“Quando descobrimos aquilo de que somos feitos e a maneira como somos construídos, descobrimos um processo incessante de construção e destruição e apercebemo-nos de que a vida está à mercê desse processo interminável. Tal como os castelos de areia das praias da nossa infância, a vida pode ser levada pela maré.” António Damásio, O Sentimento de Si (1999)
sexta-feira, 27 de junho de 2008
Tempo de Resistir
Em Abril visitei o Forte de Peniche integrada num grupo de gente que tinha muitas histórias para contar relacionadas com o tempo da ditadura fascista, e dos seus tempos de cativeiro. Uns tinham ali estado, outros tinham estado em Caxias, outros tinham estado em ambas! Na altura fiquei muito impressionada com tudo, com o Forte, que apesar de já conhecer, causa sempre um grande impacto, e com os relatos, que me fizeram sentir pequenina diante do passado de resistência daqueles lutadores.
Nunca é demais lembrar o que se passou em Portugal durante o Estado Novo. E hoje, mais do que nunca, assistimos a tentativas de branqueamento do passado. Quer pela tentativa de humanizar o ditador Salazar, quer pelas comparações que vão começando a ser escutadas, aqui e ali, com o governo de Sócrates. Efectivamente estamos perante um governo que governa o mais à direita possível. O descontentamento popular é flagrante.
Todas as classes profissionais são atingidas. Está instalada uma crise social muito complicada de resolver. O custo de vida está cada vez pior. Apesar de tudo isto, não podemos afirmar que se vive hoje como no tempo da ditadura. O valor da coragem e resistência de alguns permitiu que todos os portugueses, hoje em dia, pudessem usufruir da sua liberdade, do seu poder de voto, da sua capacidade de lutar, da possibilidade de, como trabalhadores, estarem organizados, sindicalizados, poderem dizer o que pensam... Acima de tudo, a luta de alguns permitiu abrir as portas a uma nova vida.
Usemos, pois, essa força que nos foi dada. É certo que os tempos não estão fáceis, mas hoje temos, como sempre tivémos, a força de estarmos unidos a lutar, a bater o pé, a dizer: Não Passarão! Hoje, mais do que nunca, temos de defender a liberdade e a democracia.
Amanhã, pode bem ser uma excelente oportunidade! E, que tal?
Vamos tentar?
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
9 comentários:
Com certeza que vamos, por todos os meios ao nosso alcance, vamos!
Em cheio!
Bom post!
Belo texto! Excelenet post.
E gostei muito daquela opção gráfica de ilustrar com fotos de resistentes... que éramos - e somos! - TODOS. E nunca apenas oa que o foram...
Como o seremos hoje!
Importante o que dizes sobre as diferenças de tempos, apesar de tudo. Porque há muito "boa gente", por ignorância ou premeditadamente, a dizer que "isto" ainda é pior que o fascismo...
Hoje andaremos pelas ruas, a provar que são outros tempos , mas a dizer da nossa raiva!!
excelente "post"
também era pequena em 74, apenas usufruo da liberdade conquistada com o esforço de tantos... sou pequena!
bom fim-de-semana
um sorriso :)
ah! deixo-lhe um pedacito da lua lá do meu 7sentidos...lembrei de Si no post d`hoje!
hoje colocamos mais um tijolo nesta muralha contra aqueles que hoje, como no passado nos levaram a lutar e resistir.
Nas Portas de Mértola,(Beja) a temperatura era alta, mas as palavras dos oradores refrescaram a memoria das gentes do Alentejo,nesta jornada de luta.
gostei da visita...
Um abraço de Abril
Vamos, vamos tentar, para que «fascismo, nunca mais!»: nem com batas cardadas, nem com pezinhos de lã...
Um beijo amigo.
Excelente post!
Espero que tenham sido muitos mil nas ruas... e eu aqui...
.. mas estiquei muito os braços e senti as vossas mãos...
Beijos
Sal:
Nós duas temos algumas divergências que, a espaços de tempo, vamos manifestando, em termos políticos.
Mas neste teu excelente texto estou totalmente de acordo em cada palavra. Nem me vou dar ao trabalho de salientar os aspectos mais marcantes do post. Tal e qual. E post necessário, ainda por cima.
A luta passa sempe, sempre, por cada um de nós.
Beijinhos
Enviar um comentário