“Quando descobrimos aquilo de que somos feitos e a maneira como somos construídos, descobrimos um processo incessante de construção e destruição e apercebemo-nos de que a vida está à mercê desse processo interminável. Tal como os castelos de areia das praias da nossa infância, a vida pode ser levada pela maré.” António Damásio, O Sentimento de Si (1999)
domingo, 15 de junho de 2008
Aquilino Ribeiro
Passaram-se 50 anos desde que Aquilino Ribeiro publicou "Quando os Lobos Uivam".
Hoje, em Soutosa, terra onde este escritor beirão viveu, teve lugar uma homenagem bastante animada. A iniciativa foi organizada pela Baladi (Federação Nacional de Baldios) e pela CNA (Confederação Nacional da Agricultura).
Foi uma tarde de festa, comes e bebes, banda filarmónica e rancho folclórico a rigor, mas marcada, sobretudo, pela forte impressão que nos causam as palavras de Aquilino relativamente à luta dos beirões pelos seus baldios.
E para não me alongar mais, sabendo que há por aí gente muito mais qualificada para falar sobre isto, deixo-vos com as palavras emblemáticas de uma das personagens de "Quando os lobos uivam":
"A serra é dos serranos desde que o mundo é mundo, herdada de pais para filhos. Quem vier para no-la tirar, connosco se há-de haver!"
Grande Aquilino!
Recomendo todas as suas obras, do Malhadinhas ao Terras do Demo, passando pelo Andam Faunos pelos bosques e pelo incontornável Quando os Lobos Uivam. De leitura obrigatória!
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10 comentários:
Passei por lá. Foi bonito, foi. Grande convívio, belas palavras. Aquilino sempre. E ver toda aquela gente a falar em "posse comunitária das terras".
Os beirões são rijos, e simpáticos, e afáveis, e gostam da sua terra, e fazem boa comida e boa bebida. E fica-se, até, com a sensação de que poderíamos bem construir o socialismo com eles um dia destes.
Se não fosse a cacicada... e a padralhada...
Não pude deixar de sorrir com o comentário do Mide...
Um dia será possível, e os caciques e os padres que se ponham a pau...
Aquilino é de leitura obrigatória, sim!
Obrigada, Sal.
Beijinhos
São posts como este que nos fazer esquecer que há dias maus.
Gosto muito de Aquilino!
Agora, comenta a Maria, "Um dia será possível, e os caciques e os padres que se ponham a pau..."
Certo! Uma coisa que ajudaria seguramente era pôr antes pau nos caciques e... ok, pronto, é precipitado...
Abreijos
Grande Aquilino! Mestre nas letras e exemplo maior de homem de honra e coragem que, desde muito jovem, nunca lhe faltou. Por isso, o fascismo tanto o odiava.
Recordo as leituras em voz alta (por volta dos meus dez anos) que o meu pai fazia de "Quando os Lobos Uivam".~
Marcou-me para toda a vida e ainda bem que assim é.
Campaniça
Boa lembrança Sal.
E assim, de repente, deu-me vontade de o voltar a ler.
Beijinhos
Obrigado, Sal, pela notícia. Eu, que aquiliano me confesso (e outras coisas) fiquei contente por ter havido lembranças dele.
Se quiseres espreitar o blog som-da-tinta.blogspot.com, encontras lá uma série (incompleta!) comentando o absolutamente excepcional (e quase ignorado) "No cavalo de pau com Sancho Pança".
Beijos
Que bom que o Aquilino seja festejado, se não nacionalmente, pelo menos no seu local de nascimento. Cá por casa, é-o frequentemente! E que as palavras dele não sejam esquecidas, nunca.
É preciso lê-lo, sempre.
Lembrei-me de imediato do Sérgio (mas reparo que já comentou), espreita o blog. Vale a pena ler "No cavalo de pau com Sancho Pança", com os extraordinários comentários do Sérgio R.. Está incompleto, ainda! ele vai voltar, o tempo é sempre pouco.
O J. Diniz da CNA também foi?
Antigamente nalgumas casas, Aquilino era leitura obrigatória.
Nesse aspecto tive sorte.
GR
Olá a todos. Permitam-me responder apenas a três de vós:
Salvoconduto:
bem-vindo. Obrigada pelo elogio. Mas o verdadeiro mérito é... do Aquilino.
Sérgio: irei ao som-da-tinta, certamente, mas não hoje, que estou a cair para o lado de sono!
Gr: Sim. O J. Diniz esteve lá e discursou de forma muito eloquente.
Também lá esteve o Agostinho Lopes em representação do Grupo Parlamentar do PCP, entre outros.
Beijinhos a todos.
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