domingo, 27 de julho de 2008

E se tu pensas que não entras na história... não te preocupes...


Quadrilha

João amava Teresa que amava Raimundo
que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili
que não amava ninguém.
João foi para os Estados Unidos, Teresa para o convento,
Raimundo morreu de desastre, Maria ficou pra tia,
Joaquim suicidou-se e Lili casou com J. Pinto Fernandes
que não tinha entrado na história.


(Uma delícia, este poema de Carlos Drummond de Andrade!)

6 comentários:

Maria disse...

Há quanto tempo eu não lia este poema...
Obrigada, Sal.

Beijinhos

Maria disse...

Deixo-te aqui uma canção do Chico, que tem tudo a ver, embora a devas conhecer...

FLOR DA IDADE

A gente faz hora, faz fila na vila do meio dia
Pra ver Maria
A gente almoça e só se coça e se roça e só se vicia
A porta dela não tem tramela
A janela é sem gelosia
Nem desconfia
Ai, a primeira festa, a primeira fresta, o primeiro amor

Na hora certa, a casa aberta, o pijama aberto, a família
A armadilha
A mesa posta de peixe, deixe um cheirinho da sua filha
Ela vive parada no sucesso do rádio de pilha
Que maravilha
Ai, o primeiro copo, o primeiro corpo, o primeiro amor


Vê passar ela, como dança, balança, avança e recua
A gente sua
A roupa suja da cuja se lava no meio da rua
Despudorada, dada, à danada agrada andar seminua
E continua
Ai, a primeira dama, o primeiro drama, o primeiro amor


Carlos amava Dora que amava Lia que amava Léa que amava Paulo
Que amava Juca que amava Dora que amava Carlos que amava Dora
Que amava Rita que amava Dito que amava Rita que amava Dito que amava Rita que amava
Carlos amava Dora que amava Pedro que amava tanto que amava
a filha que amava Carlos que amava Dora que amava toda a quadrilha

Beijos

Sal disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Sal disse...

Não conhecia, não.
Obrigada, Maria
(já vou pesquisar!!!)

Justine disse...

Ador este poema, a sua ironia e a sua ternura...

Anónimo disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.