
A título humorístico, não posso deixar de dizer que acho uma "pérola" aquela da casa de banho...

terça-feira, 24 de junho de 2008
Música para uma Quarta-feira
O seu instrumento, o Sitar, é dotado de uma sonoridade inigualável.
Fico sempre mais calma depois de ouvir as suas Ragas (uma espécie de alfabetos musicais, mais do que as nossas conhecidas escalas ocidentais, são conjuntos de fragmentos melódicos, que servem de base de construção da harmonia e da estrutura da peça). As Ragas duram, geralmente, um tempo considerável a ser apresentadas (vinte minutos, meia hora, uma hora...), principalmente porque depois de expostas, são o mote para múltiplas improvisações - que duram o tempo que o músico quiser! Deixo-vos, no entanto uma versão de quatro minutos e pouco, extraída de um talk-show norte-americano, o "Dick Cavett Show", no qual Ravi Shankar participou.
Instalem-se confortavelmente, fechem os olhos, e carreguem no play.
É uma maravilha!...
segunda-feira, 23 de junho de 2008
É por isso que não vejo televisão!
Só tenho uma, velhinha, que custou 30 contos (é do tempo dos contos!), comprada por impulso numa superfície comercial que existia na Covilhã. (E eu nem sequer morava na Covilhã... Foi mesmo por impulso! )
Seja como fôr, ligamo-nos à "rede" e o que vem à rede... já não é peixe. É um chorrilho de notícias que fazem tudo menos informar quem quer saber o que se passa. Creio mesmo que são todo um conjunto de notícias escolhidas criteriosamente para ocultar a realidade, e manter desinformados os portugueses acerca de tudo o que realmente interessa.
Ele é a Manuela Ferreira Leite que é a nova líder do PSD (fait-divers);
Ele é o Vale e Azevedo com vida de luxo em Londres (fait-divers);
Ele é o Mário Soares que apela ao diálogo inter-religioso para evitar guerra de civilizações (mais fait-divers);
Tudo vale, menos falar do que é verdadeiramente grave para os trabalhadores...
Minto. Num cantinho, lá vem uma imagem deste senhor, muito... digamos... irritado com qualquer coisa, a dizer que o dossier sobre o novo Código do Trabalho tem que ficar encerrado "já amanhã". Antes de irmos para férias. É assim, sem tirar nem pôr.

Aquilo que vai ter mais influência no futuro dos trabalhadores portugueses, aquilo que vai ditar a sua qualidade de vida, e dos seus filhos, e aquilo que pode estar na base de um agravar da já profunda crise social instalada, é dito num cantinho da página, em meia dúzia de linhas (contei-as, afinal são oito linhas)... E Vieira da Silva não tem vergonha quando se olha ao espelho?
Com direito a mais duas, totalizando dez linhas, aparece a fabulosa notícia: "O desemprego teve um aumento de 2,1% desde Abril". Ora aí está. O devido tratamento para uma notícia deste calibre.
O facto do desemprego aumentar não é importante para a imprensa portuguesa.
O importante é que o Mário Soares é o novo líder do PSD, a Manuela Ferreira Leite tem uma vida de luxo em Londres e o Vale e Azevedo apela ao diálogo inter-religioso para evitar guerra de civilizações.
Ou lá o que eles fazem...
sábado, 21 de junho de 2008
Coisas em que vou pensando...
Apesar do muito cansaço e da falta de tempo para tudo, ainda me restam uns pequeninos minutos para vir cá desejar a todos os visitantes um bom fim de semana.
E antes de me ir embora partilho convosco estas ideias que me atravessam o espírito, de vez em quando. Então, agora que o Euro já pertence ao passado, pode ser que os portugueses comecem a fazer uso do cérebro com que a natureza os dotou. Sócrates anda preocupado: terá de, rapidamente, arranjar um placebo para dar ao povo, para que este continue alienado... Uma nova cimeira em Lisboa para tratar do Tratado 2, o regresso? Um jogo de futebol de salão com os membros do Governo? Uma nova aparição em Fátima?
Deixo-vos com as palavras de Brecht, que, como sempre, sabia o que dizia...
"O Vosso tanque General, é um carro forte"
Derruba uma floresta esmaga cem
Homens,
Mas tem um defeito
- Precisa de um motorista
O vosso bombardeiro, general
É poderoso:
Voa mais depressa que a tempestade
E transporta mais carga que um elefante
Mas tem um defeito
- Precisa de um piloto.
O homem, meu general, é muito útil:
Sabe voar, e sabe matar
Mas tem um defeito
- Sabe pensar
sexta-feira, 20 de junho de 2008
Posição da Fenprof sobre reforma do Ensino Artístico
Este comunicado da Fenprof está excelente. Só peca por não ter saído mais cedo. Mas saiu. E chama os bois pelos nomes!
O Ensino Artístico Especializado (EAE) tem vindo a ser, ao longo do presente ano lectivo, objecto de intervenção governativa. Nas palavras dos mais altos responsáveis do Ministério da Educação tratar-se-á de expandir as condições de acesso ao ensino artístico. No entanto, é de todo, e de todos, desconhecida a forma como o Estado irá mobilizar recursos financeiros e organizativos na operacionalização, no âmbito da Escola Pública, de tal intenção.
A posição da FENPROF, de defesa intransigente da escola pública é, também no que respeita a esta modalidade de ensino, amplamente conhecida. Por isso, aqui se sublinha a preocupação motivada pela inexistência da intenção governativa de criar uma situação qualitativamente nova no EAE, nomeadamente através do reforço da escola pública. Iniciado aquilo que o Ministério da Educação, agora, designa "reorganização" do Ensino Artístico Especializado, abandonada que parece estar a chamada "refundação", permanecem dúvidas acerca de como será desencadeado um processo que necessita da adopção de medidas de fundo e da recusa de remendos conjunturais. Assim:
1. Sendo por demais evidente a exiguidade da oferta pública no sector do Ensino Artístico Especializado (um total de seis escolas, todas no litoral e a norte do Tejo), não se conhece qualquer iniciativa do Ministério da Educação no sentido da expansão da rede pública do EAE. Tal revela uma enorme e inqualificável ausência de uma estratégia do desenvolvimento deste tipo de ensino.
A FENPROF defende que a expansão da rede pública é uma condição indispensável ao estabelecimento de políticas educativas de âmbito nacional, num sector sistematicamente marginalizado pelas políticas educativas de sucessivos governos.
A FENPROF considera que só a expansão da rede pública pode constituir-se motor da democratização do acesso a este tipo de ensino. Por esta razão, é prioritária a tomada de medidas no sentido da criação de uma escola pública de Ensino Artístico Especializado em cada capital de distrito, sendo de equacionar a transferência para a esfera do Estado de algumas escolas do Ensino Particular e Cooperativo.
2. Por outro lado, o Ministério da Educação deu a conhecer, recentemente, a responsáveis da AEEP, um projecto respeitante ao apoio financeiro a conceder aos estabelecimentos de ensino particular e cooperativo que ministram o ensino especializado de música. Para lá da estranheza que suscita, desde logo, o princípio, ali consignado, do financiamento por aluno (como que ignorando que no cálculo do custo de qualquer actividade, educativa ou não, a remuneração de quadros qualificados se constitui variável no cálculo orçamental), a FENPROF adverte para o paradoxo que poderá resultar da aplicação de medidas que conduzam a um ainda maior estreitamento do acesso a este tipo de ensino e no despedimento do pessoal mais qualificado e, portanto, mais "caro".
É, de igual modo, incompreensível que o valor proposto para o financiamento de um aluno do curso básico seja o mesmo destinado a financiar um aluno do curso secundário, sabendo-se que o currículo dos cursos secundários implica, necessariamente, um maior envolvimento de recursos. Por outro lado, princípios como o do sub-financiamento dos cursos secundários (ou complementares) e o da imposição de inscrição em turmas "dedicadas" para que o aluno possa usufruir do regime articulado, poderão contribuir para que, a muitos alunos, seja vedada a possibilidade da formação artística especializada. A FENPROF teme que o modelo de financiamento proposto, bem como a aplicação dos parâmetros de selecção de candidaturas, inscritos no referido projecto, tenham efeitos como:
- o de favorecer, quase em exclusivo, estruturas empresariais de grande dimensão (cujos alunos terão acesso ao ensino artístico gratuito), em detrimento de estruturas de menor dimensão, cuja continuidade está ameaçada;
- o de lançar no desemprego e na precariedade um número elevado de docentes qualificados, cujo justo pagamento não se enquadra nos cálculos de "poupança" do Ministério da Educação.
A FENPROF manifesta-se contra a aplicação de quaisquer medidas de alteração do actual modelo de financiamento que possam resultar, simultaneamente, no aumento da precariedade e do desemprego no Ensino Artístico Especializado e na limitação, por razões de natureza económica e geográfica, entre outras, do acesso a este tipo de ensino.
O Secretariado Nacional da FENPROF
19/06/2008
quinta-feira, 19 de junho de 2008
Música para uma quinta-feira
Já a pensar em férias, então, ainda sabe melhor ouvi-lo... Imaginando um dia de sol, bem de manhazinha, uma viagem por estradas secundárias, com pouco trânsito, a ver a paisagem, rumo a uma praia ou ... ou... Fica ao vosso critério a continuação. Boa audição!
terça-feira, 17 de junho de 2008
Não sejam nêsperas!
Logo às 17h30 há um Buzinão em todo o país, contra o aumento dos combustíveis e do custo de vida! Não sejam nêsperas!
Uma nêspera
estava na cama
deitada
muito calada
a ver
o que acontecia
e disse
"olha uma nêspera"
e zás comeu-a
É o que acontece
às nêsperas
que ficam deitadas
caladas
a esperar
o que acontece
Mário Henrique Leiria,
in Novos Contos do Gin
segunda-feira, 16 de junho de 2008
Buzinão
Tu buzinas
Ele buzina
Nós buzinamos
Vós buzinais
Eles buzinam.
Buzine!
domingo, 15 de junho de 2008
Aquilino Ribeiro

Passaram-se 50 anos desde que Aquilino Ribeiro publicou "Quando os Lobos Uivam".
Hoje, em Soutosa, terra onde este escritor beirão viveu, teve lugar uma homenagem bastante animada. A iniciativa foi organizada pela Baladi (Federação Nacional de Baldios) e pela CNA (Confederação Nacional da Agricultura).
Foi uma tarde de festa, comes e bebes, banda filarmónica e rancho folclórico a rigor, mas marcada, sobretudo, pela forte impressão que nos causam as palavras de Aquilino relativamente à luta dos beirões pelos seus baldios.
E para não me alongar mais, sabendo que há por aí gente muito mais qualificada para falar sobre isto, deixo-vos com as palavras emblemáticas de uma das personagens de "Quando os lobos uivam":
"A serra é dos serranos desde que o mundo é mundo, herdada de pais para filhos. Quem vier para no-la tirar, connosco se há-de haver!"
Grande Aquilino!
Recomendo todas as suas obras, do Malhadinhas ao Terras do Demo, passando pelo Andam Faunos pelos bosques e pelo incontornável Quando os Lobos Uivam. De leitura obrigatória!
O Linha do Vouga voltou à acção!
Chiça...
Não deixem de confirmar. Cliquem já na Linha do Vouga.
sábado, 14 de junho de 2008
Música para o Fim-de-Semana
O rouxinol toda a noite cantou, e de o escutarem as rosas floriram...
Alban Berg, compositor austríaco do sec.XX, que muitos conhecem por causa da sua famosa ópera Wozzeck, compôs um grupo de sete canções, sendo uma delas esta que aqui vos deixo, na sua juventude, numa fase em que não estava ainda rendido totalmente ao atonalismo (ausência de centro tonal, característica de toda a música composta nos séculos anteriores, seja barroca, clássica ou romântica). Eu gosto de todas as "Sieben fruhe lieder", mas esta, Die Nachtigall, tem aquela notinha aguda que um professor meu gostava de apelidar do momento "toca-me aqui"...
Nunca percebi o que é que ele queria dizer com isso, mas que é bonita, lá isso é.
Esta peça tem para mim um significado especial. Cantei-a num concerto já grávida de cinco meses, e a minha bebé mexia... mexia...
Aqui fica, pela voz da imponente Jessye Norman.
sexta-feira, 13 de junho de 2008
É a democracia, estúpido!

No momento em que escrevo ainda não é confirmada mas é já dada como certa a vitória do "NÃO" no referendo ao Tratado de Lisboa, realizado na Irlanda, como manda a constituição daquele país.
A comunicação social apressa-se a dizer que é uma crise para a Europa, etc, e tal, colocando-se claramente ao lado daqueles que preferiam outro resultado.
Além de ser eticamente incorrecto os jornalistas darem a notícia sem a isenção a que deveriam ser obrigados, além das estações de televisão contratarem pseudo-analistas que vão explicar aos comuns mortais a grande desgraça que aconteceu, com discursos do género "vejam lá, estes irlandeses estúpidos, inviabilizaram o Tratado de Lisboa.. Chatice. E agora, como é que vai ser?", além de nos estarem a tentar impingir a ideia de que este resultado é um "grande problema", além de tudo isto temos de suportar a mentira descarada, a arrogância e a impunidade com que se fala da soberania dos povos europeus.
Ainda ninguém com responsabilidade teve a coragem de dizer: "É a democracia. Foi a vontade do povo e deve ser respeitada". Luís Amado, em declarações proferidas na Sic Notícias, enfatizou a enorme crise despoletada por este "Não".
Para este Governo, para Sócrates, para Durão Barroso, para os tais líderes europeus, mas sobretudo para o grande capital, a democracia só dá jeito quando serve os seus interesses, de exploração, de estrangulamento das pessoas.
Em todos os países o Tratado de Lisboa foi ratificado, à revelia das populações, sem referendar o que quer que fosse. Não quiseram correr riscos depois dos chumbos à Constituição Europeia, na França e na Holanda. Inventaram uma forma de, por decreto, instalarem novas formas de exploração, mais instabilidade laboral para os trabalhadores, mais assimetrias sociais. No entanto, sendo obrigados a respeitar a constituição irlandesa, lá tiveram que "ceder", e levar o Tratado de Lisboa a referendo. Mas com esta vitória do "Não" terão de encontrar um novo caminho. É caso para dizer "é a democracia, estúpido". Agora não vos dá jeito?!
A luta dos povos vai continuar. E o único caminho que resta à Europa é, sem dúvida, mudar de rumo!
quarta-feira, 11 de junho de 2008
"O nosso mundo é este" de José Gomes Ferreira
O nosso mundo é este
Vil suado
Dos dedos dos homens
Sujos de morte.
Um mundo forrado
De pele de mãos
Com pedras roídas
das nossas sombras.
Um mundo lodoso
Do suor dos outros
E sangue nos ecos
Colado aos passos…
Um mundo tocado
Dos nossos olhos
A chorarem musgo
De lágrimas podres…
Um mundo de cárceres
Com grades de súplica
E o vento a soprar
Nos muros de gritos.
Um mundo de látegos
E vielas negras
Com braços de fome
A saírem das pedras…
O nosso mundo é este
Suado de morte
E não o das árvores
Floridas de música
A ignorarem
Que vão morrer.
E se soubessem, dariam flor?
Pois os homens sabem
E cantam e cantam
Com morte e suor.
O nosso mundo é este….
( Mas há-de ser outro.)
terça-feira, 10 de junho de 2008
Música para meio da semana...
O tempo parece fugir por entre os dedos... (Ainda agora mesmo lá me escapou mais um minuto, entre o indicador e o médio da mão esquerda!!)
A somar a isto há as muitas actividades relacionadas com o fim de ano neste tipo de ensino. As vulgares audições finais, concertos, recitais, exames, etc. Enfim... (suspiro)
Estão convidados a aparecer no Concerto "Acordai", que será no próximo dia 12 de Junho, quinta-feira, às 22h, no Café-concerto do TMG, na cidade da Guarda. Trata-se de um concerto dedicado à música portuguesa, onde se poderá ouvir de Lopes-Graça a Zeca Afonso, passando pelo Fausto, Adriano Correia de Oliveira, música tradicional... e poesia de Eugénio de Andrade, Manuel Alegre e Ary dos Santos.
Sendo uma actividade que envolve muitos alunos, é capaz de esgotar a lotação, por isso mandem-me um email se quiserem que guarde bilhetes.. Chegar no momento e entrar pode ser arriscado. Corre-se o risco de não conseguir entrar. A sério. Já aconteceu...
Como vou andar um pouco ausente da blogosfera por estes dias, peço desculpa aos meus visitantes / visitados habituais... Prometo voltar logo... Ou como diria o outro: "I'll be back"...
domingo, 8 de junho de 2008
Música para o Fim-de-Semana
Mas mesmo quem não conheça o filme de Visconti, baseado no romance de Thomas Mann, pode sempre imaginar um grande amor ao ouvir estes sublimes minutos de duração deste 4º andamento.
(Se se tratar de um grande amor em Veneza, melhor ainda...)
Como dizia um professor catedrático da Universidade Nova de Lisboa, relativamente ao Handel, digo eu agora, aplicando a este caso:
"Porque é que esta música é assim?... Porque Mahler sabia o que fazia!"
O maestro Zubin Mehta a dirigir a Israel Philharmonic Orchestra, no Teatro Municipal de Santiago do Chile, em 2001.
sábado, 7 de junho de 2008
sexta-feira, 6 de junho de 2008
250 Mil

Hoje estiveram 250 mil trabalhadores em luta nas ruas de Lisboa.
250 mil...
Será que o primeiro-ministro não se questiona acerca da razão de tal descontentamento?
Pensará ele que os portugueses que lhe deram maioria absoluta ficaram em casa?
Será que ele acredita que há ainda vivalma que o apoie?
Que arrogância...
E no entanto...
Acho que hoje o Sócrates já terá fumado alguns maços de tabaco... :)))
Apesar de não ter podido ir, quero gritar aqui do meu canto:
"Viva a Luta dos trabalhadores portugueses."
"Viva a CGTP."
"A luta continua."
Parabéns aos manifestantes cansados. Valeu a pena.
quinta-feira, 5 de junho de 2008
Dr. Manuel Jekyll and Mr. Hyde Alegre
É estratégia. Obviamente. A estratégia é desviar a atenção da força crescente (e evidente) do PCP. E iludir. Travar as intenções de algumas pessoas de aderirem à manifestação de hoje.
Mas não conseguiram. Isso é que era bom!!
Não é possível encontrar ainda qualquer tipo de coerência na pessoa do Manuel Alegre. Não se pode estar de manhã na AR a votar a favor do novo Código Laboral, e à noite a gritar esganiçado "contra o capitalismo, rumo ao socialismo".... (não sei se foi isto que ele gritou, mas era esse o sentido...)
Há uma designação clínica para pessoas com este tipo de patologias. Chama-se esquizofrenia.
Assim, parece-me que o Manuel Alegre terá composto a "Trova do vento que passa" num dia em que se considerava o Dr Jekyll... Mas pelo resto da sua vida, como militante do PS, assumiu a personalidade de Mr Hyde, o monstro.
Ironias à parte, não pretendo ofender ninguém.
Acredito que houvesse gente honesta no teatro da Trindade. Mas não Manuel Alegre, que deve saber muito bem o papel que desempenha no seio do PS.
Fiquemos atentos ao desenrolar dos acontecimentos, mas com a mais profunda certeza de que se Manuel Alegre não saiu até agora do seu partido também já não o fará. E, de qualquer maneira, estou-me completamente marimbando para mais este fait-divers.
Não há verdades absolutas, mas há absolutamente a necessidade de ouvir a verdade, e só a verdade, daqui para a frente.
quarta-feira, 4 de junho de 2008
A Luta Conti(í)nua
terça-feira, 3 de junho de 2008
Fui buscar o sol à Galiza
Fui ali e já cá estou.
Com energias renovadas, e trabalho a dobrar!
E já estou com saudades, das canãs, das esplanadas, do sol, do gasóleo a 1,31€/litro, das pessoas nas ruas e dos muitos carrinhos de bebé, e das crianças, e dos sorrisos das gentes, e... e... e pronto!
Trouxe na mala este vídeo do grupo Milladoiro, que muito aprecio.
Porque a boa música não tem hora, deixo-vos com três minutos e pouco deste conhecidíssimo "Bruxo da Montaña", para ficarem com um aroma da Galiza em vossa casa...