terça-feira, 8 de novembro de 2011

Rosto dos dias

Tentei escrever-te um poema,
mas parei de respirar.
Quando tentava desfazer as malas
após a viagem
da minha inconsciência,
ouvi o ruído longínquo,
que me fez ficar imóvel,
a pensar o que seria:
uma provocação,
ou uma serra eléctrica
a atravessar o vazio?
Nada mais.
Só a imagem de um rosto no espelho,
e este cansaço bruto,
e este surdo sentimento mudo
de um corpo que não obdece,
mas que usurpou toda a energia.
Como se o dia
subitamente
tivesse arrefecido.

2 comentários:

linhadovouga disse...

Que bom o teu regresso. E que bom desta maneira.

Fernando Samuel disse...

Depois de A troika e a luta, um belo poema: muito bem.

Um beijo.