terça-feira, 13 de maio de 2008

A morte saiu à rua...

Dedicado ao artista plástico José Dias Coelho, assassinado a tiro, em 19 de Dezembro de 1961. Nesse dia, pelas oito horas da noite, cinco agentes da PIDE saltaram de um automóvel, na então Rua dos Lusíadas e que hoje tem o seu nome, em Alcântara, perseguiram-no, cercaram-no e dispararam dois tiros. Um tiro à queima-roupa, em pleno peito, deitou-o por terra; o outro foi disparado com ele já no chão. Os assassinos meteram-no num carro e partiram a toda a velocidade. Só duas horas depois, quando estava a expirar, o entregaram no Hospital da CUF. Refira-se que José Dias Coelho foi assassinado por ser comunista e não, como é obvio, por ser artista plástico.
(in My-lyrics.ws)




A morte saiu à rua num dia assim
Naquele lugar sem nome para qualquer fim

Uma gota rubra sobre a calçada cai
E um rio de sangue de um peito aberto sai

O vento que dá nas canas do canavial
E a foice duma ceifeira de Portugal

E o som da bigorna como um clarim do céu
Vão dizendo em toda a parte o Pintor morreu

Teu sangue, Pintor, reclama outra morte igual
Só olho por olho e dente por dente vale

À lei assassina, à morte que te matou
Teu corpo pertence à terra que te abraçou

Aqui te afirmamos dente por dente assim
Que um dia rirá melhor quem rirá por fim

Na curva da estrada há covas feitas no chão
E em todas florirão rosas de uma nação.

9 comentários:

Maria disse...

Nunca é demais lembrar o que "eles" fizeram.
Para que nunca se esqueça.
Para que nunca mais aconteça...
É um post emocionante, Sal. Sei o que senti neste dia, no Coliseu...
Obrigada.

Beijos

samuel disse...

O jeito que lhes dava se todos nos esquecêssemos.

Boa escolha, Sal!

Anónimo disse...

coneci o Zeca, quando ele fez e gravou esta lindíssima canção. fiz até parte do disco. ainda hoje me arrepio ao ouvi-la!!!
que a nossa memória não seja curta!
obrigada, Sal!!!!!!!!!!
beijocassssssss
vovó Maria.

Lúcia disse...

Temos que lembrar. Sempre. A justiça não vingou estas vítimas. O Estado até pagou pensões vitalícias a alguns inspectores. Imperdoável.
Tocante, a tua lembrança, Sal.

Anónimo disse...

A perseguição continua. Salazar roubou a juventude que fez a guerra colonial, sócrates está a roubar-lhes a velhice.

Anónimo disse...

Quero dizer Salazar roubou a jubentude a quem fez a guerra colonial, Sócrates está a roubar-lhes a velhice.

Justine disse...

Esta canção do Zeca tem um significado muito especial aqui em casa, e é sempre muito comovente ouvi-la. O Anónimo ou eu ta contará, um dia.
Obrigada pelo post.

Pedro Branco disse...

É das que gosto mais de cantar. Sempre forte.

Beijo

Sal disse...

Justine:

Eu sei. Não conheço pormenores mas sei o que se passou.

bjs