“Quando descobrimos aquilo de que somos feitos e a maneira como somos construídos, descobrimos um processo incessante de construção e destruição e apercebemo-nos de que a vida está à mercê desse processo interminável. Tal como os castelos de areia das praias da nossa infância, a vida pode ser levada pela maré.” António Damásio, O Sentimento de Si (1999)
quarta-feira, 21 de outubro de 2009
Amostra sem valor
Eu sei que o meu desespero não interessa a ninguém.
Cada um tem o seu, pessoal e intransmissível:
com ele se entretém
e se julga intangível.
Eu sei que a Humanidade é mais gente do que eu,
sei que o Mundo é maior do que o bairro onde habito,
que o respirar de um só, mesmo que seja o meu,
não pesa num total que tende para infinito.
Eu sei que as dimensões impiedosos da Vida
ignoram todo o homem, dissolvem-no, e, contudo,
nesta insignificância, gratuita e desvalida,
Universo sou eu, com nebulosas e tudo.
Amostra sem valor
António Gedeão
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6 comentários:
Amostra com Valor Acrescentado.
São as gotas de água que fazem o oceano. Quanto mais puras forem... mais benéfico para o ambiente;)
Beijinhos, Sal
Querida Sal, obrigada por esta amostra de António Gedeão. Fizeste-me lembrar qualquer coisa. Que como ser humano me sinto impotente para lidar com esta teia que se tece nas nossas vidas, falo de toda a engrenagem política, da maneira como as coisas são conduzidas, como nos são apresentadas e condicionam os actos mais quotidianos. O não saber deixa-me de mãos atadas. Querida Sal, às vezes não sei o que fazer com estes pensamentos que tenho. Além disso o dia está cinzento e chove. Ainda assim, fizeste-me sorrir.
Gedeão em grande forma...
Abreijos.
Depois deste teu interregno (de grande trabalho), chegas muito bem acompanhada.
Nós aqui ainda não terminamos!
Um grande Bj,
GR
«Com nebulosas e tudo» - exactamente!
Um beijo.
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