Hoje deitei-me ao lado da minha solidão.
O seu corpo perfeito, linha a linha
derramava-se no meu, e eu sentia
nele o pulsar do meu próprio coração.
O seu corpo perfeito, linha a linha
derramava-se no meu, e eu sentia
nele o pulsar do meu próprio coração.
Moreno, era a forma das pedras e das luas.
Dentro de mim alguma coisa ardia:
o mistério das palavras maduras
ou a brancura de um amor que nos prendia.
Hoje deitei-me ao lado da minha solidão
e longamente bebi os horizontes.
E longamente fiquei até ouvir
o meu sangue jorrar na voz das fontes.
Poesia de Eugénio de Andrade, As Mãos e os Frutos, 1948
Quadro de Picasso, Fernande à la mantille noire, 1905-1906
9 comentários:
Belo é este poema de Eugénio de Andrade. Lê-lo e relê-lo a esta hora, em completo silêncio, soa como um grito...
Beijinhos, Sal
...«e longamente bebi os horizontes»...
esta música, bela e triste...
Um beijo amigo.
Que faria se falasses!...
"E longamente fiquei até ouvir
o meu sangue jorrar na voz das fontes"... até faz doer!!!
Abreijos
Nunca cansa, esta poesia límpida e pungente.
Apetece voltar sempre, sempre, e sofrer com ele.
Cheira-me a nostalgia.......
Beijinho grande
Soa-me muito familiar. Tudo bem? Beijinhos
Simplesmente lindo.
Eugénio - diz tudo. Lindo!
Beijos, Sal.
Não sei porquê soa-me familiar como à Rita... Será coincidência?
Lol.
Saudações!
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