sábado, 16 de fevereiro de 2008

Ainda o Ensino Artístico... (5)

...Desculpem lá, mas é a minha área. E como tal, não posso aceitar que depois de anos e anos de abandono por sucessivos governos Ps, Psd e Cds-pp, durante os quais os professores e alunos dos conservatórios tiveram de aprender a sobreviver (e mesmo assim foram formados grandes profissionais), o actual Governo sócretino queira fazer "tábua-rasa" de tudo o que existe em nome de uma "reforma" que só naquelas cabeças funciona. Que atrevimento vir dizer que querem "democratizar" o acesso a este tipo de ensino. Que lata. Este Governo tem, porventura, demonstrado sinais de democratização, de justiça e de sensatez na área da saúde? E quando fecharam escolas primárias um pouco por todo o país, estavam a democratizar o ensino? A torná-lo mais próximo das crianças, a permitir-lhes uma melhor qualidade de vida? Também nesta área a ideia é entregar tudo aos privados. Demitir o Estado das suas funções, esvaziá-lo da responsabilidade que este tem no fomento da Cultura e da criação artística no país. A ministra da Educação mentiu ao afirmar, em entrevista dada hoje à Sic Notícias, que "lá fora este é o modelo que melhor funciona", referindo-se ao regime de frequência integrado nas escolas de ensino especializado de música. Pois eu insisto: mentiu. Em França não é assim, em Espanha não é assim. Em Itália não é assim. E em Portugal o único conservatório onde o regime integrado funciona com um sucesso relativo é em Braga. Porém, nunca foi feito o balanço do número de profissionais formados em regime integrado comparativamente aos profissionais formados em regime supletivo ou articulado. Em termos porcentuais, claro.
A ministra tem um objectivo claro: reduzir drasticamente o número de alunos nos conservatórios públicos, através do corte das Iniciações e da obrigatoriedade do regime integrado. Entretanto, em alguns conservatórios particulares já se fala no corte de financiamento ao regime articulado. Pelo que, só podemos concluir que o suposto investimento de 15 milhões de euros será distribuido por uma de duas coisas, ou por ambas: pagar as despesas relativas à construção de dois novos edifícios, que serão construídos para albergar os conservatórios do Porto e de Coimbra, e para distribuir pelos privados que vierem a adoptar o regime integrado (o que constituirá um número residual, sendo poucas as hipóteses de se conseguir realizar tal façanha em certas áreas geográficas).
Reformar o ensino artístico era, na minha óptica, ampliar a rede de escolas públicas em todo o país. Era abrir cursos de dança e teatro em todos os conservatórios. Era colocar a música como actividade curricular no I ciclo - e não remetida para um papel perfeitamente idiota, que é o que acontece com os actuais enriquecimentos curriculares, a dar barraca por esse país fora.

Enfim...
Nota-se que estou só um bocadinho farta desta gente!

6 comentários:

Fernando Samuel disse...

Nota-se... e anota-se que não te faltam razões para isso e para muito mais...

GR disse...

A ministra da educação (letra minúscula,não merece mais), disse que todos aqueles que estão contra esta nova "democratização" estão equivocados!
Tantos milhares que pensam da mesma maneira. Porém, só ela continua a dizer que tem razão!
A teoria usada pela ministra é, "uma cabeça pensa melhor que onze milhões".
Assim vai a nossa democracia.

GR

Andreia disse...

Acho muito mal o que estão a fazer ao ensino~.

Anónimo disse...

Boa análise da situação e dos caminhos que o Governo se prepara para traçar nesta área. É preciso que os professores das 87 escolas do particular e cooperativo percebam isto mesmo: não é o facto de a reforma se dirigir, para já, ao definhamento dos conservatórios públicos que lhes garante a sobrevivência. A seguir, como a própria sinistra da educação asseveru, passaremos às restantes escolas. Ou seja, vamos garantir que o financiamento às ecolas privadas não vá para essas associações culturais que até têm uma academia ou conservatório a funcionar, mas para os grupos poderosos interessados na progressiva privatização da educação. O caminho está traçado. Temos TODOS que lutar contra ele. O resto são, como muito bem dizes, mentitras descaradas.

Anónimo disse...

A Sinistra da Educação de música só percebe o quim Barreiros e isto é o que interessa ao capital. Não me digam que ainda vamos ter que aturar o Joe Berardo como o melhor compositor do século XXI, Já começo a acreditar em bruxas

Anónimo disse...

olá camarada
Já dei resposta ao teu desafio nos comentários do meu post
Felicito-te e agradeço o comentário.
um abraço
José Manangão