Hoje vi uma parangona a passar em rodapé, num noticiário da Sic Notícias, que dizia, a propósito desta edição de "Os dias da Música", no CCB:
"Crianças dançam ao som de música clássica".
Qual é o espanto, senhores jornalistas?
As crianças dançam aquilo que ouvem. A sua sensibilidade é muito superior à dos adultos, porque ainda não passaram pela formatação social, ainda não têm preconceitos em relação a quase nada (talvez só não gostem de sopa...)
É muito mais simples fazer uma criança vibrar com a música dita clássica do que um adulto. É muito natural que ela se sinta bem a ouvir este tipo de música.
Onde é que está escrito que ela tem que gostar de música "tchi-pum-tchi-pum"?
Está demonstrado que quanto mais alguém ouvir uma determinada linguagem musical mais sente afinidades com ela, mais gosta, ao mesmo tempo que potencia a incapacidade de gostar de outro tipo de músicas. Por isso, quanto mais cedo for feito o contacto com a música clássica, de forma sistemática, mais entusiasmo a criança vai sentir quando a escutar.
Defendo este ponto de vista, sem cair no exagero de dizer que é apenas o meio ambiente o grande responsável pela formação do indivíduo. Defendo que os comportamentos resultam da influência de várias factores: do meio ambiente, sim, mas também das qualidades intrínsecas do indivíduo (o legado "biológico"), e dos seus próprios comportamentos, que são geradores e modificadores de outros comportamentos futuros.
Por isso, quanto mais música clássica seja dada a ouvir a crianças ou a adultos, mais possibilidades há destes alargarem os seus horizontes musicais, e de passarem a gostar de outras músicas que não aquelas que a indústria discográfica lhes enfia pelos ouvidos dentro. E como um comportamento influencia outro comportamento, se uma criança ouvir e gostar, vai tomar a iniciativa de, numa próxima oportunidade, pedir aquele tipo de música.
Conversas de música e da psicologia da música, só porque um jornalista qualquer não sabia que as crianças dançam ao som da música clássica.
Próxima parangona: "Jornalistas da Sic aprendem a ler"...
(Estava a brincar...)
7 comentários:
Concordo inteiramente com a tua opinião. E o que é que o nosso "culto, interessado,inteligente" governo faz, relativamente ao ensino da música??? Que raiva!
Ola, ola!!!
Gostei bastante do q esta escrito. Está simples e directo , pode mesmo ser integrado em outras situaçoes.... A Criança é sim, esse ser maravilhoso, sem preconceitos nem tabus, com uma capacidade muiiito superior ao adulto no termo adaptar!!
ehehe
(apenas uma curiosidade)
conheces a sonerie de telefone q so os jovens é q ouvem?! :-)
o ouvido adulto nao capta...
jinho sal
Mas essa gente que está instalada nas televisões e não só percebe alguma coisa do que quer que seja?!... percebem apenas de graxa. Parece que foi na SIC que há alguns tempos vi uma legenda onde estava escrito "politica agricula". Haja Deus!...
Ora aqui está dito. E muito bem dito está. Reflexões que fazem reflectir. É o que é preciso. Também. E muito!
Obrigado, Sal.
Tem toda a razão, só não percebo o seu espanto!
Em Portugal, sobre juizes e jornalistas, estamos conversados.
Reparou que as televisões e muitos dos jornais, por ignorancia, pouco dão dos concertos e raramente aparece uma critica? Preferem falar do ambiente nos corredores, das criancinhas, dos afinadores de piano...
Tenho uma neta de 5 anos que começou a frequentar as aulas de violoncelo Suzuki da Orquestra Metropolitana. Menos de um ano depois, sempre me espanto ao ouvi-la já tocar. E com que afinação! E isto pega-se!!! O irmão, com 2 anos, já canta as notas pelo nome quando ela está a estudar e diz que vai tocar violino!
não estava nada a brincar! muitos dos nossos (ditos)jornalistas, precisam mesmo de ir (novamente) aprender a ler .
belo post!
beijocassssss
vovó Maria
A vovó Maria tem razão: não é a brincar, Sal, não te desculpes. A maior parte dos que escrevem e lêm informação nos grandes mass media já passaram por um cuidadoso crivo de formatação acrítica, semi-analfabeta e, até, sado-masoquista.
Debitam chavões, disparates, mentiras e imbecilidade, como quem coça o sobrolho. E ainda se ofendem e reagem com agressividade quando alguém ousa pôr em causa a veracidade, a qualidade ou a honestidade daquilo que dizem.
Agora, nada disto tem a ver com a honestidade da profissão de jornaista em si mesma nem de muitos destes profissionais.
Mas por razões óbvias, a maior parte daqueles que nos são servidos pertence ao grupo dos que mereciam uma parangona dessas.
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