Catarina Eufémia - n. Baleizão, 13 de Fevereiro de 1928, m. Baleizão, 19 de Maio de 1954.
Era ceifeira, e foi assassinada em pleno regime fascista, quando lutava, em plena greve, ao lado de outros assalariados rurais, por melhores condições de vida.
Foi cruelmente morta a tiro pelo tenente Carrajola da GNR. Tinha apenas 26 anos, tinha três filhos, o mais novo tinha 8 meses e encontrava-se ao colo da mãe quando esta morreu. E estaria já grávida outra vez, diz-se.
Lutava por pão e trabalho... Tornou-se rapidamente num símbolo da resistência do proletariado rural alentejano à repressão e à exploração do salazarismo e, ao mesmo tempo,
um símbolo do combate pela liberdade e da emancipação da mulher portuguesa.
RETRATO DE CATARINA EUFÉMIA
por José Carlos Ary dos Santos
Da medonha saudade da medusa
que medeia entre nós e o passado
dessa palavra polvo da recusa
de um povo desgraçado.
Da palavra saudade a mais bonita
a mais prenha de pranto a mais novelo
da língua portuguesa fiz a fita encarnada
que ponho no cabelo.
Trança de trigo roxo
Catarina morrendo alpendurada
do alto de uma foice.
Soror Saudade Viva assassinada
pelas balas do sol
na culatra da noite.
Meu homem. Meu rapaz. Minha mulher
de corpo inteiro como ninguém foi
de pedra e alma como ninguém quer.
5 comentários:
Bela homenagem a Catarina - e à luta, que continuamos.
Um beijo.
Pela Liberdade!
Lindo o poema do Ary. Especial, este.
Porque para Catarina...
Beijinhos
Tanta força, no retrato de Catarina pelo Ary!
Quis fazer post, mas ando meia deslocada da blogo. Mas já vi não foi esquecida. Isso é vital!
beijocas
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